Divórcio e a Bíblia

Estudo 02/2023

Por, Pastor Marcos Valerio Fernandes

Texto Para Leitura: Marcos 10:1-12
Introdução

A partir do capítulo 10, o Evangelho de Marcos passa a descrever a caminhada de Jesus em direção a região da Judéia, até a sua chegada em Jerusalém.

Chegando na região da Judéia, as multidões novamente se ajuntaram em sua volta e junto com ela, vieram também opositores de Jesus, os fariseus.

Com o objetivo de colocar Jesus à prova, os fariseus lhe perguntaram: É lícito ao marido repudiar a sua mulher?

Repudiar significa “mandar embora” com o intuito de divorciar-se.

Os fariseus queriam colocar Jesus à prova, pois divórcio era uma questão que dividia opiniões, como continua a acontecer nos dias atuais.

Jesus já havia se posicionado com relação ao divórcio, no início de seu ministério, quando proferiu o Sermão do Monte (Mateus 5.31-32), sendo talvez essa a razão da pergunta dos fariseus, os quais queriam colocar Jesus em confronto com a Lei Mosaica, com a finalidade de desacreditá-lo perante o povo.

Neste estudo, desejamos analisar a resposta de Jesus, procurando dele extrair princípios bíblicos relacionados ao casamento e o que Deus espera de nós.

O Que Moises Ordenou A Vocês?

Vs. 3 – “Jesus respondeu: –o que foi que Moises ordenou a vocês?”

Jesus sabia que os fariseus, seus opositores, queriam confrontá-lo em relação a lei mosaica. Por essa razão, de imediato Jesus já perguntou sobre o que foi dito por Moises sobre o divórcio.

Os fariseus responderam que Moises permitiu o divórcio e o repúdio, orientando que fizessem uma “carta de divórcio” a qual era entregue a mulher autorizando-a a casar-se com quem quisesse.

O texto de Deuteronômio 24.1-4 era a base da lei mosaica quanto ao divórcio. Ela permitia que o homem entregasse uma “carta de divórcio” a mulher, caso ela não fosse agradável aos seus olhos, por ter achado alguma coisa indecente nela.

A frase “achar alguma coisa indecente nela” não é encontrada em outro lugar na Bíblia, de maneira que se passou a ser uma questão de interpretação.

Nos dias de Jesus haviam pelo menos duas escolas rabínicas que ensinavam a esse respeito:

a) – a Escola de Shammai – eram restritos na questão do divórcio, entendendo que somente em casos de adultério era permitido ao marido divorciar-se de sua mulher;

b) – a Escola de Hillel – eram liberais na questão do divórcio, entendendo que qualquer motivo poderia ser usado pelo marido para obter o divórcio. Tipo assim: queimou o feijão …

Naqueles dias o divórcio tinha se banalizado. Além da poligamia (um homem casar com mais de uma esposa), a prática do divórcio era corriqueira. A lei romana autorizava inclusive que a mulher promovesse o divórcio em relação ao seu marido.

O Princípio Estabelecido Por Deus

Vs. 6-9 – “Porém, desde o princípio da criação, Deus fez homem e mulher. Por isso o homem deixará o seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, tornando-se os dois uma só carme. De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, que ninguém separe o que Deus ajuntou.”

Jesus explicou que Moises permitiu a concessão da “carta de divórcio” em razão da dureza do coração humano em aceitar o princípio divino.

Não era a vontade divina o divórcio, mas a ordem de se expedir uma “carta de divórcio” em casos de repúdio da mulher, era uma permissão para se evitar um mal maior entre o povo.

O repúdio era um costume generalizado no mundo antigo e frequentemente realizado entre o povo de Israel. Moises para regulamentar essa questão determinou que se expedisse essa carta. A “carta de divórcio” era também uma maneira de proteger a mulher, pois com a carta, estaria livre de seu marido e poderia se casar novamente, não ficando ao desamparo.

Entretanto, o propósito original de Deus para o casamento era muito diferente. Deus criou o homem e a mulher para que se unissem e se tornassem uma só carne.

O homem deixaria sua família e se uniria a sua mulher para a formação de uma nova família. A intenção de Deus era que o casamento fosse uma união permanente, tornando o casal uma só carne.

Com base no princípio divino, Jesus se posicionou dizendo que ninguém deve separar o que Deus ajuntou.

Ao dizer que Deus ajuntou, Jesus enfatizou que o casamento é muito mais do que uma decisão humana, mas uma união efetivada pelo próprio Deus.

Além disso, Jesus confrontou a questão da poligamia, prática muito comum naqueles dias, pois citou o texto de Gênesis 2.24, mostrando que o propósito de Deus era o casamento monogâmico, entre um homem e uma mulher.

O Que A Bíblia Diz Sobre O Casamento E O Divórcio

A Palavra de Deus busca demonstrar a beleza da união conjugal e a sua importância para a felicidade humana.

Os Salmos 127 e 128 enfatizam as bençãos de Deus sobre a família, mostrando os filhos como herança do Senhor para o casal.

O livro de Cantares de Salomão é todo dedicado para demonstrar uma união conjugal feliz, sendo tido como um exemplo do relacionamento entre Jesus e a sua Igreja.

Hebreus 13.4 exorta que deve ser considerado digno de honra entre todos o matrimônio.

O apóstolo Paulo escrevendo para a Igreja de Éfeso (Ef 5.21-33) faz uma comparação entre o casamento e o relacionamento de Jesus e a sua Igreja, falando sobre o amor e o cuidado que o marido deve ter com a sua esposa e o respeito desta para com ele.

Em toda a Bíblia, o casamento é tido como uma instituição estabelecida por Deus, fundamental para a formação da família.

O profeta Malaquias (Ml 2.14) fala do casamento como sendo uma “aliança” ou “pacto” entre o homem e a mulher, da qual o Senhor torna-se testemunha.

Sabemos que a aliança é algo sério e não deve ser quebrada. A quebra de uma aliança sempre gera consequências negativas para que a desrespeitou.

Malaquias ainda profetiza dizendo que Deus odeia o divórcio (Ml 2.16).

Sabemos que divórcio é sinônimo de discórdia, confusão, brigas, separação, traumas, perdas, prejuízos e muito mais.

Do mesmo modo, também são conhecidas as consequências que o divórcio causa na vida dos filhos, principalmente quando pequenos ou adolescentes, os quais suportam traumas e revoltas que marcam de maneira tão terrível suas vidas, pois geralmente não possuem capacidade emocional para suportar a dor da separação dos pais.

Jesus foi explicito em condenar a prática do divórcio, fazendo apenas referência a exceção em casos de relação sexuais ilícitas (Mateus 19.9), o que era pacífico entre o pensamento da época.

Casamento E Divórcio Nos Dias Atuais

Nos dias atuais há uma grande campanha da mídia para desacreditar o casamento. Isso faz parte de um projeto de se estabelecer novas ideologias, mudando-se a cultura judaico cristã.

Para isso, busca-se incutir a ideia de que o casamento é uma prisão e uma instituição falida.

Durante várias décadas a grande mídia busca enfatizar a fragilidade e o fracasso do casamento, trazendo várias alternativas para induzir a população a procurar formas diferentes de relacionamentos, os quais são contrários aos princípios divinos.

Temos observado que nenhuma forma de convivência mútua, diferente do casamento, tem se mostrado capaz de trazer a felicidade para o homem. Aliás, a maioria dos grandes problemas modernos estão relacionados a quebra do princípio bíblico.

Por outro lado, os índices de divórcios em nossos dias são muito altos e isso se deve, principalmente, pelo despreparo das pessoas ao constituir o matrimônio e ideias erradas que as pessoas passaram a ter do casamento.

Qualquer motivo tem sido causa para que casais fiquem frustrados e se separem. A ideia de que o casamento é temporário tem feito com que as pessoas não lutem por firmar o relacionamento, achando mais fácil buscar outro relacionamento, acreditando que assim será melhor.

A erotização da sociedade moderna tem feito com que as pessoas nunca se sintam satisfeitas com o seu cônjuge, razão pela qual a infidelidade é cada vez maior. Sabemos que o adultério acaba por fulminar os relacionamentos, pois com ele entra a desconfiança, as brigas e muito mais.

A questão que mais se pergunta é: eu posso ou devo me divorciar?

Primeiramente, todos precisam ter em mente o ensino de Jesus: o propósito de Deus é que o nosso casamento seja permanente.

Dessa maneira, pensar em divórcio deve ser a última das opções, chegando-se a ela quando não há meios de se restabelecer a normalidade do vínculo do casamento, com a ocorrência de adultério ou situações de agressões físicas e psicológicas, por exemplo.

Precisamos lembrar que a ocorrência do adultério não torna obrigatório o divórcio, podendo o cônjuge inocente optar pelo perdão e a restauração de seu casamento.

O casal em crise deve sempre buscar o conselho pastoral ou de conselheiros cristãos, os quais poderão ajudar nessas decisões.

Toda a convivência está sujeita a desgastes, por isso, precisamos sempre zelar por edificar e manter o nosso casamento e, para isso, cuidando para que ele esteja cada vez melhor.

Se você já passou pela experiência do divórcio, sabe o quanto difícil é essa decisão. Procure perdoar e se perdoar pelo passado. Se possui ou irá contrair novo casamento, lute para que ele não seja atingindo novamente. Busque a orientação de Deus para que se torne permanente e feliz.

Deus instituiu o casamento para a felicidade humana, sendo certo que através dele o casal possui plenamente as condições de obter uma vida satisfatória.

É preciso entender que o casamento necessita ser cultivado, para que possa florescer e frutificar. Um casamento não se consolidará sem que haja um investimento por parte do casal no sentido de fazê-lo se fortalecer. É obvio também, que há a necessidade de ajustes por parte de cada um, pois quando se contrai o casamento é preciso deixar de pensar como indivíduo e passar a pensar como casal.

O casal precisa fortalecer sua união, zelando por alguns dos pilares básicos para que o casamento se torne sólido, dentre eles o amor mútuo, a comunicação eficaz, a fidelidade, a valorização do outro, o perdão, a fé em Deus, a transparência entre os cônjuges, o cuidado com a vida financeira evitando os compromissos exagerados e desnecessários, vida sexual abundante.

A certidão de casamento não é justificativa para o descuido pessoal na aparência e na higiene. Além disso, tirar tempo para passear juntos, conversar, fazer planejamento do futuro, são boas práticas que trazem muitos frutos prazerosos para o casal.

Conforme exposto pelo Senhor Jesus, o propósito de Deus para as nossas vidas é que o nosso casamento seja permanente, de maneira que devemos investir nele todos os nossos esforços, acreditando que as bençãos de Deus serão derramadas sobre as nossas vidas.

Que cada casal de nossas células, seja exemplo de sucesso conjugal, transmitindo aos filhos o modelo de relacionamento instituído por Deus.

Precisamos defender nossa família contra todas as investidas de satanás, que procura destruí-la com sofismas e ideologias mundanas e para isso, precisamos orar e cobrir com a graça de Deus nossas vidas.

VAMOS PENSAR UM POUCO
  1. Em sua opinião, quais são as maiores dificuldades que os casais enfrentam nos dias atuais?
  2. Quais os maiores obstáculos que uma pessoa divorciada enfrenta?
  3. A opção de morar junto com outra pessoa sem se casar, está nos planos de Deus para o homem? O que se fazer?
  4. Se o casamento não vai bem, o que deve ser feito?
  5. É possível perdoar o cônjuge que foi infiel? Quais as consequências da infidelidade conjugal?
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