A Prisão e a Morte de João Batista

Estudo 33/2022

Por, Pr. Marcos Valerio Fernandes

Texto Para Leitura: Evangelho de Marcos 6:14-19
Introdução

O Estudo de hoje discorre sobre a prisão e a morte de João Batista, demonstrando sobre as causas que o levaram a ser decapitado no cárcere.

Entretanto, todo o relato bíblico está envolvido na seguinte questão: “quem era Jesus”.

Os milagres que Jesus e seus discípulos estavam realizando tinham se tornado notórios entre o povo e haviam chegado aos ouvidos do próprio rei Herodes.

Havia entre as pessoas a ideia de que Jesus fosse algum dos antigos profetas, como Elias. Outras pessoas ainda, acreditavam que fosse João Batista ressuscitado.

O próprio rei Herodes, convicto de que através de Jesus se manifestava forças miraculosas, opinou no sentido de que João Batista, a quem mandara matar, havia ressuscitado.

A crença de que Jesus fosse alguém que voltara dentre os mortos, nos indica que embora o povo não tivesse o conhecimento correto a seu respeito, estavam convictos dos milagres que aconteciam através do seu ministério.

Diante desse questionamento entre o povo, o evangelista aproveita para narrar os fatos que levaram João Batista a ser decapitado, por ordem do rei Herodes.

João Batista foi um importante profeta, precursor do ministério de Jesus. Havia entre o povo de Israel um reconhecimento de que ele era profeta de Deus. O próprio Senhor Jesus reconheceu a grandiosidade do trabalho realizado por ele, dizendo que entre os nascidos de mulher, ninguém foi maior que João Batista (Lucas 7.28).

João Batista glorificou a Deus através de sua vida e também, pela sua morte. Em Israel, muitos dos profetas do Senhor foram mortos. E, por fim, o próprio Messias também o seria.

Neste estudo vamos analisar alguns pontos importantes nesse relato.

A Prisão De João Batista

Vs. 17 – “Porque o próprio Herodes havia mandado prender João e amarrá-lo na prisão, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe, com a qual Herodes havia casado”.

A família herodiana era de origem idumeia (descendente de Esaú) e governavam em Israel por determinação do governo romano. O rei Herodes citado neste texto, era Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande, que com a sua morte, deixou seu reinado dividido em quatro partes, chamadas de tetrarquias.

Herodes Antipas, era tetrarca sobre a Galileia, incluindo a Pereia e o seu meio irmão Filipe, governava sobre a região da traconítida.

Antipas se casara com Herodias, que fora mulher de seu irmão Filipe e esse novo casamento não foi aprovado por João Batista, que apontou o pecado do rei, dizendo-lhe que ele não tinha o direito de viver com a mulher de seu irmão.

Em razão de ser incisivo em apontar o pecado do próprio rei, João Batista foi preso e amarrado no cárcere. Mesmo preso, João Batista não recuou em sua convicção. Embora nenhuma outra pessoa tivesse tido a coragem de confrontar o pecado do rei, João Batista teve.

Em virtude de sua posição firme contra o pecado do rei, João Batista foi preso e mantido amarrado no cárcere. Não sabemos quanto tempo esteve na prisão, mas o suficiente para acirrar o ódio de Herodias contra ele.

Aprendemos com esse episódio, que ninguém tem o direito de viver em pecado, nem o próprio rei e também, João Batista não poupou a ninguém de ter o seu pecado confrontado.

Vemos que João Batista tinha conceitos bem rígidos com relação ao casamento, não aceitando práticas pecaminosas e relacionamentos ilícitos. Isso nos leva a pensar: se João Batista estivesse exercendo o seu ministério nos dias atuais, quais seriam os pecados que estaria apontando?

A Dança Da Filha De Herodias

Vs. 22 – “a filha de Herodias entrou no salão e, dançando, agradou a Herodes e aos seus convidados. Então o rei disse a jovem: – Peça o que quiser, e eu lhe darei”.

Era a comemoração do aniversário de Herodes e houve uma festa no palácio com a presença de autoridades, oficiais militares e pessoas importantes da Galileia.

Durante a festa, a filha de Herodias entrou no salão de festa, dançando na presença de todos. Ela era filha de Herodias e Filipe, portanto, sobrinha de Antipas. Tem sido conhecida pelo nome de Salomé. Era ainda muito jovem, o que fica também evidenciado pelo fato que não soube por si mesma fazer a escolha do presente real, mas foi perguntar a sua mãe.

A dança que apresentou certamente foi extremamente sensual. O texto bíblico diz que agradou o rei, a ponto dele lhe oferecer até mesmo a metade de seu reino. Considerando a podridão dos relacionamentos herodianos, sem dúvida o presente ofertado tinha segundas intenções.

A sensualidade é uma prática pecaminosa, despertando desejos imorais, sendo que a dança é uma das maneiras muito fortes de praticá-la.

O povo de Israel praticava a dança como expressão de alegria e adoração a Deus, sem a conotação sensual. Os povos pagãos, por sua vez, a praticavam como forma de sensualidade e adoração aos seus deuses.

Precisamos entender, que os costumes mundanos não devem ser por nós praticados e deles devemos nos afastar, pois são caminhos de morte.

Muitos cristãos, principalmente jovens, tem se deixado levar pelas festas de carnaval e baladas, acabando por se prender em práticas pecaminosas, que muitas das vezes os deixam com consequências para o decorrer da vida.

A Promessa De Herodes E A Escolha Da Filha De Herodias

Vs. 25 – “No mesmo instante, voltando apressadamente para junto do rei, disse: – Quero que, sem demora, o senhor me dê num prato a cabeça de João Batista”.

Instigada por sua mãe, a filha de Herodias pediu a cabeça de João Batista, o que lhe foi concedido imediatamente.

O texto bíblico diz que o rei ficou muito triste com isso, mas não negou de fazê-lo por causa do juramento que fizera.

Alguns pontos precisamos abordar:

a) – A tristeza do rei estava relacionada com o medo da posterior reação do povo, que considerava João Batista um profeta.

O rei já não tinha executado João Batista logo de início, porque sabia que era uma decisão impopular e que lhe traria consequências.

Embora o rei tivesse ouvido João Batista por algumas vezes, não deixou o seu coração ser transformado. Não reconheceu o seu pecado e não se arrependeu.

Um pecado sempre leva a outro pecado e foi isso que aconteceu com ele, cada vez se enterrando mais em seus erros.

Antipas teve duas grandes oportunidades concedidas por Deus. Em sua presença esteve João Batista e algum tempo depois, o próprio Senhor Jesus. Muito embora, tivesse consciência que o sobrenatural de Deus se manifestava através de João Batista e de Jesus, o rei permaneceu endurecido pelos seus pecados e assim terminou a sua existência.

b) – Uma festa como aquela era regada a muita bebida e o rei certamente estava embriagado quando prometeu dar até a metade do seu reino.

Uma pessoa embriagada fala o que não convém e assume compromissos sem pensar nas consequências.

O uso da bebida geralmente acaba por causar muitos problemas, principalmente quando se perde o seu controle.

Controlar o uso da bebida é um fator que todos acham que conseguem, mas na prática a maioria fracassa e acaba por sucumbir, deixando-se serem dominados.

A Bíblia é clara em dizer para não se embriagar com o vinho, no qual há dissolução (Efésios 5.18).

Quando a pessoa está embriagada ou sob os efeitos da bebida alcoólica, quase sempre perde o seu controle pessoal, fala o que não deve, fere pessoas, causa acidentes e confusões, destrói relacionamentos, etc. Esses atos são pecados.

A abstinência a bebida alcoólica é o melhor caminho para não ser por ela dominado.

c) – O rei fez um juramento precipitado e teve que cumpri-lo.

Isso nos ensina a pensar muito bem antes de se comprometer a realizar alguma coisa. Tenho visto muitas pessoas assumirem compromissos irrefletidos, dos quais, posteriormente, se arrependem e arcam com as consequências.

Antes de assinar um contrato, fazer um empréstimo, adquirir alguma coisa, comprometer sua palavra, é muito importante pensar bem, orar, se aconselhar, ter a concordância do cônjuge, para não incorrer em erros que trazem problemas futuros.

d) – A escolha da filha de Herodias foi realizado em atendimento ao desejo de sua mãe, que por ódio extremo, levou sua filha a abrir mão de obter joias, ricas dádivas e até posição política, em troca de ver a morte do profeta.

Tanto a mãe, quanto a filha, entraram para a história por essa escolha e responderão pela eternidade em razão do pecado cometido.

Isso nos faz pensar sobre as nossas próprias escolhas. Cada escolha que fazemos traz um resultado, seja bom ou ruim.

Diariamente fazemos escolhas e precisamos toma-las da maneira correta. Para que essas escolhas sejam acertadas, precisamos da sabedoria que vem de Deus.

As vezes reclamamos do que nos acontece, mas ao invés de reclamar, devemos refletir sobre nossas escolhas pessoais. Algumas vezes as escolhas que outros fizeram também nos atinge, mas não há como evita-las. Todavia, nossas escolhas podem ser tomadas com responsabilidade e com sabedoria, de maneira que não venhamos a nos arrepender no futuro.

A Morte Do Profeta

Vs. 27 – E, enviando logo o executor, mandou que lhe trouxessem a cabeça de João. E ele foi e o decapitou na prisão, e, trazendo a cabeça num prato, a entregou à jovem, e esta por sua vez, a entregou à sua mãe”.

João Batista concluiu o seu ministério com a sua morte na prisão. Foi fiel ao Senhor e não recuou em sua missão.

Deixou um legado de vidas transformadas pela sua pregação, as quais foram encaminhadas a servir a Cristo. Preparou o caminho do Senhor, cumpriu cabalmente o seu chamado.

Começou no deserto pregando ao povo e terminou pregando ao rei, dentro da prisão.

Seu ministério não se extinguiu, mas foi incorporado ao de Jesus, pois os seus discípulos procuraram ao mestre, logo depois. João Batista não atraiu para si a atenção e os olhares do povo, mas os direcionou para Jesus.

Esse exemplo é para todos nós, que fazemos a obra de Deus. O ministério não tem como alvo a gloria do pastor, do evangelista ou do profeta, mas a Glória de Deus.

VAMOS PENSAR UM POUCO
  1. Se João Batista exercesse o seu ministério nos dias atuais, qual seria a sua pregação? Quais pecados ele estaria apontando?
  2. Em sua opinião, porque as pessoas acreditavam que Jesus fosse algum dos antigos profetas ou o próprio João Batista, que havia ressuscitado?
  3. Você concorda que somos resultado das nossas escolhas diárias? Você tem algum exemplo para citar? Compartilhe entre o grupo.
  4. A sensualidade é incentivada pelo mundo. Você entende que ela é pecado?
  5. Como evitar a prática da sensualidade?

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