A Primeira Viagem Missionária – Parte B

Estudo 04/2022

Por, Pastor Marcos Valério Fernandes

Texto Para Leitura: Atos 14:1-28
Introdução

Iniciamos na semana passada o estudo concernente as viagens missionárias. Vimos a parte inicial da primeira dessas viagens, desta feita, promovida por Barnabé e Paulo.

Hoje estaremos dando continuidade e concluindo o estudo sobre a primeira viagem missionária, procurando discorrer sobre os resultados obtidos.

Analisando o texto, capítulo catorze do livro de Atos dos Apóstolos, encontramos milagres, perseguições e muitas conversões a Jesus Cristo.

Tanto judeus como gentios foram alvos de intensa evangelização, pelas cidades onde os missionários passaram.

De Antioquia da Síria, passaram por Selêucia, Salamina, Pafos, Perge, Antioquia da Pisidia, Icônio, Listra e Derbe, fazendo depois o caminho de retorno e passando novamente por Listra, Icônio, Antioquia da Pisidia e Perge, chegando por fim a Antioquia da Síria, de onde haviam saído.

Foram mais de oito cidades alcançadas pelo evangelho de Jesus, através dessa viagem missionária.

A viagem começou, com os missionários indo para Chipre, região onde Barnabé havia nascido e terminou em Perge, cidade que ficava na região próxima a Tarso, cidade natal de Paulo.

Importante observar que o texto bíblico, no versículo 14, refere-se a Barnabé e Saulo chamando-os de apóstolos.

Eles que estavam no grupo de profetas e mestres na igreja de Antioquia, agora também são chamados de apóstolos, visto que realizavam exatamente o trabalho apostólico de estabelecer igrejas. O texto bíblico traz o reconhecimento desse ministério na vida de Paulo e de Barnabé.

Convido você através deste estudo, a se deslumbrar com a coragem, ousadia e fé, que os apóstolos Barnabé e Paulo demonstraram no decorrer dessa viagem.

Paulo E Barnabé Impactam Com O Evangelho A Cidade De Icônio

Vs. 1 – “Em Icônio, Paulo e Barnabé entraram juntos na sinagoga judaica e falaram de tal modo, que veio a crer grande multidão, tanto de judeus como de gregos”.

Icônio era uma cidade de maioria grega, situada numa planície muito fértil na atual Turquia. A cidade estava ligada por uma estrada a Antioquia da Pisidia a uns 170 quilômetros de distância. Nela também residiam muitos judeus.

Como de costume, Paulo e Barnabé iniciaram suas atividades evangelísticas na própria sinagoga judaica, onde a poderosa mensagem pregada surte efeitos positivos com muitas conversões de judeus e também de gentios.

O texto bíblico nos informa que eles permaneceram um período demorado naquela cidade, sendo que muitos milagres aconteceram por intermédio deles (vs. 3).

Percebemos que em Icônio, a pregação da mensagem do evangelho de Jesus prosperou muito. Certamente muitas pessoas se tornaram cristãs e uma igreja se estabeleceu naquele local.

Entretanto, houve séria oposição ao trabalho que estava sendo realizado. Isto porque, judeus incrédulos incitaram os gentios contra os apóstolos.

Houve tumulto na cidade, envolvendo judeus e gentios, associando-se a eles, inclusive as autoridades locais com o intuito de apedrejarem os apóstolos.

Diante de tão grave oposição, Paulo e Barnabé tiveram que fugir para as cidades de Listra e Derbe, na região da Licaônica, e circunvizinhas.

Vemos a coragem e ousadia que os apóstolos manifestaram naquela cidade. Eles tiveram que enfrentar situações extremas colocando a vida em alto risco. Nada explica tal atitude a não ser o amor a Cristo e às vidas que estavam perdidas naquele lugar.

A Cura De Um Paralítico De Nascença

Vs. 10 – “… Apruma-te direito sobre os pés! Ele saltou e andava”.

Fugindo da cidade de Icônio, Paulo e Barnabé chegaram a cidade de Listra, que ficava a uns 30 quilômetros de distância.

Logo que começaram a anunciar o evangelho, Paulo percebeu que um paralítico estava ouvindo-o atentamente e tinha fé para ser curado.

O paralítico estava naquela situação desde o seu nascimento, nunca pudera andar.

Paulo ousadamente lhe dá uma ordem e o milagre acontece. Aquele homem saltou e passou a andar.

O milagre foi presenciado por uma multidão de pessoas, as quais não compreendendo que o milagre fora feito pelo poder de Deus, acharam que os deuses haviam se manifestado em forma humana através de Barnabé e Paulo, a quem passaram a chamar de Júpiter e Mercúrio, deuses da mitologia romana.

Jupiter era considerado o deus pater (o principal deus) e Mercúrio era o seu filho, seu porta voz. Como Barnabé aparentava ser o líder, a ele foi atribuído a identidade do deus Jupiter, sendo Paulo identificado com o deus Mercúrio, visto que ele era o que estava proclamando a mensagem.

A questão tornou-se muito mais delicada, quando o sacerdote de Jupiter, cujo templo estava na cidade, tomando touros e grinaldas queria realizar sacrifícios a eles, juntamente com a multidão.

Foi com muito esforço que Paulo e Barnabé impediram que os sacrifícios fossem realizados, explicando que eram apenas pessoas humanas e que pregavam exatamente contra aquelas práticas pagãs.

Entretanto, o fato ilustra muito bem o impacto que o milagre causou naquela cidade. Precisamos entender que aquele povo adorava aos deuses pagãos e quando viram o milagre acontecer creram que seus deuses os estavam visitando, para isso, tomando a forma humana.

Esse era o contexto cultural que os apóstolos tiveram que enfrentar para levar a mensagem do verdadeiro Deus.

Se Paulo e Barnabé não fossem pessoas integras e totalmente comprometidas com o Senhor Jesus, poderiam terem sido tentadas pela oportunidade de até serem tratadas como deuses naquele lugar.

Os apóstolos foram firmes e não se deixaram levar por uma falsa oportunidade, pelo contrário, eles testificaram que eram pregadores do evangelho que liberta da mentira e resgata o homem ao verdadeiro Deus.

Como resultado do milagre e da pregação realizada em Listra, muitas pessoas se tornaram discipulas de Jesus, conforme vemos no versículo 20, formando ali uma igreja.

Com toda a certeza, o homem que fora paralítico e agora estava totalmente curado, permaneceu sendo um testemunho vivo em Listra, da grande visitação de Deus para aquele povo.

Paulo É Apedrejado

Vs. 19 – “… apedrejando a Paulo, arrastaram-no para fora da cidade, dando-o por morto”.

Judeus opositores, vindo de Antioquia da Pisidia e de Icônio chegaram a Listra, onde instigaram as multidões e apedrejaram a Paulo, arrastando-o para fora da cidade, dando-o por morto.

O que não faltava em toda aquela região, são as pedras. O apedrejamento de pessoas era algo que acontecia frequentemente. Aquelas pessoas sabiam muito apedrejar e conheciam quando a vítima estava morta.

As pedras lançadas atingiam todo o corpo da vítima e eram atiradas principalmente contra a cabeça, causando traumatismo craniano e a morte.

O texto não nos diz especificamente, mas é muito provável que Paulo realmente tenha morrido, pois seus opositores não o teriam deixado se não tivessem certeza de sua morte. Nesse caso, ele teria ressuscitado em seguida, quando os discípulos (novos convertidos naquela cidade) o rodearam e ele se levantou e entrou com eles na cidade.

De qualquer maneira, Paulo sobreviver ao apedrejamento foi um grande milagre.

Paulo tinha participado do apedrejamento de Estevão, agora ele próprio fora apedrejado por estar pregando a Palavra de Deus. Teve a mesma experiência de sofrer por amor a Cristo.

Embora Paulo continuasse vivo, deveria estar muito ferido. As pedras que o atingiram devem ter causado muitos ferimentos em seu rosto, sua cabeça e por todo o corpo.

A cidade de Listra ficava na região da Galácia. Alguns anos mais tarde, Paulo escreveu a sua epístola aos Gálatas e nela diz que quando lhes pregou o evangelho pela primeira vez, em razão de uma enfermidade, se fosse possível eles teriam arrancado os próprios olhos para lhe dar(Gálatas 4.15). Isso indica que, possivelmente, Paulo tenha sofrido graves lesões em seus olhos com o apedrejamento e os irmãos, sofreram juntamente com ele e naquele momento, se fosse possível teriam lhe doado os próprios olhos.

Paulo ainda escreve que ele carregava no seu corpo as marcas de Jesus Cristo (Gl 6.17).

Cumpria-se na pessoa de Paulo, as palavras de Jesus Cristo, quando da sua conversão: “…eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome” (Atos 9.16).

De Derbe Retornam De Onde Iniciaram A Viagem

Vs. 20-21 – “…No dia seguinte, partiu com Barnabé, para Derbe. E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra e Icônio e Antioquia”.

Após sobreviver milagrosamente do apedrejamento, Paulo e Barnabé seguem no dia seguinte para a cidade de Derbe, onde pregam o evangelho e ganham para Jesus muitos discípulos.

A partir de Derbe os apóstolos decidem retornar a Antioquia da Síria, ponto de início da viagem missionária. Eles estavam finalizando essa etapa e agora voltam de cidade em cidade, passando pelas igrejas que haviam deixado.

Em cada igreja que fundaram, os apóstolos promovem a eleição de presbíteros, ou seja, formaram líderes para que assumissem a direção da igreja local.

Essas escolhas eram feitas após um período de jejum e oração, objetivando realiza-la sob a direção do Senhor. Os apóstolos sabiam que a permanência da igreja muito dependia da firmeza espiritual e integridade da liderança que estava sendo por eles estabelecida.

O caminho de retorno levou os apóstolos a passarem pelas mesmas cidades por onde vieram e isso eles o fizeram com o objetivo de visitar as igrejas e fortalecer a fé dos irmãos, os quais eram cristãos recém-convertidos.

Importante lembrar que naqueles dias, todo o ensino a respeito do cristianismo ainda era verbal. Nada ainda estava escrito. Apenas o que fora ensinado pelos apóstolos ficava como base para a fé daqueles cristãos.

Era um trabalho pioneiro, que lançava a preciosa semente da Palavra de Deus em corações sedentos por conhecerem e receberem a Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas.

Prestando Contas A Igreja Missionária

Vs. 26 – “e dali navegaram para Antioquia, onde tinham sido recomendados à graça de Deus para a obra que haviam já cumprido”.

Depois de um certo tempo realizando essa viagem missionária, havendo chegado até a região da Galácia, atual Turquia, os apóstolos Paulo e Barnabé retornaram a igreja missionária de Antioquia da Síria.

Quantas histórias e testemunhos de conversões, milagres e livramentos eles tinham para contar.

Agora eles estavam prestando contas do que haviam realizado e como abrira a porta da fé em favor dos gentios.

Certamente havia um ambiente de muita alegria e regozijo pelas conquistas que foram obtidas e também um sentimento de querer mais.

Os apóstolos estavam desfrutando de um tempo para refazer as energias, rever os amigos e irmãos, além de obter novas direções do Senhor e incentivar outras pessoas a também se lançar na obra de missões.

Tinha sido apenas o começo. Havia muito ainda a ser realizado.

Vamos Pensar Um Pouco

  1. – Nos dias de Paulo e Barnabé, havia o mundo inteiro para ser evangelizado. Você entende que nos dias atuais ainda há a necessidade de se realizar missões transculturais? Comente o seu ponto de vista.
  2. – O que podemos realizar em favor da obra missionária?
  3. – Você tem sentido arder em seu coração o desejo de ver a salvação de pessoas que estão perdidas, inclusive em nossa cidade?
  4. – Você gostaria de utilizar o seu tempo e seu dinheiro para aplicar na evangelização de pessoas?
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