Estudo 23/2022
Por, Thaisa Sanches Fernandes
Texto Para Leitura: Evangelho de Marcos 3:21-22
Introdução
As parábolas usadas estão, igualmente, descritas no Evangelho de Mateus 9:14-17 e Lucas 5:33-39.
De acordo com as Escrituras, tanto os discípulos de João Batista, quanto os fariseus estavam jejuando; os de Jesus, porém, não estavam. Por essa razão, alguns deles ficaram escandalizados e decidiram Lhe questionar:
“Porque os discípulos de João e os dos fariseus jejuam, mas os teus não?”
A fim de responder essa indagação, Jesus proferiu três parábolas.
A primeira delas se referia ao casamento: “como jejuarão os convidados enquanto o noivo está na festa?”, e nós a estudamos semana passada.
A segunda e a terceira estudaremos hoje. Elas consistem no remendo de pano novo em roupa velha e no vinho novo colocado em odre velho.
Jesus aproveitou a dúvida que aquelas pessoas tinham acerca de um (jejum), dos muitos rituais religiosos da época, para lhes explicar a novidade de vida que Ele pregava, isso porque o judaísmo havia transformado todas aquelas práticas num fardo muito pesado a todos se desviando, com isso, dos seus propósitos.
Remendo de Pano Novo em Roupa Velha
Naquele tempo, as roupas não eram “descartáveis” como hoje, elas eram usadas por muitos anos até se deteriorarem integralmente. Além disso, a aquisição de novas vestimentas era por necessidade, e não rotineira na vida das pessoas.
Sendo assim, quando uma peça rasgava/descosturava, ela não era jogada fora, mas restaurada e, muitas vezes, isso era feito com remendos. Pegava-se um pedaço de pano velho e o costurava sob o defeito das vestes velhas.
De fato, não fazia sentido costurar um retalho novo em uma roupa velha, porque ambas as peças seriam estragadas.
A nova vestimenta perderia uma parte do seu tecido; e a velha, ao ser lavada, se rasgaria ainda mais; pois, ao ser molhado, o retalho novo encolhe um pouco e o tecido antigo, por ter perdido sua elasticidade, já não encolhe mais. Com isso, a costura se desfaz, deixando, assim, uma fissura ainda maior.
Na parábola, a roupa velha representa o judaísmo, o legalismo. A roupa nova, os ensinamentos de Cristo, que nos propõe andar em novidade de vida (2 Co 5:17).
O cristianismo não é uma reforma do judaísmo. A graça não é uma reforma da lei.
Pelo contrário, o Evangelho é algo completamente novo, que veio para nos libertar das práticas antigas e nos transformar de dentro pra fora.
Segundo o Reverendo Hernandes Dias Lopes, o Evangelho é a palavra de vida; o judaísmo, com seus preceitos legalistas, era letra morta. O Evangelho liberta; o legalismo aprisiona; o Evangelho salva; o legalismo nos condena.
Realmente, a lei nos foi dada para revelar o nosso pecado e a nossa incapacidade de praticá-la. Todavia, ela sempre nos apontou para o Messias, o qual se encarnou para cumpri-la (“o fim da lei é Cristo”) e, fazendo isso, nos ensinou uma nova maneira de vivermos, a partir de um renascimento.
Certa vez, enquanto conversava com Nicodemos, Jesus lhe afirmou: “Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo”. (João 3:3).
Indignado, o fariseu perguntou ao Mestre: “Como alguém pode nascer sendo velho? É claro que não pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe e renascer.” Respondeu-lhe Jesus: Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer da água e do Espírito. O que nasce da carne, é carne; mas o que nasce do Espírito é espírito. Não se surpreendam pelo fato de eu ter dito: é necessário que vocês nasçam de novo”. (João 3:3-7).
O judaísmo pregava a salvação através do cumprimento da lei, ou seja, pelos próprios méritos; por isso eram religiosos: oravam em público e em alta voz; tornavam seus semblantes entristecidos, quando jejuavam, davam altas ofertas no templo à vista de todos, dentre outras coisas. Contudo, ninguém entra no céu a partir da própria justiça, mas por intermédio do sacrifício de Cristo.
Jesus, por sua vez, nos ensina que se não nascermos de novo não entraremos no Reino de Deus. Ao contrário do que imaginou Nicodemos, se fosse possível, poderíamos renascer mil vezes do ventre das nossas mães e, ainda assim, não veríamos a Deus, porque todo aquele que nasce da carne, continua sendo carne.
Para entrarmos no céu precisamos nascer da água e do Espírito.
A água representa purificação. Para entrarmos no Reino de Deus devemos viver separados do pecado; precisamos mortificar a nossa carne, abandonar o mundo e os prazeres que ele nos oferece; devemos nos santificar. A Bíblia é clara em nos revelar que sem santidade ninguém verá o Senhor.
A lei e o judaísmo não são capazes de promover essa purificação no nosso interior. Pelo contrário, o papel dela era justamente apontar a nossa iniquidade.
Apenas o Espírito Santo tem poder para penetrar os nossos corações, separar alma e espírito, juntas e medulas, nos convencendo do pecado, do juízo e da justiça.
Quando abrimos os nossos corações para sua obra, Ele nos leva à cruz para nos mortificarmos, por meio do arrependimento genuíno, da confissão e do abandono dos nossos pecados. Então, renascemos e já não vivemos mais pela carne, mas pelo Espírito.
“Portanto, vos afirmo: Vivei pelo Espírito, e de forma alguma satisfareis as vontades da carne”. (Gálatas 5:16).
Não adianta remendarmos uma nova cultura espiritual de vida em uma natureza não santificada, o resultado final não nos será favorável. Precisamos nos submeter à cruz, a Cristo em arrependimento e abandono dos nossos pecados, assim seremos revestidos de linho fino, puro e totalmente novo.
Vinho Novo Colocado Em Odre Velho
Assim que terminado, o suco de uva era armazenado em odres de couro – um recipiente feito de pele de animal.
Quando novos, os odres possuíam elasticidade, por isso eram utilizados para acondicionarem os sucos de uva/vinho novo, já que eles passavam por um processo de fermentação e, o couro novo, elástico era capaz de ceder à pressão dos gases liberados naquele processo expandindo seu tamanho.
Os odres velhos, por terem perdido sua elasticidade, deveriam armazenar o vinho velho, que não fermenta mais. Do contrário, ambos se perderiam, pois, ao fermentar, os gases liberados pelo vinho novo romperiam o couro rígido do odre velho e derramaria todo vinho novo colocado. Nesse caso, perderia tanto o vinho novo como os odres velhos.
Como no remendo de pano novo em roupa velha, essa parábola nos ensina que uma estrutura, velha não pode conter as novidades dos ensinamentos pregados por Jesus. Era necessário um renascimento, uma transformação de mente, um abandono das práticas antigas para um mandamento novo anunciado por Cristo.
Como na época que Jesus ensinou era difícil construir novos odres, havia um processo que era utilizado para a restauração dos odres velho e rígidos.
Esse processo consistia em mergulhar, o odre já utilizado e que se tornara rígido, na água em um tanque. Depois de alguns dias mergulhado na água, o odre ficava bem hidratado e voltava a ter elasticidade em seu couro.
Feito isso, era então necessário banhar o odre em azeite, de tal maneira que o couro ficasse bem macio, umedecido e protegido para não voltar a se ressecar logo em seguida.
Depois desse processo concluído, o odre estava restaurado e pronto para novamente receber o vinho novo.
Isso nos ensina que temos a necessidade de sempre nos mantermos restaurados e prontos para diariamente receber a novidade de vida que o evangelho de Jesus nos traz.
O processo de mergulhar o odre na água de um tanque, tem para nós o significado de sermos mergulhados na Palavra de Deus, assim como a água, que nos limpa e nos purifica, através de sua leitura e meditação. A busca por ouvir Deus, através de sua Palavra deve ser uma prática diária e constante, que nos mantem prontos para receber as revelações de Deus, ouvindo a voz do Espírito Santo em nossos corações.
De igual maneira, o processo de banhar o odre em azeite significa que necessitamos ser ungidos e nos mantermos cheios do Espírito Santo para que não venhamos a regredir em nossa vida espiritual, nos tornando enrijecidos pela dureza de coração, por tradições religiosas e pelo pecado. A presença e o agir do Espírito Santo em nossas vidas nos mantem receptivos e preparados para viver com inteireza a maravilhosa graça de Deus.
Diante disso, podemos aprender que a única maneira de nos mantermos sempre preparados para receber o vinho novo que Deus tem para nossas vidas, está numa busca constante da presença de Deus, através das práticas cristãs da leitura da Palavra de Deus, da oração, do jejum, colocando assim a vida no altar de Deus e se enchendo do Espírito Santo.
Nem sempre temos facilidade em transacionarmos para o novo, porque isso significa que teremos que romper com o antigo, o que é um desafio para a maioria de nós.
No entanto, Jesus nos desafia a sairmos da nossa zona de conforto pessoal para vivermos em novidade diariamente!
VAMOS PENSAR UM POUCO
- Você nasceu de novo ou tem tentado remendar pano novo em roupa velha e armazenar vinho novo em odres velhos?
- Como o batismo se relaciona com o novo nascimento?
- No contexto da parábola de Jesus, o que significa o vinho novo?
- Se os odres estão sempre envelhecendo, o que fazer?