Estudo 24/2022
Por, Pastor Marcos Valerio Fernandes
Texto Para Leitura: Evangelho de Marcos 2:23 a 3:19
Introdução
Jesus ainda está no início de seu ministério, mas as oposições já começaram a surgir.
Em razão dos muitos milagres que estavam sendo realizados, a atenção havia sido atraída para o ministério de Jesus e tudo o que acontecia era alvo de questionamentos por parte dos religiosos da época.
Dentre os grupos religiosos que se opuseram a Jesus, o texto bíblico do evangelho de Marcos faz menção dos fariseus e dos herodianos e o evangelista Lucas acrescenta também os escribas (Lucas 6.7).
Como sabemos, os fariseus constituíam um grupo religioso dentro do judaísmo que tinha regras muito rígidas na prática da religião e várias tradições e costumes quanto a prática da lei mosaica.
Quantos aos escribas, alguns estavam ligados aos fariseus e outros aos saduceus, mas constituíam um grupo próprio e se dedicavam a fazerem cópias das Escrituras e eram considerados como doutores da lei.
Os herodianos, por sua vez, representavam um grupo de judeus que defendiam o governo de Herodes, constituindo-se assim partidários políticos ligados aos seguimentos religiosos da época.
Durante todo o ministério de Jesus, esses grupos se lhe tornaram ferrenhos opositores e buscaram de todas as maneiras lhe calar e conspiraram para lhe tirar a vida.
Por outro lado, o texto bíblico descreve que uma grande multidão de pessoas seguia a Jesus por onde ele ia. Eram pessoas do povo, gente sofrida, carentes, menos favorecidas e que viam em Jesus a esperança para uma nova vida e a resposta para os seus problemas.
No estudo de hoje vamos analisar um pouco dessas questões e como foram enfrentadas pelo Mestre.
Oposição No Meio Das Searas
Marcos 2.24 – “Advertiram-no os fariseus: Vê! Por que fazem o que não é lícito aos sábados?”
Jesus e seus discípulos atravessavam as searas e aquele dia era sábado.
Enquanto passavam pelas searas, certamente por estarem com fome, os discípulos passaram a colher algumas espigas para comerem.
Interessante esclarecer que a atitude dos discípulos de Jesus, em colher espigas, debulhar com as mãos e comer, era perfeitamente lícita. Não havia nenhuma proibição de alguém entrar na plantação de uma pessoa estranha, mesmo sem autorização, colher para comer no próprio local. No entanto, não era permitido, sem autorização, colher para levar para casa ou usar uma foice para colher em grande quantidade. Leia o texto de Deuteronômio 23.24-25.
A lei trazia uma regra de generosidade para com o faminto e ao pobre, permitindo-lhe satisfazer suas necessidades, mas não permitia que isso se tornasse uma maneira de alguém se apropriar do que era do outro.
Como podemos ver, a atitude dos discípulos em colher as espigas para comer, era algo lícito naqueles dias, em Israel.
O texto bíblico nos diz que Jesus foi advertido pelos fariseus e a questão não era sobre colher as espigas para comer, mas o fato de isso estar acontecendo no dia de sábado.
A visão crítica dos fariseus estava embasada em seus costumes e eles acreditavam que os discípulos de Jesus estavam quebrando a guarda do sábado, pois consideravam aquela atitude como uma forma de trabalho.
A resposta dada por Jesus, vem demonstrar que a lei mosaica foi estabelecida para beneficiar o homem e não para escraviza-lo. Disse Jesus: vs. 27 – “o sábado foi estabelecido por causa do homem e, não o homem por causa do sábado”.
Jesus lembrou aos fariseus que Davi em um dia de necessidade, passou pelo Tabernáculo e comeu dos pães da proposição e também o deu para os seus homens. Esses pães somente poderiam serem comidos pelos sacerdotes. De uma certa maneira, a regra estabelecida pela lei tinha sido quebrada, mas Davi o fizera por uma necessidade.
De maneira semelhante, os discípulos de Jesus estavam com fome. Eles não estavam trabalhando, apenas satisfazendo uma necessidade natural, saciar a fome.
Jesus demonstra que em casos de necessidade, como a de Davi, justifica-se ações que em outras circunstâncias não seriam lícitas. E, que o sábado é um presente de Deus para o homem, de maneira que o homem não pode ficar limitado ao sábado. Sendo Jesus o Senhor da humanidade, também é o Senhor do sábado.
De qualquer maneira, o texto bíblico vem relatar que uma oposição estava deflagrada contra Jesus e que esses religiosos o estavam observando para obter algum tipo de acusação para lançar contra ele.
Oposição Dentro Da Sinagoga
Marcos 3.2 – “E estavam observando a Jesus para ver se o curaria em dia de sábado, a fim de o acusarem”.
Esse fato ocorreu logo em seguida em uma sinagoga judaica. Jesus estava sendo observado pelos fariseus e herodianos, com o objetivo de obterem alguma coisa para o acusarem. Com esse intuito, eles aguardavam para ver se Jesus realizaria uma cura no dia de sábado, para o acusarem de quebrar as regras do sábado.
O versículo 6 diz que ao saírem da sinagoga, os fariseus em concluio com os herodianos, conspiravam contra Jesus, com a finalidade de lhe tirarem a vida. Isso demonstra que após a cura do homem dentro da sinagoga, a oposição ao ministério de Jesus se tornou ainda maior.
Essa terrível oposição ao ministério de Jesus, estava ocorrendo porque os seus opositores estavam movidos pela inveja, pois Jesus atraia uma grande multidão de pessoas.
Dentro da sinagoga havia um homem com a sua mão ressequida. Lucas 6.6 especifica que era a mão direita, o que nos leva a compreender que era a sua mão principal, tornando a sua deficiência ainda mais acentuada.
Não sabemos qual fora a causa daquela mão estar ressequida, mas entendemos que a mão estava atrofiada, sem forças, sem condições de se abrir ou segurar alguma coisa.
Quanta dificuldade aquele homem deveria enfrentar em razão da sua deficiência. A sua capacidade de trabalhar estava comprometida. Talvez tivesse dificuldades até de obter o seu próprio sustento, sem dizer que talvez tivesse dores e se sentisse constrangido com a sua situação.
Jesus sabendo das intenções de seus opositores, tornou a questão pública perguntando se era, ou não, lícito fazer o bem no dia de sábado.
O evangelista Mateus (Mt 12.11) traz a narrativa de outra pergunta também feita por Jesus: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma ovelha, e, num sábado, esta cair numa cova, não fará todo o esforço, tirando-a dali?
A resposta era obvia para os ouvintes, todos tirariam a ovelha da cova, mesmo em dia de sábado. Entretanto, todos ficaram em silêncio, o que deixou Jesus indignado com a dureza do coração daquele povo, que em momento algum se mostrou compadecida com a situação daquele homem deficiente.
Entretanto, Jesus condoído com a situação daquele homem, lhe restaurou a sua mão.
Interessante que Jesus o chamou para o meio do povo, onde todos o podiam visualizá-lo e lhe ordenou que estendesse a sua mão.
Ao estender sua mão, todos puderam ver o seu problema físico. Talvez ele se sentisse envergonhado com a sua deficiência, mas naquele dia ele foi curado completamente.
O homem obedeceu a ordem de Jesus e estendeu a sua mão e ela foi curada.
Aprendemos que muitas vezes, nossas necessidades precisam ser expostas para serem tratadas por Deus. Quantas vezes escondemos nossos problemas e não deixamos Deus curar. Quando criamos a coragem de nos mostrar, geramos também a fé para receber a benção do Senhor.
Importante observar, que Jesus não se deixou intimidar com a presença dos seus opositores, mas realizou as obras de Deus, da maneira que precisava ser feita.
Com isso, Jesus deixou bem claro que Deus deseja que façamos o bem, não importa o dia. Para Deus, a misericórdia e a justiça são bem mais importantes do que rituais, cerimônias ou sacrifícios.
Jesus tinha conhecimento do que se passava no coração dos fariseus e herodianos, de maneira que para se proteger, Ele poderia ter evitado se expor, mas não o fez. Ele preferiu enfrentar uma oposição ainda maior, mas não deixou de abençoar aquele homem nas suas necessidades.
Jesus Rodeado De Uma Multidão
Marcos 3.7-8 – “Seguia-o da Galileia uma grande multidão. Também da Judeia, de Jerusalém, da Idumeia, dalém do Jordão e dos arredores de Tiro e de Sidom uma grande multidão, sabendo quantas coisas Jesus fazia, veio ter com ele”.
Jesus estava no meio de uma multidão de seguidores vindos de todas as partes de Israel.
As pessoas estavam motivadas a seguir a Jesus em razão dos inúmeros milagres que Jesus estava realizando.
Era uma multidão de pessoas necessitadas, a grande maioria eram humildes, carentes, sofridas e sedentas por conhecerem a visitação de Deus.
Em razão do grande número de pessoas que queriam ver a Jesus, estas o comprimiam, pois de qualquer maneira se lançavam sobre ele para serem curadas. Por essa razão, Jesus orientou os seus discípulos para sempre prepararem um barquinho para que ele pudesse ficar um pouco afastado da multidão e ao mesmo tempo conseguir ministrar os seus ensinamentos e ter espaço para abençoá-las sem ser comprimido por elas.
Jesus estava realizando muitas curas. As pessoas sabiam que se tocassem em Jesus ficavam curadas. Por isso, os enfermos se lançavam sobre Jesus para receberem a cura. Deviam serem muitos enfermos e com os mais variados tipos de doenças.
Jesus também realizava a libertação de pessoas possessas de espíritos imundos. Quando essas pessoas viam a Jesus, se prostravam diante dele e os espíritos imundos exclamavam: Tu és o Filho de Deus!
Deve ter sido muito impactante os fatos que ocorriam. Quantos milagres e curas ocorrendo a todo instante. Quantas pessoas gritando por uma cura e a recebendo por um simples toque de Jesus.
Um grande número de pessoas era alvo da graça e da misericórdia de Deus. Saíam daquele lugar totalmente curadas e libertas. Podiam ter uma nova vida, com saúde e livres de satanás.
Deus estava visitando o seu povo. Era algo nunca visto por aquelas pessoas. Os milagres eram impactantes. Havia em Jesus uma evidente autoridade sobre as enfermidades e sobre os espíritos malignos, de maneira as pessoas vinham de grandes distâncias para se encontrar com Jesus e por ele serem curadas.
Cada vez mais, os seguidores de Jesus aumentavam em número.
Jesus Escolhe Os Seus Apóstolos
Marcos 3.14 – “Então, designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar.”
Desde o início de seu ministério Jesus vinha convidando pessoas para serem seus discípulos. Essas pessoas passaram a segui-lo bem de perto. Agora a lista de seus discípulos escolhidos para serem apóstolos estava completa e doze era o seu número.
O número doze é o considerado como aquele que representa o governo perfeito. Haviam doze tribos em Israel e depois da morte de Judas Iscariotes, os apóstolos escolheram um substituto para manterem o mesmo grupo de doze apóstolos. Isso demonstra como era valorizado esse número.
A esses doze homens, Jesus concedeu autoridade para expelir demônios e estarem junto dele.
Eles foram preparados para darem continuidade ao ministério de Jesus, aprendendo dia a dia, os seus ensinos e a maneira que os milagres eram realizados e o propósito de Deus em tudo aquilo.
Jesus confiou na vida de seus apóstolos o plano de Deus para a salvação da humanidade. Hoje Jesus confia a cada um de nós a responsabilidade para darmos continuidade naquilo que ele iniciou e completou na cruz do calvário.
VAMOS PENSAR UM POUCO
- Você acha correto, em nossos dias, pegar frutas ou outro produto escondido na lavoura, sem a permissão do dono? Você já fez isso?
- Você acha correto negar alimentos para quem está com fome? O que fazer nos dias atuais em que também há muita malandragem quanto a isso?
- Quando Jesus trouxe uma nova visão quanto ao sábado, Jesus estava menosprezando a guarda do sábado pelos judeus?
- Por que os fariseus, escribas e herodianos se opunham a Jesus? O que os motivavam? Eles também não viam os milagres que Jesus realizava? Porque não creram?