Paulo Perante o Sinédrio e o Tribunal de Félix

Estudo 12/2022

Por, Pastor Marcos Valério Fernandes

Texto Para Leitura: Atos Capítulos 23 e 24
Introdução

O estudo anterior retratou a prisão do apóstolo Paulo, poucos dias após ter chegado na cidade de Jerusalém.

Estando Paulo a adorar a Deus no Templo, ele foi acusado por alguns judeus vindos da Ásia, de profanar o local sagrado, gerando uma grande confusão entre a multidão que estava presente, a qual procurou matar Paulo, espancando-o em frente ao Templo. Somente não se consumou o intento de matar Paulo, porque foram impedidos pela intervenção do comandante romano Cláudio Lisias, que com seus centuriões e soldados, retiraram o apóstolo do local e o levaram para a fortaleza Antonia.

Neste estudo estaremos abordando a sequência desse episódio, pois depois de ser preso, Paulo foi levado a julgamento perante o Sinédrio e posteriormente perante o governador romano Félix.

Os capítulos 23 e 24 de Atos dos Apóstolos procuram retratar as acusações lançadas sobre o apóstolo e a sua defesa perante esses tribunais.

Vejamos alguns pontos que se destacam:

Paulo Perante O Sinédrio

Atos 23.1 – “Fitando Paulo os olhos no Sinédrio, disse: Varões, irmãos, tenho andado diante de Deus com toda a boa consciência até o dia de hoje”.

O capítulo 22 terminou com a narrativa de que o comandante romano determinou que Paulo fosse apresentado perante o Sinédrio.

O Sinédrio era o órgão máximo da religião judaica e era composto pelos principais sacerdotes e dentre eles, o sumo sacerdote, além de representantes dos fariseus, saduceus, escribas e outros líderes da época. O sumo sacerdote naqueles dias era Ananias.

Diante do Sinédrio Paulo teve a oportunidade de apresentar a sua defesa, declarando que sempre andou diante de Deus com a boa consciência.

Diante das primeiras palavras proferidas por Paulo, o sumo sacerdote que estava assentado para julgá-lo, mandou que alguém lhe batesse em sua boca, certamente com o intuito de intimidá-lo logo de início, deixando-o nervoso e desestruturado em sua defesa.

Paulo não sabendo que a ordem para lhe ferir viera do próprio sumo sacerdote, repreendeu-o dizendo que ele estava ali para julgá-lo nos termos da Lei e contra a própria Lei tinha mandado o ferir. Mas depois, ao tomar conhecimento que era o sumo sacerdote a pessoa que o julgava, ele se retratou dizendo que não sabia que se tratava do sumo sacerdote.

Vencida essa questão e em prosseguimento a sua defesa, Paulo sabendo que o Sinédrio estava dividido entre fariseus e saduceus, ele se declarou fariseu e filho de fariseus, buscando assim ter o apoio de uma parte do Sinédrio, o que acabou conseguindo.

O judaísmo era dividido em vários grupos religiosos, dentre eles os fariseus e os saduceus.

Os fariseus era um grupo religioso que mantinha rígidas práticas da religião judaica, se apoiando na Lei de Moisés e na tradição. Eles acreditavam na ressurreição dos mortos.

Já os saduceus compreendiam um grupo mais elitizado, composto de muitos sacerdotes. Eram bem descrentes. Não criam na ressurreição dos mortos e na existência de anjos ou de espíritos.

O evangelho pregado por Paulo tinha especial enfoque na ressurreição de Jesus, de maneira que ele direcionou a sua defesa em afirmar que estava sendo julgado no tocante a esperança da ressurreição dos mortos, o que atraiu para o seu lado o grupo de fariseus que estava presente no Sinédrio.

Diante da defesa proferida por Paulo, houve um tumulto tão grande entre os membros do Sinédrio, que foi necessário que Paulo fosse retirado às pressas do local e levado de volta para a fortaleza.

Observamos pela narrativa do texto, a grande dificuldade que Paulo enfrentou, pois estava sozinho diante de um enorme grupo de pessoas que o odiavam e desejam poder lhe condenar a morte. Não tinha advogado ou alguém que pudesse ajuda-lo em sua defesa. Entretanto, ele podia contar com a graça de Deus e com a sabedoria que o Senhor lhe concedia para que a sua defesa pudesse confundir os seus acusadores.

Coragem

Atos 23.11 – “Na noite seguinte, o Senhor, pondo-se ao lado dele, disse: Coragem! Pois do modo por que deste testemunho a meu respeito em Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma”.

Depois de um dia muito difícil, Paulo recebe a visita do próprio Senhor Jesus, que se pôs ao seu lado para o encorajar.

Imagino que como todo o ser humano, possivelmente, Paulo estivesse fragilizado naquele momento. Quantas coisas devem ter passado em sua mente. Talvez se sentisse sozinho diante de tamanha oposição.

Nessa hora de tamanha luta, Jesus se manifesta a ele para lhe trazer coragem e fortalecer a sua fé. Ele não estava sozinho, o Senhor estava com ele e tinha propósitos em tudo aquilo.

Jesus disse a Paulo que importava que ele testemunhasse em Roma, da mesma maneira que fizera em Jerusalém. Em outras palavras, o que estava acontecendo a Paulo era algo necessário nos planos de Deus, para que o evangelho fosse anunciado até diante do imperador romano.

Paulo É Livre De Uma Cilada

Atos 23.12 – “Quando amanheceu, os judeus se reuniram e, sob anátema, juraram que não haviam de comer, nem beber, enquanto não matassem Paulo”.

Mais de quarenta homens fizeram um pacto entre si para matarem a Paulo. Sob pena de maldição, não comeriam e não beberiam até que Paulo fosse morto e para isso armaram-lhe uma cilada.

A cilada consistia em solicitar ao comandante romano que novamente levasse Paulo a julgamento perante o Sinédrio e nesse percurso eles fariam com que Paulo fosse assassinado.

A providência de Deus fez com que essa cilada se tornasse conhecida pelo sobrinho de Paulo, o qual conseguiu levar essa informação ao comandante romano, e este decidiu naquela mesma noite levar Paulo escoltado por uma forte tropa de quatrocentos soldados romanos até a cidade de Cesareia, onde o entregaram a custódia do próprio governador.

Vemos nesse episódio a ira que os judeus tinham de Paulo. Por outro lado, podemos observar que os desígnios humanos, sejam bons ou maus, sempre estão sob o controle de Deus.

Não foi por acaso que a cilada articulada pelos judeus acabou sendo descoberta. Deus estava conduzindo a história e era seu propósito que Paulo pudesse testemunhar do evangelho diante de governadores e reis.

Cumpria-se naquele momento, as palavras de Jesus Cristo, ditas a respeito de Paulo, quando da sua conversão: “Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel” (Atos 9.15).

Paulo Perante Félix

Atos 24.1 – “Cinco dias depois, desceu o sumo sacerdote, Ananias, com alguns anciãos e com certo orador, chamado Tértulo, os quais apresentaram ao governador libelo contra Paulo”.

Com a chegada da cavalaria em Cesareia, os soldados entregaram Paulo ao governador Felix, ficando assim detido no pretório de Herodes.

Marco Antonio Felix foi governador da judeia no período de 52 a 60 d.C., por nomeação do Imperador romano. Sabendo que Paulo afirmou em sua defesa que Felix era juiz da nação há vários anos e que o mesmo, dois anos mais tarde foi substituído em seu posto, chegamos a conclusão que Paulo foi detido por volta do ano 58 d.C.

Diante do governador Felix, o sumo sacerdote utilizando-se de um orador chamado Tértulo, apresentou sua acusação (libelo) contra Paulo, alegando que promovia sedições entre os judeus esparsos por todo o mundo e que também era o principal agitador de uma seita chamada dos nazarenos. Acusou ainda Paulo de ter tentado profanar o Templo, razão pela qual teria sido preso.

Por sua vez, Paulo falando ao governador, apresentou a sua defesa dizendo que fora a Jerusalém para adorar e que no Templo não discutiu com ninguém, tampouco, teria amotinado o povo.

Paulo argumentou que as acusações que lhe eram proferidas não podiam ser provadas.

Por outro lado, Paulo aproveitou para falar da sua fé em Cristo, confirmando que pertencia ao grupo “o Caminho”, que era o nome dado a igreja naqueles dias. Afirmou que servia a Deus, acreditando em todas as coisas que estejam de acordo com a lei e nos escritos dos profetas, tendo esperança em Deus e na ressurreição dos mortos, tanto dos justos como dos injustos.

Em sua defesa, Paulo deixava muito claro que estava sendo julgado por uma questão religiosa.

O governador Felix resolveu deixar Paulo preso sob sua custódia, para analisar o caso com mais cuidado. Vemos que essa decisão era um tanto quanto política, pois embora o governador não tivesse elementos para condenar Paulo, também não queria soltá-lo para não contrariar os judeus.

Paulo Perante Felix Pela Segunda Vez

Atos 24.24 – “Passados alguns dias, vindo Felix com Drusila, sua mulher, que era judia, mandou chamar Paulo e passou a ouvi-lo a respeito da fé em Cristo Jesus”.

Paulo ficou preso dois anos durante o governo de Felix, o qual foi sucedido por Porcio Festo.

Nesse período, o governador chamou Paulo uma segunda vez diante o seu tribunal. Nessa oportunidade, o governador estava acompanhado de sua esposa Drusila, a qual era judia e, portanto, conhecedora de todo o conteúdo da religião judaica.

Houve da parte do governador o interesse em ouvir Paulo sobre a sua fé, razão pela qual o apóstolo aproveitou a oportunidade e falou sobre a Justiça, o domínio próprio e o Juízo vindouro, levando Felix a ficar até amedrontado com a sua explicação.

Os assuntos abordados por Paulo geraram interesse por parte do governador, de maneira que chamou Paulo à sua presença por diversas vezes para conversar com ele.

O período em que Paulo permaneceu preso em Cesaréia não foi em vão. Acredito que o propósito de Deus era que o testemunho do evangelho fosse apresentado ao governador da Judéia, o que acabou se consolidando pelas várias entrevistas que Paulo teve com ele.

Nós não conseguimos compreender de imediato os propósitos de Deus em determinados acontecimentos, mas depois, passado algum tempo, podemos ver que em tudo o que acontece, o Senhor aproveita para trazer bençãos para as nossas vidas e crescimento do Reino de Deus.

É difícil compreender o fato de Paulo ter o seu ministério interrompido pela prisão, ficando longos anos detido nessa condição, desde Jerusalém até Roma. Todavia, foi nesse período em que esteve preso, que ele teve o tempo e a oportunidade de escrever as suas várias cartas, dirigidas às igrejas e companheiros, as quais compõem o Novo Testamento.

A prisão não pode calar a pregação de sua mensagem, mas se transformou em um púlpito para lançar a mensagem do evangelho a todas as gerações e pessoas espalhadas por todo o mundo. 

O tempo de prisão e o sofrimento nessa condição, acabou se transformando em uma maneira de potencializar o ministério apostólico de Paulo, resultando em bençãos que nos tem alcançado.

Vamos Pensar Um Pouco
  1. – Na sua opinião, qual a razão de tamanha ira dos judeus contra Paulo?
  2. – O que você acha sobre a visita de Jesus a Paulo para lhe trazer encorajamento?
  3. – Como você aplicaria na vida de Paulo, o texto bíblico: todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus?
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