O Concílio de Jerusalém

Estudo 05/2022

Por, Thaisa Sanches Fernandes

Texto Para Leitura: Atos 15:1-35
Introdução

Após pregarem o Evangelho da Salvação em diversos locais e, especialmente, aos gentios, conforme estudos anteriores, Barnabé e Paulo regressaram à Antioquia da Síria, de onde haviam partido, e reunindo a Igreja, contaram tudo quanto Deus havia feito por meio deles.

Cientes desses novos convertidos, alguns judeus foram de Jerusalém à Antioquia, sem autorização dos Apóstolos, perverter as Boas Novas que lhes haviam sido anunciadas afirmando que “a menos que aqueles novos irmãos fossem circuncidados, conforme exigido pela lei de Moisés, não poderiam ser salvos”.

Esses judeus eram, na verdade, fariseus que pregavam heresias no meio da Igreja, objetivando acrescentar obras (cumprimento da lei) na redenção de Cristo, totalmente fundamentada na graça de Deus.

Precisamos perceber que esses falsos profetas não questionavam a morte e a ressurreição de Jesus, mas acrescentavam o mérito humano na salvação, que é totalmente alicerçada na graça.

É de extrema importância notarmos isso, porque, normalmente, as heresias não confrontam diretamente a nossa fé, porém acrescentam ou suprimem detalhes fundamentais, que, de fato, deturpam o Evangelho de Cristo.

A Heresia

Heresias são ensinos contrários aos da Bíblia, que é a Palavra de Deus.

A imposição da circuncisão àqueles gentios novos convertidos era uma heresia, uma doutrina contrária ao Evangelho de Cristo.

Com outras palavras, os fariseus estavam declarando aos gentios que cabia a cada um deles “encerrar a obra de Jesus” na cruz cumprindo a lei de Moisés, se circuncidando. Ou seja, a morte do Filho de Deus não havia sido suficiente para salvá-los. Eles estavam afirmando que, antes de serem cristãos, os gentios precisavam se tornar judeus.

Essas afirmações colocavam as Boas Novas em jogo. O Evangelho e a obra de Jesus estavam sendo questionados.

Para John Stott, não eram algumas práticas culturais judaicas que estavam em jogo, mas a verdade do Evangelho e o futuro da Igreja.    

Analisando o livro de Atos, notamos que a mensagem pregada nos cultos da Igreja Primitiva era totalmente cristocêntrica: o homem é um pecador perdido, caminhando para o inferno, a menos que tenha um encontro verdadeiro com Jesus, o único capaz de fazê-lo viver (eternamente).

Não muitos anos depois e até os dias atuais, percebemos a corrupção do Evangelho de Cristo: Jesus foi esquecido e o homem se tornou o centro.

As mensagens ao invés de confrontá-lo, buscam deixar os homens confortáveis com seus pecados, aprovando suas práticas pecaminosas, fundamentando-as em uma “graça barata”, fazendo-os se esquecerem da cruz, a qual devemos carregar todos os dias.

O Evangelho da Verdade tem sido esquecido, em grande parte das Igrejas Modernas, e heresias tem sido pregadas no nome do Senhor. 

Como cristãos precisamos, a exemplo de Barnabé e Paulo, combatermos energicamente esses ensinos, a fim de que a Verdade seja anunciada até os confins da terra. 

Requisitos para Salvação

Nós, os cristãos, cremos que Jesus é o próprio Deus que se encarnou para morrer em substituição do homem pecador, incapaz de redimir a si mesmo.

Para tanto, Ele se fez homem e, a nossa semelhança, foi em tudo tentado, porém nunca pecou. Por isso, as Escrituras nos revelam que temos um sumo sacerdote que pode se compadecer das nossas fraquezas.

Ele era plenamente homem e plenamente Deus, ao mesmo tempo, de modo que uma natureza nunca excluiu a outra. E, ainda assim, Jesus sempre viveu obediente ao Pai, cumprindo o propósito da sua encarnação.

Jesus foi crucificado, morto e sepultado, mas, ao terceiro dia, Ele ressuscitou e, hoje, está vivo reinando a direita de Deus e, em breve, Ele voltará para julgar as nações e estabelecer o seu Reino Eterno.

De acordo com as Escrituras, é exclusivamente por meio Dele que o pecador pode alcançar a remissão dos seus pecados e herdar a vida eterna.

Isto é, aqueles que creem, com o coração, na obra de Jesus no Calvário e  O confessam, com a boca, como o Senhor das suas vidas, passam da morte (estado de condenação) para vida (eterna).

Nisso consiste o Evangelho de Cristo.

Qualquer coisa que atente contra esse ensino é contrária à Palavra de Deus e, portanto, heresia.

Toda doutrina que nega a humanidade de Jesus, é heresia.

Todo ensino que nega a divindade de Jesus, é heresia.

Toda “religião” que agrega obras, méritos humanos e/ou guarda da lei à salvação, como estavam fazendo aqueles fariseus supramencionados com a circuncisão, é, na verdade, uma seita.

A morte de Jesus foi necessária e suficiente para nos garantir a vida eterna. Dessa forma, quem quiser alcançá-la precisa tão-somente crer que Jesus é o Filho de Deus, que morreu e ressuscitou, a fim de dar vida aos perdidos.

Sendo assim, os ÚNICOS REQUSITOS para se herdar a vida eterna é CRER em Jesus como o Cristo e confessá-Lo como o Senhor das nossas vidas.

O batismo, o dízimo, as ofertas, as boas obras, o ministério, o jejum, tudo isso são práticas importantes na vida cristã, porém desassociadas da salvação que nos é garantida exclusivamente por intermédio do Filho de Deus.

Concílio de Jerusalém

Diante do impasse levantado pelos fariseus, a igreja da Antioquia decidiu enviar Paulo e Barnabé, acompanhados de alguns irmãos locais, à Jerusalém para tratarem da questão com os Apóstolos e presbíteros.

Lá, o Concílio é instalado.

Concílio nada mais é do que uma reunião de autoridades eclesiásticas com o objetivo de discutir e deliberar sobre questões pastorais, de doutrina, fé e costumes.

John Stott afirma que a convocação dele é extremamente valiosa para esclarecer as doutrinas, acabar com as controvérsias e promover a paz.

Seu objetivo era manter a unidade e unanimidade na Igreja, sem deturpar o Evangelho de Jesus.

Ao longo da história da Igreja inúmeros Concílios foram realizados.

Discurso de Pedro

Pedro era o principal líder da Igreja naquela época, por isso seu posicionamento era muito importante.

Ele era judeu, exímio cumpridor da lei de Moisés, até a conversão de Cornélio, quando entendeu que o Senhor havia estendido aos gentios a oportunidade da salvação, por intermédio de Jesus.

Naquela ocasião, em uma visão, Deus mandou o Apóstolo matar e comer a carne de todo tipo de animais, os quais lhe haviam sido ofertados. Como judeu, Pedro se negou, afirmando que não se contaminaria com aqueles alimentos.

O líder da Igreja foi, então, repreendido pelo Senhor: não chame de impuro, o que Deus purificou. Estava aberta a porta da salvação aos gentios, os quais creram e, semelhantemente aos judeus, receberam o Espírito Santo.

A eternidade não era apenas para os judeus, o povo escolhido de Deus, mas para todo o mundo.  Cornélio e sua família representaram essa extensão da salvação de Deus para toda humanidade, inclusive a mim e a você.

Sendo assim, os requisitos tanto para judeus, quanto para gentios serem salvos são os mesmos: crer em Jesus como o Cristo de Deus e confessá-Lo como Senhor.

“Se você confessar com sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus O ressuscitou dentre os mortos, será salvo” (Romanos 10:9).

Pedro não sugeriu a abolição da lei, mas deixou claro que ela não é requisito para salvação nem de judeus, nem de gentios. Ambos são salvos da mesma maneira pela graça de Deus mediante a fé.

Aprendemos com isso que, como cristãos, precisamos nos posicionar a respeito das Verdades que nos são apresentadas na Palavra de Deus.

Sabemos que existem inúmeras correntes escatológicas, as quais apresentam seus eventos em ordens cronológicas bem distintas uma das outras. Esses são eventos importantes, porém secundários, o importante é sabermos que Jesus voltará para buscar uma Igreja pura, santa e sem mácula e nós, como parte dessa Igreja, precisamos viver prontos para esse dia, seja mediante o arrebatamento nos ares, seja na volta gloriosa de Jesus.

Todavia, não podemos nos calar diante das heresias e distorções do Evangelho de Jesus, antes, como Pedro, devemos nos posicionarmos e ensinarmos biblicamente os fundamentos da fé cristã nos nossos lares, na nossa família, enfim por onde o Senhor nos levar.

Após se posicionar, o Apóstolo passa a palavra a Paulo e Barnabé, os quais testemunharam o que Deus havia feito entre os gentios por intermédio de suas vidas, comprovando (de novo), com isso, que Ele aprovava a inclusão dos não judeus na Sua Aliança.

Discurso de Tiago

Tiago era irmão de Jesus e havia se tornado um grande líder da Igreja em Jerusalém, contado até mesmo entre os Apóstolos (Gálatas 1:19).

Aparentemente, ele era o presidente do Concílio, responsável por oportunizar a palavra a todos e, ao final, apresentar uma decisão que “favorecesse” a todos, sem prejuízo do Evangelho.

Ele, então, declara: “Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não impor a vocês nenhum peso maior que estes poucos requisitos: abstenham-se de comer alimentos oferecidos a ídolos, de consumir o sangue ou a carne de animais estrangulados e de praticar imoralidades sexuais.” (Atos 15:28-29).

Apesar de ter feito a declaração, a decisão foi unânime, tomada por toda liderança e pelo povo, segundo as Escrituras. Assim, os gentios estavam desobrigados da circuncisão, mas também deveriam se abster de algumas coisas para não criarem barreiras nos seus relacionamentos com os crentes judeus.

De acordo com o Reverendo Hernandes Dias Lopes, os crentes gentios precisavam guardar essas regras para não ferirem a comunhão com seus irmãos judeus, os quais ficaram cientes que elas não eram requisitórias para salvação de ninguém, nem de judeus, nem de gentios.

Justo Gonzáles ressalta que o propósito da decisão não é dizer aos cristãos que a lei só é válida nesses quatro pontos. O propósito é, mais propriamente, encontrar um meio pelo qual os cristãos e os gentios pudessem se juntar aos judeus sem violar a consciência destes, os quais ainda consideravam tais alimentos ilícitos e abomináveis ao Senhor. (…) Por essa razão e com o mesmo espírito de 1 Coríntios 8, Paulo recomenda a seus leitores que, embora em última análise comer carne de animal sacrificado a ídolos não os ajude, nem os atrapalhe, se houver alguém que se escandalize com isso, eles devem abster-se de fazê-lo. 

As deliberações foram escritas e uma comissão de homens de Deus foi formada e enviada pela Igreja de Jerusalém a Antioquia para lhe apresentar as resoluções do Concílio.

Nós, cristãos da Igreja Moderna, devemos andar em obediência à Palavra de Deus e em constante santificação, cientes de que não é o que entra nas nossas bocas que nos contamina, mas o que sai delas. (Mateus 15:11).

Vamos Pensar um Pouco
  1. Se você tivesse 2 minutos para apresentar a alguém, antes de falecer, o Evangelho, você o saberia fazer?
  2. Você sabe identificar uma heresia? Exemplifique.
  3. Você se posiciona quando ouve o Evangelho de Jesus ser deturpado.
  4. Você acredita que nós também devemos nos abster de alguns alimentos? Explique fundamentado na Palavra de Deus.
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