Estudo 17/2022
Por, Thaisa Sanches Fernandes
Evangelho de Marcos 1:14-20
Deus Escolheu Homens
De acordo com o Evangelho de João (4:35), João Batista estava, certo dia, com seus discípulos, dentre eles Simão (Pedro) e seu irmão, André, quando viu Jesus passando. Imediatamente, ele declarou: “Vejam, é o Cordeiro de Deus”.
Ouvindo tal declaração, os dois discípulos de João seguiram a Jesus e passaram o dia com Ele, mas depois voltaram para a Galileia, onde tinham, juntamente Tiago e João, uma empresa de pesca.
Marcos nos revela que, depois que João Batista foi preso, Jesus passou a anunciar as Boas Novas na Galileia. Lá, segundo Lucas (5:1), uma multidão se ajuntou a Ele para ouvir seus ensinamentos.
Nessa ocasião, o Filho de Deus pediu o barco de Pedro emprestado para ser o seu púlpito e, do mar, pregou para o povo.
Terminado os ensinamentos daquele dia, Jesus mandou que Simão fosse a águas mais profundas para lançar suas redes, o que foi feito, sob a Palavra do Mestre.
Ensina-nos as Escrituras que Pedro e os outros pegaram tantos peixes que as redes começaram a se rasgar e os barcos a afundarem.
Naquele momento, os olhos de Simão foram abertos e ele reconheceu que estava diante do próprio Deus, por isso se prostrou aos pés de Jesus e declarou:
“Afasta-Te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador”.
Jesus, porém, lhe respondeu: “não tenha medo; de agora em diante você será pescador de homens”. Eles então arrastaram seus barcos para a praia, deixaram tudo e O seguiram.
O Evangelho nos prova o amor e a misericórdia de Deus para com a sua criação. Ele nos revela que o Senhor não desistiu do homem. Ele não desistiu de nós.
Após a queda de Adão, no Éden, Deus podia ter destruído todos os seres vivos, ou nos abandonado a nossa própria sorte.
Mas, a Bíblia nos revela que Ele tanto nos amou que entregou seu Filho Unigênito para morrer no nosso lugar, de modo que todo aquele que Nele crê não perece, mas tem vida eterna.
E não “só” isso que Ele nos fez. Uma vez que somos salvos, Deus nos escolheu para anunciarmos o Seu amor aos confins da terra.
O Senhor podia ter designado anjos, arcanjos e serafins, os quais são muito mais fortes, corajosos e poderosos do que os homens, para pregarem as Boas Novas.
Entretanto, mesmo após a “decepção” do Éden, Deus nos escolheu para sermos portadores da Boa Notícia, para sermos pescadores de homens.
Isso significa que somos representantes do Senhor aqui na terra: somos boca que Deus que anunciam a salvação do homem, por intermédio de Cristo. Somos mãos de Deus que tocam a vida dos nossos irmãos para abençoá-los e curá-los. E somos os pés do Senhor que caminham rumo à eternidade.
Jesus Chama Homens Humildes
Muitos afirmam que não anunciam o Evangelho, porque não sabem pregar. Não possuem eloquência. Não sabem se expressar com desenvoltura. Não sabem falar em público. Não conhecem palavras bonitas/difíceis, enfim são inúmeras as desculpas que as pessoas utilizam.
No entanto, quando analisamos as Escrituras, percebemos que os homens que Jesus chamou para serem seus auxiliares não eram doutores, mestres ou estudiosos; mas pessoas humildes, de conhecimento limitado.
Eles não eram ricos, não tinham posses; eram simples, com profissões comuns; porém declararam uma fé sincera em Jesus ao deixarem tudo para segui-Lo. Então, foram revestidos de poder e autoridade pelo próprio Filho de Deus, que os capacitou para realização da sua obra.
A única coisa que precisamos para pregar o Evangelho é termos um coração disposto diante do Senhor. É declararmos, a exemplo de Isaías: “Eis-me aqui, envia-me a mim”, porque é Ele quem nos capacita.
Podemos possuir o mais alto título humano, sermos eloquentes e donos de uma oratória impecável, se o Espírito de Deus não estiver sobre as nossas vidas, enquanto pregamos, tudo que falarmos não passará de um discurso que, mais cedo ou mais tarde, será esquecido.
Contudo, quando estamos revestidos pelo poder do Espírito, falamos por Ele e as nossas palavras penetram os corações separando alma e espírito, juntas e medulas; ministrando arrependimento e transformações de vidas.
Quando nos dispomos a servi-Lo, é Deus quem nos capacita e nos reveste de autoridade e poder. Ele fez isso com Pedro no dia de Pentecostes e três mil pessoas se converteram a Cristo em uma única noite.
Ele fez isso com Paulo e o Evangelho avançou até a capital romana, fazendo discípulos por onde passava. E, Ele quer fazer isso através das nossas vidas, no lugar onde nos plantou e, para que isso aconteça, nós precisamos abandonas as nossas desculpas e nos deixarmos ser usados pelo Seu Espírito.
John Wesley afirmava “dê-me cem homens que não temam nada, senão a Deus e, com eles, abalarei o mundo”.
Isso, por óbvio, não é um passe livre para sermos preguiçosos e não nos dedicarmos. Nós precisamos fazer a nossa parte e nos dedicarmos ao estudo da Palavra de Deus e à oração.
O próprio Jesus, durante seu ministério, praticava essas disciplinas espirituais diariamente, mesmo sendo o Filho de Deus. Inúmeros versículos nos narram que Ele saia do meio da multidão para ficar a sós com o Pai, durante as manhãs, tardes, noites e até pelas madrugadas.
Precisamos examinar as Escrituras para entendermos (racionalmente) a nossa fé e sabermos compartilhá-la com as pessoas; bem como para não sermos levados por ventos de doutrinas.
E devemos orar para sermos, cada vez mais, revestidos de poder e autoridade. Há muito tempo se dizia: “Muita oração, muito poder. Pouca oração, pouco poder. Nenhuma oração, nenhum poder”.
Ademais, nos nossos dias é tão fácil adquirirmos conhecimento. A internet nos proporciona muito conteúdo gratuito de formas diversas – livros, artigos, vídeos, cursos; ou seja, podemos escolher como preferimos estudar.
Não perca seu tempo com redes sociais, com vídeos e séries de entretenimento, mas o invista se aprofundando na Palavra de Deus, só assim você o conhecerá, cada dia mais, e se capacitará para obra que Ele tem para sua vida.
Primeiro Chamado: Seguir Jesus
O primeiro chamado de Jesus para seus discípulos foi para que eles o seguissem.
“E disse Jesus: Sigam-me”.
O Filho de Deus não lhes deu uma explicação, não lhes ofereceu um salário e nem vantagens, simplesmente os convidou a segui-Lo.
Seguir significa ir atrás, na companhia de, andar no mesmo ritmo de.
O convite de Jesus era para que aqueles homens caminhassem atrás Dele, seguissem Seus passos e andassem no Seu ritmo. O convite era para discipulá-los, para treiná-los, para ensiná-los a serem semelhantes ao Cristo.
Com isso, o Filho de Deus nos ensina que, em primeiro lugar, devemos ser discípulos verdadeiros e só depois nos tornaremos “apóstolos”. Ou seja, segui-Lo de coração precede a qualquer cargo que possamos ocupar na Sua Igreja.
Verificamos que Pedro, André, Tiago, João e os outros, rapidamente, aceitaram ao chamado de Jesus, deixaram tudo e fizeram Dele o seu Mestre.
Por, aproximadamente, três anos aqueles homens tiveram um treinamento intenso com o Filho de Deus, vendo-O obedecer à lei de seu Pai, respeitar às autoridades, responder aos questionamentos dos fariseus e mestres da lei, agir com sabedoria diante das armadilhas preparadas, fazer todo tipo de milagres e anunciar as Boas Novas com autoridade e poder.
Depois de muito treinamento, Jesus envia, não apenas os doze, mas setenta e dois discípulos para que eles pudessem praticar tudo quanto haviam aprendido e, segundo a Bíblia, eles foram o e voltaram cheios de alegria, porque até os demônios os obedeceram, enquanto O serviam (Mateus 11:25).
O treinamento deu tão certo que, quando Jesus foi preso, Pedro, apesar de tê-Lo abandonado, O seguiu de longe e muitas pessoas o reconheceram como sendo discípulo do nazareno, “porquanto o seu modo de falar o denunciava”. (Mateus 26:73).
Esse é também o primeiro chamado de Jesus para as nossas vidas: para que sejamos seus discípulos; cristãos verdadeiros, cópias do Filho de Deus.
Como homem, Jesus foi irrepreensível; em tudo foi tentado, mas em nada pecou. Obedeceu, apesar da angústia, em tudo ao Pai e cumpriu satisfatoriamente a missão que havia recebido Dele (morrer na cruz, para que nós pudéssemos viver).
Ele amou seus amigos e inimigos. Perdoou a todos que Lhe ofenderam. Foi manso, humilde e santo.
Esse é o chamado de Jesus para que sejamos como Ele foi e vivamos como Ele viveu.
Segundo Chamado: Ser Pescador de Homens
Depois de tornar aqueles homens verdadeiros discípulos Seus, Jesus os chama para serem pescadores de homens. Ou seja, para resgatarem os porcos da lama, os pecadores do inferno.
Todas as pessoas, inclusive eu e você, já nascemos condenados à morte eterna; isto é, destinados ao inferno, porque somos pecadores, herdeiros do pecado de Adão.
Todavia, nos ensinam as Escrituras que Deus tanto amou o mundo que deu seu Filho Único para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha vida eterna.
Jesus se encarnou para morrer pelos nossos pecados na cruz, pagando o preço de cada um deles, no nosso lugar. Porém, Ele venceu a morte e, ao terceiro dia, ressuscitou, dando a todos quantos Nele crê o direito de serem participantes dessa ressurreição.
Dessa forma, quando cremos na obra redentora de Cristo já não recaem condenações sobre as nossas vidas, porque Ele pagou o preço das nossas iniquidades por nós, por isso passamos da morte para vida.
Uma vez que fomos resgatados, somos chamados por Jesus para resgatarmos a outros que estão na mesma condição que estávamos antes. Esse é o trabalho mais importante que existe no mundo e, um dia, prestaremos contas dele ao nosso Senhor.
Somos pescadores de homens nas nossas casas educando os nossos filhos no Caminho, conforme nos orienta a Sua Palavra. Precisamos sempre ter em mente que eles não são nossos, mas são herança de Deus para nós; assim devemos orientá-los segundo a vontade do Senhor, a qual nos foi revela na Bíblia.
Somos pescadores de homens nas nossas famílias, por isso devemos testemunhar Jesus no nosso modo de agirmos, de reagirmos e, sempre que possível, usar a palavra para anunciar o Evangelho.
Somos pescadores de homens na nossa vizinhança e é nossa responsabilidade demonstrarmos que Jesus habita nas nossas casas. Fazemos isso sem nos envolvermos em brigas, intrigas e gritarias; realizando células, cultos domésticos e convidando os nossos vizinhos para participarem; criando grupos evangelísticos, dentre outras maneiras.
Somos pescadores de homens nos nossos trabalhos e, de igual maneira, devemos testemunhar, na nossa conduta, o Cristo que vive em nós; sem participarmos de rodas de fofocas, de maledicências, de enganos; ouvindo e aconselhando os que necessitam; convidando um colega para participar da célula; enfim pregando o Evangelho com atitudes e, sempre que possível, através de palavras.
Enfim, somos pescadores de homens em todos os lugares por onde passamos, por essa razão precisamos, sempre, estarmos atentos às oportunidades que Deus nos dá, para que possamos agir de forma intencional em cada uma delas, seja na fila do banco, da cada de saúde, no supermercado, ônibus, etc.
Todos nós, que fomos salvos, recebemos o chamado para sermos pescadores de homens e, quando estivermos diante do nosso Senhor, prestaremos contas das vezes que nos calamos.
Prioridade do Reino de Deus
Assim que foram chamados, os discípulos de Jesus deixaram tudo para segui-Lo.
Pedro e André, juntamente com Tiago e João eram proprietários de uma empresa de pesca. Eles abandonaram seus barcos e suas redes para seguirem o Filho de Deus. A Bíblia nos revela que os dois últimos deixaram, inclusive, seu pai, Zebedeu.
Mateus era cobrador de impostos do Império Romano e ele deixou seu cargo que, provavelmente lhe proporcionava considerável riqueza, pois recebia uma parcela do valor arrecadado, para se tornar discípulo do Mestre.
A atitude desses homens nos revela o caráter prioritário que o Reino de Deus precisa ter nas nossas vidas.
O nosso relacionamento com Cristo deve preceder a qualquer outra coisa e pessoa. Isto é, deve vir antes dos nossos filhos, do nosso cônjuge, do ministério, do nosso trabalho e dos entretenimentos.
Se passamos o dia sem nos relacionarmos com Jesus, estamos revelando que todas as outras coisas que fizemos são mais importantes do que Ele para nós. Elas são a nossa prioridade.
Por isso, é fundamental nos organizarmos para que o urgente não tome lugar do que é mais importante. É imprescindível que tenhamos um horário fixo e um lugar determinado para falarmos com Deus; assim, não teremos, faça chuva, faça sol estaremos lá, porque Ele é o compromisso mais importante das nossas vidas.
A atitude dos discípulos de Jesus nos revela ainda que cumprir o chamado de Jesus nos exigirá renúncias.
Teremos que abandonar o mundo e seus encantos, a carnalidade, o pecado, as festas, os vícios lícitos e ilícitos, a pornografia, o adultério, a fornicação, a maledicência, a mentira, o engano, os jogos, a feitiçaria, a idolatria, enfim tudo que a Palavra do Senhor condena.
Teremos que renunciar os nossos sonhos, os nossos planos e a nossa vontade, ainda que, a princípio, isso nos cause sofrimentos, para vivermos pelo propósito que Ele tem para cada um de nós.
E, muitos de nós, terão que deixar seus trabalhos (seculares) para se dedicarem, exclusivamente, ao ministério.
Jesus fez isso. Ele abriu mão de toda glória que tinha no céu e se humilhou encarnando-se. Os discípulos que estudamos hoje e todos os demais fizeram isso. O Apóstolo Paulo fez isso. Por isso, se quisermos ser dignos do Reino de Deus, devemos seguir os passos desses grandes homens.
Vamos Pensar Um Pouco
- Você tem sido bom um bom pescador de homens?
- Você tem se capacitado para anunciar o Evangelho?
- Como você tem exercido o chamado de Deus para ser pescador de homens?