A Conversão de Saulo

Estudo 11/2021

Por, Thaisa Fernandes

Texto Para Leitura: Atos 9:1-19

No estudo de hoje abordaremos a conversão mais importante da história do cristianismo: Saulo, um conhecido perseguidor de Cristo e de sua Igreja, teve um encontro com Jesus, a caminho de Damasco, e se transformou em Paulo, o perseguido por anunciar as Boas Novas do Filho de Deus.

Quem era Saulo?

Em sua carta enviada aos filipenses (3:5), Saulo nos esclarece que era hebreu de hebreus, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamin; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível, portanto, circuncidado ao oitavo dia.

Nascido na cidade de Tarso, capital da Cilícia, era cidadão romano, criado aos pés de Gamaliel, em Jerusalém, reconhecido mestre e doutor da lei, integrante do Sinédrio, onde recebeu a mais refinada educação cultural e religiosa.

Assim como seu discipulador, Saulo integrava a seita mais radical do judaísmo: a dos fariseus. Por isso, tornou-se ferrenho perseguidor da Igreja.

Apesar de tanta sabedoria e justiça própria, Saulo estava morto em meio a seus delitos e pecados, precisando de um encontro com Jesus para que pudesse viver.

Esse encontro se deu a caminho de Damasco, para onde Saulo rumava, respirando ameaças e mortes contra os discípulos, com cartas para prender e deportar (para Jerusalém) os cristãos que lá viviam. 

Saulo, o Perseguidor

A Bíblia nos ensina que mesmo com todos os sinais e maravilhas operados por Jesus, os judeus não O reconheceram como Messias, o enviado de Deus para salvá-los. O Apóstolo João afirma que Ele veio para os seus, mas esses não O receberam. (João 1:11).

Com o coração cheio de ódio e inveja, os religiosos da época, dentre eles o sumo-sacerdote, os sacerdotes, alguns dos membros do Sinédrio, bem como os fariseus, decidiram matar Jesus. E assim o fizeram, conforme estudamos no Evangelho de João.

Ocorre que, como estava escrito, o Filho de Deus ressuscitou e outorgou poder a seus discípulos para fazerem sinais e prodígios maiores do que os Dele, em seu nome.

Com isso, mesmo depois de “morto”, Jesus continuava curando os enfermos, libertado os cativos e salvando os perdidos.

Isso fez, ao contrário do que os judeus imaginavam, com que a Igreja de Cristo crescesse e começasse a se expandir.

Desesperados, aqueles religiosos passaram a perseguir os cristãos, a fim de fazê-los negar sua fé, sob pena de serem presos e até mesmo mortos por causa de Jesus.

Mais uma vez, o tiro dos fariseus “saiu pela culatra”. Isto é, quanto mais eles perseguiam os cristãos, mais eles se espalhavam pelas regiões pregando o Evangelho do Filho de Deus.

Saulo era um desses perseguidores da Igreja, talvez o mais enfurecido deles. O versículo 1 relata que ele respirando ameaças e mortes contra os discípulos de Jesus, não se contentou em persegui-los em Jerusalém, mas pediu carta ao sumo sacerdote para caçá-los, como se fossem animais, em Damasco, a fim de deportá-los (a Jerusalém) lançando-os nas prisões.

Seu objetivo era exterminar o cristianismo e os cristãos, porque não era capaz de acreditar que um nazareno, pobre e humilde, crucificado como um criminoso era o Cristo enviado por Deus para salvar a humanidade. Para ele, tudo isso era uma verdadeira blasfêmia contra o Senhor.

Por isso, iniciou essa verdadeira cassada aos seguidores do Caminho, para destruí-los.

No capítulo 26:11 de Atos, Saulo dá esse testemunho perante o rei Agripa: “muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os a blasfemar. E demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por cidades estranhas os perseguia”.

“E, havendo recebido autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e quando os matava, eu dava o meu voto contra eles”. (Atos 26:9-10).

“E persegui este caminho até à morte, prendendo, e pondo em prisões, tanto homens como mulheres (…) fui a Damasco para trazer maniatados para Jerusalém aqueles que ali estivessem, a fim de que fossem castigados”. (Atos 22:4-5).

“Eu lançava na prisão e açoitava nas sinagogas os que criam em ti. E quando o sangue de Estêvão, tua testemunha, se derramava, também eu estava presente, e consentia na sua morte, e guardava as capas dos que o matavam”. (Atos 22:19).

Quanto sofrimento aqueles irmãos experimentaram, mas eles estavam convictos de sua fé e dispostos a sofrerem as consequências necessárias, inclusive enfrentar prisões e até a morte, por amor a Jesus e ao Evangelho.

Nós vivemos em um país laico, em que podemos professar a nossa fé com liberdade; porém, ao contrário dos cristãos da Igreja Primitiva, nós não estamos dispostos a sofrer as consequências de viver e de anunciar as Boas Novas de Cristo, mesmo que isso não implique a nossa prisão ou morte.

Não estamos dispostos a pagar o preço de viver a vida que Jesus entregou por cada um de nós: em crucificação da nossa carne e santificação das nossas vidas.

Não estamos dispostos a abandonar os nossos pecados de estimação e nem o padrão de vida mundano, o qual adotamos.

Não estamos dispostos a servir no Reino de Deus com compromisso, ainda que sacrificialmente. E temos entregado para o Senhor daquilo que nos sobra.

Se Saulo vivesse nos nossos dias, será que ele se enfureceria tanto com a Igreja e Cristo?

Somos uma geração de “cristãos nutelas” amoldados aos padrões desse mundo sem um compromisso verdadeiro com Aquele que entregou sua vida por nós!

O Encontro no Caminho de Damasco

Saulo rumava a Damasco, a 230 km de Jerusalém, com cartas do sumo sacerdote para lançar os seguidores do Caminho na prisão; quando, porém, ele se aproximava da cidade, uma luz do céu brilhou ao seu redor e ele caiu por terra. Era a glória de Cristo.

Na sequência, ele ouviu a voz confrontadora do Senhor que o questionou:

 “Saulo, Saulo, por que você me persegue?”

Um encontro. Um confronto. Uma revelação. Uma palavra. E o maior perseguidor da Igreja estava subjugado à sua “presa”, para se tornar o maior dos Apóstolos e um mártir cristão.

O Reverendo Hernandes Dias Lopes ensina que Saulo não se converteu, ele foi convertido. Ele não buscou ao Senhor, mas Ele o alcançou na estrada de Damasco, enquanto aquele O perseguia.

Saulo precisou ser lançado ao pó pelo próprio Jesus, ficar (fisicamente) cego para ouvir o chamado de salvação que o Filho de Deus tinha para sua vida.

Justo González afirma que a expressão “caindo em terra” era um provérbio grego clássico usado, em geral, para se referir a um esforço inútil.

Ou seja, no caminho de Damasco Jesus se revelou para Saulo, comprovando que estava vivo ao lado de Deus Pai, manifestando a ele sua glória.  E lhe demonstrou que toda sua perseguição contra os cristãos e a Igreja era, na realidade, contra Ele – o próprio Deus (“Saulo, Saulo, por que você me persegue?”), por isso inútil. Afinal, quem pode prevalecer contra o Senhor?

Lançado no pó, de onde ele veio, Saulo se esvaziou de si mesmo, de toda sua sabedoria e religiosidade e chamou Jesus de Senhor.

Aquela luz que o iluminou abriu os olhos de Saulo, tirou as escamas que o cobriam e agora, mesmo cego fisicamente, ele sabia que Jesus era o Cristo de Deus. 

Lançado no pó, ele se prostrou aos pés de Cristo como pecador que era.

Lançado no pó, ele reconheceu que precisava ser guiado pelo Senhor: “e ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que eu faça?”.

Saulo havia sido atraído pela graça irresistível de Deus e não calculou o quanto poderia sofrer por causa do Evangelho!

Você já caiu na estrada de Damasco?

No nosso caminho deve ter havido queda ao pó, quebrantamento, reconhecimento de que Cristo é o Senhor, arrependimento, esvaziamento de nós mesmos e uma entrega verdadeira para sermos guiados pelo Espírito Santo.

Na nossa estrada de Damasco temos que ter tido um encontro verdadeiro com Jesus, porque Ele é irresistível. Seu amor, sua bondade e sua graça nos leva a segui-Lo sem calcularmos as consequências, porque por Ele tudo vale a pena!

Se no seu percurso faltou algum daqueles elementos, é necessário que você volte até lá e recomece!!!

Evidências da Conversão de Saulo

É incrível como um encontro com Jesus pode transformar a vida de uma pessoa. Na realidade, é impossível permanecer o mesmo diante do Filho de Deus. Muitos personagens bíblicos nos comprovam essas alegações.

Isaías, quando viu o Senhor, reconheceu o quão pecador era e amaldiçoou a sim mesmo. Todavia, logo em seguida fora purificado e viveu em santidade para o Rei da Glória.

“Ai de mim! Pois estou perdido, porque sou homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; e os meus olhos contemplaram o Rei, o Senhor dos Exércitos. Imediatamente, um dos serafins voou até onde eu estava trazendo uma brasa viva, que havia tirado do altar com uma tenaz. Com ela tocou a minha boa e declarou-me: vê, isto tocou os teus lábios, a tua culpa será removida e o teu pecado será perdoado”. (Isaías 6:5-7).

O mesmo aconteceu com Pedro, logo após a pesca maravilhosa que Jesus o proporcionou. Ele prostrou-se aos pés de Cristo e declarou: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador”. Logo em seguida, abandou tudo para seguir o Filho de Deus.

Com Saulo não foi diferente.

Após seu encontro confrontador com Jesus, ele O reconheceu como o Senhor, permanecendo em jejum e oração por três dias, até que Ananias foi ao seu encontro para curá-lo (da cegueira física) e torná-lo cheio do Espírito Santo. (Versículo 17).

Tao logo sua visão fora restaurada, ele se batizou. A partir de então ele passou de perseguidor da Igreja a perseguido por pregar as Boas Novas que o havia alcançado. Uma mudança radical, perceptível a todos quantos conheciam sua “antiga má fama”.

“Todos que o ouviam ficavam admirados. Não é esse o homem que causou tanta destruição entre os que invocavam o nome de Jesus em Jerusalém? E não veio aqui para levá-los como prisioneiros aos principais sacerdotes? A pregação de Saulo tornou-se casa vez mais poderosa (…) depois de um certo tempo, alguns judeus conspiraram para matá-lo”.

São essas evidências que devem ser apresentadas nas nossas vidas quando nos encontramos verdadeiramente com Jesus: arrependimento genuíno e conversão dos nossos maus caminhos.

Essas mudanças são reais e visíveis a todas as pessoas, por isso João Batista protestava diante dos fariseus e saduceus que o procuravam para serem batizados: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento”.

Saulo passou três dias em oração e jejum. Logo em seguida foi cheio do Espírito Santo e batizado!

E nós, temos colocado em prática essas disciplinas espirituais? Há quanto tempo não jejuamos? Qual foi o jejum mais longo que oferecemos para o Senhor? Temos lido e examinado diariamente as Escrituras? Já fomos cheios do Espírito Santo? Fomos batizados, demonstrando à Igreja que morremos para a nossa natureza carnal e fomos vivificados pelo Espírito para vivermos em santidade para Deus?

Todas essas práticas revelam a nós e aos que estão ao nosso redor se somos verdadeiramente salvos ou não!

Reconhecer Jesus como o Senhor é muito mais do que declarar essa realidade com os nossos lábios. É nos submetermos ao seu senhorio em obediência à sua Palavra e santidade.
Saulo, o vaso escolhido

Saulo foi escolhido por Deus para anunciar o Evangelho de Cristo aos gentios desde antes de seu nascimento (Gálatas 1:15).

Para que esse propósito se cumprisse, ele teve que ser lançado ao pó, esvaziar-se de si mesmo, de toda sua religiosidade e orgulho para ser cheio do Espirito Santo.

Após sua rendição a Jesus, Saulo tornou-se o maior missionário de todos os tempos. O seu chamado era o motivo da sua existência e ele compreendeu bem isso em nada considerando sua vida como valiosa.

“Contudo, nem por um momento considero a minha vida como valioso tesouro para mim mesmo, contanto que possa completar a missão e o ministério que recebo do Senhor Jesus, para dar testemunho do Evangelho e da graça de Deus”. (Atos 20:24)

Todos nós cristãos também fomos convocados pelo Senhor para servi-Lo.

Há um chamado de Deus para cada um de nós, e ele deve motivar as nossas vidas. Com ele nós devemos gastar as nossas forças, ainda que isso custe os nossos sonhos, os nossos desejos e as nossas vidas, assim como fizeram os discípulos de Jesus.

Todos somos vasos escolhidos pelo Senhor e o podemos ser de honra ou de desonra. Que escolhamos ser vasos de honra para que, ao final, possamos declarar como o Apóstolo Paulo declarou:

“Combati o bom combate, terminei a corrida guardei a fé. Agora, me está reservada a coroa da justiça que o Senhor, o justo Juiz, me dará naquele dia”. (2 Timóteo 4:7-8).
Vamos Pensar Um Pouco
  1. Se Saulo vivesse em nosso meio, você seria digno de ser perseguido por ele?
  2. Você já esteve no caminho de Damasco?
  3. Quais as evidências de que você já passou pelo caminho de Damasco?
  4. Até que ponto você está disposto a sofrer por causa de Jesus? Há limites nesse sofrimento?
  5. Você tem praticado as disciplinas espirituais (oração, leitura da Bíblia e jejum) regularmente?

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