Estudo 15/2022
Por, Pastor Marcos Valério Fernandes
Texto Para leitura: Evangelho de Marcos 1:1-8
Introdução
Com este estudo estamos iniciando uma abordagem bíblica tomando-se por base o Evangelho de Marcos. Este é o terceiro livro da Bíblia que estamos estudando. Já vimos o Evangelho de João e Atos dos Apóstolos.
O Evangelho de Marcos foi escrito por volta do final da década de 50 d.C. e a sua autoria tem sido atribuída a João Marcos. São muitas as razões para entender que foi João Marcos o autor do livro, dentre elas: a) como discípulo do apóstolo Pedro, Marcos teve muitas informações a respeito do ministério de Jesus; b) as narrativas do livro referentes a vida de Pedro são vívidas; c) os primeiros pais da igreja atribuíram a Marcos a autoria do livro, o qual possivelmente foi escrito na cidade de Roma.
A palavra “evangelho” significa boas notícias. A boa notícia apresentada nesse livro é a vinda do Messias, o Filho de Deus, o Salvador.
Para falar sobre a vinda do Salvador, Marcos inicia a narrativa do Evangelho falando sobre o ministério de João Batista, apresentando-o como o precursor do Ministério de Jesus Cristo.
Depois de um intervalo de aproximadamente quatro séculos sem a manifestação da palavra profética, conhecido como período interbíblico, a vinda de João Batista, como profeta enviado por Deus para a nação de Israel, torna-se um fato muito marcante. Além disso, a vinda de João Batista é o cumprimento de profecias centenárias, as quais previam detalhes para a vinda do Messias.
Veremos neste estudo alguns dos importantes fatos relacionados a João Batista.
O Mensageiro Do Senhor
Vs. 2 – “Como está escrito na profecia de Isaias: ‘Eis que envio o meu mensageiro adiante de você…”
Cerca de oito séculos antes da vinda do Messias, Deus falou por boca do profeta Isaias (Isaias 40.3-5) que enviaria o seu mensageiro para preparar a sua chegada.
O profeta Malaquias (Malaquias 3.1) de igual maneira, também profetizou sobre a vinda do mensageiro do Senhor.
Tendo chegado o tempo estabelecido por Deus, o nascimento de João Batista foi anunciado pelo anjo Gabriel a seu pai Zacarias, dizendo-lhe que “ele converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos jutos e habilitar para o Senhor um povo preparado” (Lc 1.16-17).
Antes mesmo de nascer, João Batista foi cheio do Espírito Santo (Lucas 1.15), vivendo com nazireu de Deus, isto é, desde o seu nascimento foi separado para servir a Deus, não bebia vinho ou qualquer outra bebida forte, além de outras restrições alimentares e no comportamento.
A Bíblia diz que João Batista vivia no deserto da Judéia, vestia uma roupa feita de pelos de camelo, usava um cinto de couro e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre.
Interessante que o profeta Elias se vestia de forma muito semelhante, ou seja, com roupa de pelos e com um cinto de couro e era reconhecido exatamente pelas suas vestimentas (II Reis 1.8).
As vestimentas usadas por João Batista traziam a lembrança de seus ouvintes a pessoa do profeta Elias. Eram roupas muito simples, geralmente usadas pelos nômades do deserto.
A alimentação de gafanhotos e mel silvestre, da mesma maneira era costumeiramente utilizada pelas pessoas mais pobres e humildes naquela região.
Os escribas ensinavam que o profeta Elias viria antes da vinda do Messias e interrogado sobre essa questão, Jesus respondeu aos seus discípulos que Elias já tinha vindo e fizeram com ele tudo o que quiseram, como estava já escrito (Marcos 9.11-13). Os discípulos entenderam que Jesus falava a respeito de João Batista (Mateus 17.13).
Entendemos que o cumprimento da profecia bíblica não se referia a vinda pessoal de Elias, mas de alguém de ministrasse no mesmo espírito e poder, o que ocorreu com João Batista.
Como estamos verificando, o ministério de João Batista foi anunciado pelos profetas e cumpriu-se completamente, com o propósito de preparar a vinda do Messias.
Preparando O Caminho Do Messias
Vs. 3 – “Voz do que clama no deserto: Preparem o caminho do Senhor, endireitem as suas veredas”.
O evangelista cita a profecia de Isaias 40.3-5 que descreve o conteúdo da mensagem que seria anunciada pelo mensageiro do Senhor. Essa voz conclamava ao povo de Israel para construir uma estrada reta para a chegada do Messias. Todos os vales seriam levantados, os montes e colinas rebaixados, o que era tortuoso, retificado e os lugares ásperos seriam aplanados.
Que linda mensagem. Nos faz lembrar o trabalho de se construir uma moderna estrada, no formato de uma rodovia. Perceba os detalhes, retirar as subidas e as descidas, endireitar as curvas e aplanar o caminho, deixando a estrada perfeita para que o Messias pudesse chegar.
Era uma mensagem que chamava o povo israelita para o arrependimento e uma volta para Deus, retirando todos os obstáculos que houvessem para se receber o Messias.
Nessa tarefa de preparar o povo para receber o Messias, João Batista pregava no deserto da Judéia, próximo ao Rio Jordão e todos os moradores de Jerusalém e região iam até ele para ouvir a sua mensagem.
Sua mensagem era dura e apontava os pecados e os erros de seus ouvintes, com o objetivo de leva-los ao arrependimento. Nesse intuito, João Batista dizia: “Raça de víboras! Quem deu a entender que vocês podem fugir da ira que está por vir? Produzi fruto digno de arrependimento” (Mateus 3.7).
Ou então pregava: “E o machado já está posto à raiz das árvores. Portanto, toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo” (Mateus 3.10).
Por estas palavras podemos perceber que sua mensagem era direta, sem poupar o pecador de seus pecados, chamando-o a um arrependimento genuíno, que resulta em uma nova maneira de viver, como fruto desse arrependimento.
Sua mensagem enfatizada o batismo de arrependimento para a remissão de pecados.
Em resposta a essa mensagem, um grande número de pessoas se batizou nas águas do Rio Jordão, confessando publicamente os seus pecados. Não temos noção de quantas pessoas foram batizadas por ele, mas imaginamos que foram muitos milhares.
A mensagem de João Batista continua sendo atual. Não há como receber Jesus Cristo em nossas vidas, sem arrependimento de nossos pecados. Quando nos arrependemos de nossos erros, reconhecemos a necessidade de um Salvador. Vemos nossa precária condição humana e também a nossa necessidade de sermos limpos e perdoados por Deus.
Preparar o caminho do Senhor está intimamente ligado ao arrependimento e ao desejo de uma nova vida, através da pessoa de nosso Salvador Jesus Cristo.
Apontando O Messias
Vs. 7 – “E João pregava, dizendo: – Depois de mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de, curvando-me, desamarrar as correias das suas sandálias”.
O ministério de João Batista havia se tornado muito conhecido pelo povo de Israel, surtindo um efeito extraordinário, que irá repercutir durante muito tempo, dentro e fora do território de Israel.
A Bíblia diz que as principais autoridades religiosas temiam se posicionar a respeito do batismo de João Batista, diante da alta popularidade que ele tinha diante do povo, o qual o considerava um profeta de Deus (Marcos 11.30-33).
Jesus mesmo disse que entre os nascidos de mulher, João Batista era o maior (Lucas 7.28). Isso demonstra a sua grandeza espiritual.
Sendo João Batista um profeta tão eminente, poderíamos até esperar que se tornasse uma pessoa ‘cheia de si’ ou orgulhoso de si mesmo, mas não foi isso que ocorreu.
Quando as pessoas lhe perguntavam se ele era o Messias, João Batista logo respondia que não e apontava aquele que viria logo após, como sendo maior que ele.
João Batista dizia que viria “aquele que é mais poderoso”. Diante do “mais poderoso” não sou digno de desatar as correias de suas sandálias.
Desamarrar as correias das sandálias de alguém era a função de um simples escravo, não se esperando que um judeu fizesse tal coisa, por ser uma tarefa tão humilde.
Entretanto, João Batista se considera tão pequeno diante do Messias, que ele assume a sua indignidade perante Ele.
João Batista faz também uma comparação quanto ao batismo, dizendo que ele batizava com água, mas o Messias batizaria com o Espírito Santo, demonstrando que exerceria um ministério muito maior.
João Batista e Jesus eram parentes próximos (primos), mas não houve no coração do profeta um sentimento de rivalidade ou de superioridade, pelo contrário, ele entendeu que seu ministério era preparatório para a chegada do Messias e nesse sentido aplicou a sua vida para a obra que recebera do Senhor.
Não havia no coração de João Batista o sentimento de orgulho, apenas o de comprometimento com o chamado de Deus, buscando levar o povo a se preparar para a visitação de Deus.
João Batista apontou Jesus como o Messias Salvador. No Evangelho de João 1.29 estão registradas as suas palavras: “— Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”.
Essa declaração se tornou profética quanto ao Ministério de Jesus, que na cruz do calvário levou os nossos pecados, como um cordeiro imaculado, de uma vez por todas e por toda humanidade.
Referindo-se a Jesus, João Batista afirmou que quem tem a noiva (o povo de Deus) é o noivo (Jesus) e que ele era apenas o amigo do noivo. Depois ele completou: “convém que ele cresça e que eu diminua” (João 3.29-30).
O Resultado Do Ministério De João Batista
Veremos nos próximos estudos o ministério de Jesus, desde o seu batismo até sua ascensão aos céus.
O resultado do ministério de João Batista foi extraordinário, pois preparou o coração do povo de Israel para ouvir a mensagem que seria pregada por Jesus.
Aquele povo que durante muito tempo ficara na expectativa da vinda do Messias, tinha sido aguçado em sua esperança pela mensagem de sua chegada iminente.
Jesus deu continuidade a pregação de arrependimento em razão da chegada do Reino de Deus e sem dúvida, valorizou o exímio trabalho realizado por seu servo.
Nos dias atuais, precisamos de formar uma geração semelhante a João Batista.
Vivemos dias que antecedem a volta de Jesus e a Igreja tem a missão de preparar o caminho desta geração para receber a Jesus, como o nosso Noivo.
Precisamos enfatizar, da mesma maneira que nos dias de João Batista, a mensagem do chamado ao arrependimento, apontando o pecado como sendo pecado e demonstrando suas consequências. Essa continua sendo a única maneira de Deus preparar o coração do pecador para receber a salvação através de Jesus.
A mensagem do arrependimento foi pregada por João Batista e também por Jesus. Os apóstolos deram continuidade, anunciando a necessidade de arrependimento e volta para Deus (Atos 2.38). Hoje, a mensagem não pode ser diferente, por isso, a pregação bíblica é aquela que leva o pecado ao arrependimento, compreendendo a sua necessidade de um Salvador, de maneira que receba a Jesus Cristo em sua vida.
O arrependimento gera uma mudança de nossas atitudes e ao confessarmos os nossos pecados a Deus, através de Jesus Cristo recebemos o perdão de nossos erros. Com a graça do Espírito Santo somos então capacitados a viver uma nova vida, glorificando assim o nome do Senhor.
Vamos Pensar Um Pouco
- Procure explicar o que você entende como arrependimento?
- Na sua opinião o que são frutos dignos de arrependimento?
- Porque era necessária a pregação de João Batista, como precursor de Jesus? Comente.