Estudo 34/2022
Por, Pr. Marcos Valerio Fernandes
Texto Para Leitura: Evangelho de Marcos 6:30-44
Introdução
Para nos situarmos no que estava acontecendo no ministério de Jesus, precisamos lembrar que Ele estava realizando o seu ministério na região da Galileia e havia enviado os seus doze apóstolos, para irem de dois em dois, pelas várias aldeias existentes naquela região.
Enquanto Jesus e seus discípulos estavam realizando o ministério, outro fato importante havia ocorrido. João Batista tinha sido preso e decapitado por ordem do rei Herodes e essa notícia chegou até Jesus.
Os doze discípulos de Jesus realizaram a missão de pregar nas aldeias circunvizinhas e retornaram, trazendo a Jesus relatos surpreendentes do que tinham feito e ensinado.
Acredito que os discípulos estavam muito entusiasmados, pois eles haviam expulsado muitos demônios e curados numerosos enfermos, no nome de Jesus.
O ministério de Jesus estava atingindo toda a região e milhares de pessoas vinham de todas as partes para ver e ouvir o Mestre, na esperança de também serem curados.
Diante de um grande ajuntamento de pessoas, Jesus realizou um de seus mais esplendidos milagres: o da multiplicação de pães e peixes.
Neste estudo, nos propomos analisar alguns pontos salientes nesse relato bíblico, procurando aplicar para as nossas vidas.
Sem Tempo Até Para Comer
Vs. 31 – “E ele lhes disse: -Venham repousar um pouco, à parte, num lugar deserto. Isto porque eles não tinham tempo nem para comer, visto serem muitos os que iam e vinham”.
Podemos imaginar que Jesus estava constantemente rodeado de muitas pessoas, de maneira que o seu trabalho era intenso e não tinham nem momento reservado para as refeições.
Os discípulos de Jesus haviam acabado de chegar de uma missão e estavam exaustos.
O cansaço físico se somava ao cansaço espiritual, pois o trabalho era intenso.
Quando oramos e ministramos para muitas pessoas, há um cansaço espiritual acentuado, pois se trava uma verdadeira batalha no mundo espiritual. Era o que ocorria, naquele momento, com Jesus e seus discípulos, por isso, estavam muito cansados.
Jesus preocupado com os discípulos, chamou-os para um tempo de descanso em um lugar deserto, levando-os de barco até a região da cidade de Betsaida.
Aprendemos com Jesus, um importante princípio que devemos aplicar em nossas vidas: a necessidade de descanso.
Vivemos em uma época em que tudo corrobora para o ativismo e a correria do dia a dia, em razão do trabalho e dos muitos compromissos que surgem.
Geralmente nem mesmo agendamos tantas coisas, mas há um sistema que nos empurra e nos faz trabalhar incessantemente. Com o surgimento do celular e das mídias sociais, principalmente do WhatsApp, ficamos ligados ao trabalho o tempo todo.
Isso tem gerado muito estresses e um cansaço tanto físico como emocional, na maioria das pessoas. Vivemos escravizados pelo sistema atual. Multiplicamos o número de compromissos diários e aquilo que deveria nos poupar o tempo, acaba por comprometer cada segundo que temos.
Precisamos descansar e para isso é necessário dividir o tempo diário, entre trabalho e descanso.
A falta de descanso leva o homem a destruição, deixando inclusive de ser produtivo.
A Bíblia diz que há tempo para todo o propósito debaixo do céu (Eclesiastes 3.1). Isso significa que podemos estabelecer uma divisão de nosso tempo, entre o trabalho, a família, a igreja, relacionamento com Deus, o lazer, o descanso, etc.
Quando falamos “não tenho tempo para nada”, significa admitir que estamos utilizando o tempo de maneira errada e precisamos administrá-lo de forma mais adequada.
Ovelhas Que Não Tem Pastor
Vs. 34 – “Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque eram como ovelhas que não tem pastor”.
Ao chegar ao local, havia uma multidão de pessoas, vindas de todas as partes. Essas pessoas tinham vindo a pé, aos milhares, chegaram antes de Jesus e o aguardavam.
Jesus olhando para elas, se compadeceu e viu que eram como ovelhas que não tem pastor.
Para as ovelhas, a presença do pastor é fundamental. Elas o seguem e nele confiam. Dependem totalmente da presença do pastor, para satisfazer as necessidades básicas da vida, como alimentar, saciar a sede, repousar e se proteger.
Aquela multidão estava desorientada e Jesus se compadeceu-se dela, passando a lidera-la como um pastor. O que vamos ver na sequência desse relato é exatamente o que é feito pelo pastor de ovelhas.
Jesus passou a ensiná-las muitas coisas. O ensino é fundamental para que haja crescimento, não apenas intelectual, mas também espiritual e emocional.
Através do ensino, Jesus passou a pastorear aquela multidão, dando-lhe direcionamento e conduzindo-a por caminhos espirituais seguros e que conduzem até a presença de Deus.
Como pastor, Jesus também curou as feridas, saciou a sede e alimentou a multidão.
Importante observar que Jesus se compadeceu da multidão e isso nos faz lembrar que nos dias atuais, há uma multidão de pessoas desorientadas, como ovelhas sem pastor, das quais precisamos também nos compadecer.
Como igreja temos essa missão: pastorear as ovelhas perdidas, as quais estão espalhadas por todos os locais. Que o mesmo sentimento que houve em Jesus, também esteja conosco.
Deem De Comer A Eles
Vs. 37 – “Jesus, porém, lhes disse: – Deem vocês mesmos de comer a eles”.
Já era bastante tarde, o dia tinha chegado ao fim e a multidão estava faminta. Os discípulos percebendo isso, foram falar com Jesus.
Os discípulos tinham uma solução simplista para o problema: mande as pessoas embora, para que indo pelos campos ao redor e pelas aldeias, comprem para si o que comer.
Em outras palavras, os discípulos disseram assim: Jesus, as pessoas estão com fome, mas esse problema não é nosso. Vamos nos livrar delas.
Jesus por sua vez, chamou os discípulos para aprenderem a pastorear a multidão, por isso, disse-lhes: deem vocês mesmos de comer a eles. Em outras palavras, Jesus disse: o problema é nosso.
Então, qual a solução? Sair para comprar pães? Duzentos denários não seria o suficiente! Onde encontrar tantos pães? Denário era uma moeda de prata, correspondente ao salário de um dia.
Para Jesus, a solução não estava do lado de fora, mas no meio deles.
Aprendemos que Deus coloca em nosso meio e em nossas mãos, tudo o que é necessário para pastorear as ovelhas. De nossa parte é preciso, a diligência em buscar e descobrir o que Deus já nos disponibilizou e pela fé nos apropriar das promessas de Deus, colocando-nos em ação.
Os recursos de Deus são inesgotáveis e aqueles que se prontificam a realizar a obra, são supridos conforme vão realizando o chamado de Deus.
Grupos De Cem E De Cinquenta
Vs. 39-40 – “Então Jesus lhes ordenou que todos se assentassem, em grupos, sobre a relva verde. E eles o fizeram, repartindo-se em grupos de cem e de cinquenta”.
Antes de realizar o milagre, Jesus ordenou que a multidão se dividisse em grupos menores.
Fica a questão: qual a importância de todos estarem assentados e em grupos de cem e de cinquenta? Porque não poderiam continuar aglomerados como antes estavam?
Primeiro, precisamos lembrar que Jesus está pastoreando a multidão. Essa ordem está ligada a uma questão de organização.
Se assim não fosse feito, com a multiplicação dos pães e peixes, as pessoas iriam se atropelar umas as outras. Quem nunca viu cenas desse tipo?
Com a divisão em grupos, ficou mais fácil levar o alimento a cada um, sem que ninguém fosse esquecido nessa distribuição. A Bíblia diz que “todos comeram e se fartaram”.
Ficou fácil de calcular o número das pessoas presentes: cinco mil homens. Nesse número não constou as mulheres e crianças, o que elevaria para uma contagem de cerca de 20.000 pessoas.
Tudo o que Deus colocou na natureza é resultado de um ato organizado. Tudo está em movimento e em equilíbrio. O nosso Deus é organizado. Cada coisa está em seu devido lugar.
Aprendemos que no pastoreio de ovelhas, a organização é fundamental para que haja sucesso.
Multiplicando Os Pães E Peixes Através Da Oração
Vs. 41 – “Jesus, pegando os cinco pães e os dois peixes, erguendo os olhos para o céu, os abençoou”.
Os discípulos encontraram com um garoto, cinco pães e dois peixes e os levaram até Jesus.
O texto bíblico diz que Jesus erguendo os olhos para o céu, abençoou aquele alimento e ordenou que distribuíssem para a multidão.
Não sabemos os detalhes de como o milagre aconteceu, mas acredito que a multiplicação foi ocorrendo aos poucos, conforme era feita a distribuição dos alimentos.
Jesus partiu os pães e isso era um símbolo dele mesmo, que também seria partido e entregue por todas as pessoas, para a salvação de todo aquele que crer.
Jesus é o pão vivo que desceu dos céus para alimentar a todo que está faminto de Deus.
De igual modo, o peixe se tornou símbolo do cristianismo.
A multidão estava sendo saciada tanto espiritualmente, como fisicamente. Jesus pastoreava aquele povo, cuidando de cada uma de suas necessidades.
Que coisa linda! Os pães e peixes foram se multiplicando de tal maneira, que cada um podia receber o alimento, comer e se fartar. A Bíblia diz que “todos comeram e se fartaram”.
Tudo isso é muito significativo. Jesus afirmou no dia seguinte que “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim jamais terá fome…” (João 6.35). Assim como aquela multidão estava saciada pelos pães materiais, ela também poderia estar saciada espiritualmente, através de Jesus.
As Sobras Da Multiplicação
Vs. 43 – “e ainda recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe”.
Após todos haverem comido e se fartado, Jesus ordenou que recolhessem as sobras, as quais encheram doze cestos, tanto de pães como de peixes.
A multiplicação foi maior do que a necessidade das pessoas. Isso nos mostra que o poder de Deus é ilimitado, maior do que precisamos ou necessitamos.
Doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe, é algo profético. Fala-nos que Jesus tinha alimento para todo o Israel, que era dividido em doze tribos e ainda, está relacionado aos doze discípulos, que devem ter recebido um cesto cada um e teriam alimentos para continuar distribuindo para outros.
É interessante que as sobras da multiplicação eram muito superiores aos cinco pães e dois peixes iniciais e isso nos traz uma mensagem muito importante: “até as sobras de Deus é muito maior do que temos em nossas mãos”.
Quando colocamos o que temos a disposição de Deus, certamente haverá provisão no Reino e também superabundância em nossas vidas.
Vemos por fim, a fé do garoto que entregou o seu lanche nas mãos de Jesus. Ele abriu mão do que tinha e confiou que Jesus sabia o que estava fazendo. Ele pode ver esse grande milagre e fez parte dele.
VAMOS PENSAR UM POUCO
- Você se recorda de alguma experiência em que presenciou a multiplicação, através da oração. Gostaria de compartilhar?
- Ovelhas sem pastor ficam dispersas e perdidas. A igreja é o ajuntamento das ovelhas do Senhor, que ficam sob a liderança de homens chamados e separados por Deus. O que você acha do movimento dos desigrejados?
- Em sua experiência cristã, qual a importância da organização?