Estudo 07/2021
Por, Pastor Marcos Valério Fernandes
Texto Para Leitura: Atos 5:12-42
Introdução
O período da Igreja Primitiva foi marcado por muitos milagres. Podemos observar pelo texto que os apóstolos, revestidos do poder do Espírito Santo, eram grandemente usados por Deus para curar e esses sinais atraiam milhares de pessoas para a comunidade cristã.
Logo, nos primeiros anos da igreja, a cidade de Jerusalém estava sendo impactada pela mensagem do evangelho de Jesus Cristo, atraindo também pessoas das cidades vizinhas.
Dessa maneira, a igreja crescia exponencialmente, agregando uma multidão de homens e mulheres (vs. 14).
O efeito dessa maciça pregação da mensagem cristã, através dos apóstolos, despertou a oposição do órgão máximo da religião judaica: o Sinédrio.
É o início da perseguição que a igreja teria que enfrentar e que estudaremos nos próximos capítulos do livro de Atos dos Apóstolos.
Os apóstolos e toda a igreja estavam dispostos a pagar o preço, pois tinham plena convicção de que pregavam uma mensagem oriunda do próprio Deus.
MUITOS SINAIS E PRODÍGIOS
Vs. 12 – “Muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos”.
Uma característica marcante da Igreja Primitiva era os muitos milagres que aconteciam diariamente, atraindo multidões desejosas de serem curadas e libertas de seus males.
O apóstolo Pedro se destaca, nesse momento, sendo muito usado por Deus para a ocorrência de curas milagrosas.
Muitas pessoas doentes eram colocadas sobre seus leitos, pelas ruas, esperando que quando Pedro passasse por elas, pelo menos sua sombra pudesse ser projetada nalguns deles.
Entendemos pelo texto, que Deus realizava milagres de todas as maneiras, a ponto de a sombra de Pedro curar as pessoas.
De todos os lugares próximos a Jerusalém, traziam-se pessoas doentes e atormentadas, as quais eram todas curadas e libertas.
Esses inúmeros milagres que aconteciam, comprovavam que a mensagem anunciada era verídica, traziam grande admiração ao povo e consequentemente, o crescimento da Igreja.
A INVEJA DE LÍDERES DO JUDAÍSMO
Vs. 17 – “Levantando-se, porém, o sumo sacerdote e todos os que estavam com ele, isto é, a seita dos saduceus, tomaram-se de inveja”.
O sumo sacerdote era o líder máximo da religião judaica.
Os saduceus pertenciam a um segmento da religião judaica, eram compostos em sua maioria por sacerdotes e membros da elite religiosa da época. Suas crenças eram caracterizadas pelo ceticismo quanto a existência de anjos e na ressurreição de mortos.
Diante do grande movimento de pessoas que estavam crendo na fé cristã, na ocorrência de milagres e na preeminência dos apóstolos, a inveja tomou conta desses homens, que usaram da autoridade que detinham para efetuar a prisão dos apóstolos.
No evangelho de João vimos que essas mesmas autoridades religiosas haviam entregues Jesus a Pilatos motivados pelo sentimento de inveja.
Agora, esse mesmo sentimento leva-os a se levantarem em perseguição aos apóstolos.
A inveja é um péssimo sentimento, que entra na alma e sempre gera uma destruição no ser humano.
O invejoso fica angustiado e cheio de raiva em razão do sucesso de outra pessoa. Ele quer ter o que é do outro e se não pode conseguir, busca de todas as maneiras destruir a outra pessoa.
A inveja está relacionada como obra da carne (Gálatas 5.19,21).
Muito mais do que pensamos, o problema da inveja está em toda a parte e atinge muitas pessoas.
Precisamos esquadrinhar o nosso coração e caso nele encontre algum resíduo de inveja, pedir perdão a Deus, para retirar toda e qualquer possibilidade de manter dentro de nós esse sentimento tão terrível e pecaminoso, que Satanás lança para destruir a vida das pessoas.
A PRISÃO DOS APÓSTOLOS
Vs. 18 – “…prenderam os apóstolos e os recolheram à prisão pública”.
Era a segunda vez que apóstolos estavam sendo presos.
Na primeira vez (Atos 4.3), Pedro e João foram presos logo após a cura do coxo de nascença, em frente a porta do Templo, sendo no dia seguinte levados ao Sinédrio e soltos em seguida.
Agora, todos os apóstolos são lançados na prisão pública, onde ficaram sob segurança máxima, com sentinelas junto às portas para que não fugissem.
Entretanto, Deus intervém, enviando um anjo que abriu as portas do cárcere e os levou para fora, sem que ninguém percebesse. As sentinelas continuaram guardando o local até o dia seguinte, sem notarem o que havia ocorrido.
Qualquer um teria fugido de Jerusalém numa circunstância como essa, pois os apóstolos corriam risco de serem mortos, mas ao invés de fugir, logo ao romper da manhã, eles foram ao Templo e continuaram pregando a Palavra de Deus.
Deus tinha propósito para a vida dos apóstolos, em que ensinassem ao povo a fé cristã. Nesse mister eles foram encontrados junto do Templo ensinando o povo (vs. 25).
A mensagem é clara: ninguém poderia impedir o mover de Deus. As prisões foram abertas e os apóstolos ficaram livres, porque Deus assim o quis.
Vemos nesse episódio a soberania de Deus. Chegaria o tempo em que os apóstolos glorificariam a Deus com o martírio e o sofrimento, mas enquanto Deus não o permitisse, ninguém poderia neles tocar.
PREGANDO A PALAVRA DENTRO DO SINÉDRIO
Vs. 29 – “Então, Pedro e os demais apóstolos afirmaram: Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens”.
Os apóstolos foram levados ao Sinédrio e interrogados pelo sumo sacerdote.
Na primeira prisão dos apóstolos Pedro e João, havia sido determinado pelo Sinédrio que não mais falassem do nome de Jesus (Atos 4.18).
Entretanto, os apóstolos continuaram abertamente pregando a fé cristã, falando da ressurreição de Jesus e realizando muitos milagres perante o povo.
O sumo sacerdote acusou-os de desobediência, pois haviam enchido Jerusalém da doutrina que pregavam; e de incitação do povo contra o Sinédrio, pois estariam lançando a culpa da morte de Jesus contra aquele órgão.
A resposta de Pedro e dos demais apóstolos foi no sentido que a obediência a Deus está acima da obediência aos homens (vs. 29).
Uma linda declaração de fé também foi anunciada perante aos autoridades judaicas, testemunhando os apóstolos quanto a ressurreição de Jesus, Sua exaltação por Deus e Sua condição de Salvador da nação de Israel (vs. 30-32).
Muitas vezes perguntamos, porque Deus permitiu isso ou aquilo, não é mesmo? Podemos perceber, que a prisão dos apóstolos e o julgamento junto ao Sinédrio foi a maneira que Deus usou para que o evangelho de Jesus fosse testemunhado formalmente perante as maiores autoridades de Israel. Aquelas autoridades tiveram a oportunidade de ouvir e foram cientificadas do que Deus estava realizando em seus dias. Não poderiam mais alegar desconhecimento da visitação de Deus e do Messias. Havia manifestação sobrenatural de milagres e pregação da Palavra.
Deus poderia ter deixado os apóstolos na prisão até o dia seguinte, mas durante a noite o anjo os libertou e esse milagre aconteceu como uma maneira de Deus falar com os membros do Sinédrio, demonstrando que aquela obra provinha das mãos do próprio Deus.
O PARECER DE GAMALIEL
Vs. 38-39 – “Agora, vos digo: dai de mão a estes homens, deixai-os; porque, se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas, se é de Deus, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados lutando contra Deus. E concordaram com ele.”
Gamaliel era uma das grandes figuras desse período de Israel. Era rabino (mestre do judaísmo). Saulo de Tarso estudou aos pés de Gamaliel. Membro muito respeitado dentro do Sinédrio, teve uma palavra muito sábia nesse julgamento.
Os membros do Sinédrio estavam enfurecidos e queriam matar os apóstolos, pois pensavam que seria a maneira de silenciá-los e por fim ao movimento que lideravam.
Entretanto, Gamaliel percebeu que havia algo sobrenatural acontecendo e que eles não poderiam barrar.
O parecer de Gamaliel leva em conta que dois outros movimentos messiânicos tinham se levantado alguns anos antes e que tinham se desfeito com a morte de seu líder, citando a Teudas e Judas, o galileu.
Os movimentos liderados por Teudas e Judas se dissolveram, porque eram de caráter humanos.
Se a fé cristã fosse meramente um ato humano, com a morte de Jesus também iria aos poucos acabando, mas, conforme concluiu Gamaliel, se for algo de Deus, não poderá ser destruído.
A despeito de tantas perseguições judaicas no seu início; romanas, durante alguns séculos; e em todo o mundo, as mais variadas no decorrer da história, o cristianismo sobreviveu e se fortaleceu, comprovando que sua origem vem de Deus.
Quem luta contra a fé cristã, luta contra Deus!
REGOZIJO NO SOFRIMENTO POR CRISTO
Vs. 41 – “E eles se retiraram do Sinédrio regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome”.
A prisão dos apóstolos e o julgamento perante o Sinédrio resultaram em que eles foram açoitados e proibidos de falarem do nome de Jesus.
Era o prenuncio de inúmeras perseguições, com prisões, açoites e mortes que os discípulos de Cristo estariam suportando por amor a Ele.
– Essas perseguições foram intensas durante alguns períodos da história, amenas em outras épocas, mas sempre existiram e continuarão a existir enquanto a Igreja estiver na terra.
Jesus mesmo disse: no mundo passais por aflições… (João 16.33).
Ao contrário do que era esperado, os açoites não desestimularam os apóstolos, mas geraram um sentimento de alegria em poder sofrer pela causa de Cristo.
Os apóstolos entenderam que Cristo estava sendo glorificado através de suas vidas, pois se havia levantado oposição é porque a mensagem pregada gerava resultados positivos na vida das pessoas. Jesus havia sofrido por amor a eles e agora, podiam sofrer por amor a Cristo.
NÃO CESSAVAM DE PREGAR JESUS, O CRISTO
Vs. 42 – “E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo”.
Os apóstolos foram diligentes e perseverantes em ensinar e pregar a mensagem de que Jesus é o Cristo (Messias).
Muito embora tivessem sido proibidos de falarem no nome de Jesus, não se constrangeram com as ameaças, foram obedientes a Deus e arriscaram suas vidas na proclamação da fé cristã.
Falavam de casa em casa, isto é, faziam abordagens individuais ou familiares.
Ensinavam no Templo e nessas oportunidades falavam ao povo reunido em grande número e vindo de todas as partes.
Te todas as maneiras, o ensino sobre a pessoa de Jesus, sua divindade, sua ressurreição, sua messianidade, seu poder, continuou a ser ministrado, resultando em salvação de grande número de pessoas.
CONCLUSÃO
Nada deteve os apóstolos na missão de ensinar e pregar a mensagem da fé cristã, de que Jesus é o Cristo, o Senhor e Salvador.
Este exemplo de fé e destemor, necessariamente, precisa estar presente em nossas vidas.
VAMOS PENSAR UM POUCO
- – É possível se alegrar diante do sofrimento pela obra de Cristo?
- – Estamos preparados para sofrer por amor a Jesus e sua igreja? Qual seria nossa reação se fossemos presos por ser cristãos?
- – O que falta a igreja atual para ter uma maior motivação de pregar o evangelho?