A Incredulidade dos Nazarenos

Estudo 31/2022

Por, Pr. Marcos Valério Fernandes

Texto Para Leitura: Evangelho de Marcos 6:1-6
Introdução

Depois de realizar a ressurreição da filha de Jairo, em cidade próxima ao Mar da Galileia, Jesus resolveu ir para a sua terra (Nazaré), sendo acompanhado por seus discípulos.

Nazaré ficava a uma distância aproximada de 25 quilômetros do Mar da Galileia.

Jesus nasceu em Belém, da Judeia, mas foi criado na cidade de Nazaré, onde passou a maior parte de sua vida, permanecendo até o início de seu ministério, quando mudou-se para Cafarnaum.

Nazaré era um pequeno vilarejo nos dias de Jesus, com algumas centenas de habitantes e bem poucas casas.

Atualmente, Nazaré é o segundo local em Israel, mais visitado por turistas cristãos. Possui uma população de 70.000 habitantes, sendo 2/3 de origem muçulmana e 1/3 de origem cristã.

Logo após o início de seu ministério, Jesus resolveu visitar sua cidade e esse episódio foi narrado, além de Marcos, também por Mateus 13.53-58 e Lucas 4.16-30.

A narrativa de Lucas expõe a leitura do texto bíblico de Isaias e as palavras que Jesus falou dentro da sinagoga, terminando com a narrativa que o povo de Nazaré tentou matar Jesus.

Os evangelistas Mateus e Marcos se atem a questão da rejeição que Jesus sofreu em sua própria terra, em razão da grande incredulidade que tiveram.

Neste estudo, tomando por base o texto de Marcos, vamos procurar analisar os questionamentos e a rejeição do povo de Nazaré com relação a Jesus e o que o Mestre disse a respeito dessa atitude deles.

De Onde Lhe Vem Tudo Isso?

Vs. 2 – “Chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga, e muitos, ouvindo-o, se maravilham, dizendo:  – De onde lhe vem tudo isso? Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos?”

Em Nazaré havia uma sinagoga e no dia de sábado, como era o costume, o povo nela se reunia para ouvir a leitura da Palavra de Deus, cantar, fazer orações e adorar a Deus.

Naquele sábado Jesus se fez presente, como o fizera inúmeras vezes durante o tempo em que ali residiu, por mais de vinte anos.

Conforme a narrativa de Lucas, Jesus fez a leitura do texto de Isaias 61.1-2 e afirmou que naquele dia, nele se cumpria as palavras daquela profecia, o que indica que se apresentava como o Messias esperado por Israel.

Houve no coração dos ouvintes um sentimento misto de admiração e de incredulidade ao mesmo tempo, pois por um lado, reconheceram que suas palavras e seus milagres eram surpreendentes, mas por outro lado, o rejeitaram, não conseguindo recebe-lo como profeta.

A primeira pergunta que inquietava o povo era: de onde lhe vem tudo isso?

Essa pergunta está ligada ao fato de que durante o tempo em que Jesus viveu naquela cidade, ele era uma pessoa comum. Isso nos evidencia a perfeita humanidade de Jesus.

Todavia, de um momento para o outro, Jesus passou a ensinar e a fazer coisas surpreendentes, que antes ele não fizera. Então, de onde viera tudo aquilo?

Possivelmente pensaram que Jesus estava enganando o povo. Não conseguiram crer que ouviam uma mensagem verdadeira, pois eles conheciam a Jesus como uma pessoa simples que crescera no meio deles.

Entretanto, a resposta para a pergunta, estava na própria leitura feita por Jesus no texto de Isaias 61.1, que diz: “o Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu …”.

Depois que saíra de Nazaré, Jesus foi batizado nas águas e cheio do Espírito Santo, iniciando o seu ministério na Unção e no Poder do Espírito Santo.

Para aquela pergunta, de onde lhe vem tudo isto? a resposta era: vem de Deus.

Que Sabedoria É Esta Que Lhe Foi Dada?

Vs. 2: “Chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga, e muitos, ouvindo-O, se maravilharam, dizendo: de onde lhe vem tudo isso? Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos?”

Ao se encarnar, Jesus tornou-se perfeitamente homem. Era 100% humano e ao mesmo tempo, era 100% divino. Todavia, Jesus abriu mão de sua glória e viveu como homem.

Não estudou em nenhuma escola rabínica, mas quando tinha doze anos de idade, já possuía a capacidade para conversar com os doutores da lei, no templo de Jerusalém.

Entretanto, durante o tempo que Jesus viveu em Nazaré, o fez como uma pessoa comum, pois não tinha ainda iniciado o seu ministério. Viveu como uma pessoa normal entre eles.

Agora, Jesus volta a cidade, cheio do Espírito Santo e no exercício de seu ministério, para proclamar aos habitantes daquele lugar, a mensagem do Reino de Deus.

Era evidenciada em seus lábios uma sabedoria nunca antes ouvida por aquele povo. Havia um reconhecimento de que algo diferente estava presente na vida de Jesus.

De onde viera aquela sabedoria?

Havia uma única resposta a essa pergunta. A sabedoria vinha do alto. Vinha do próprio Deus.

E Como Se Fazem Tais Maravilhas Por Suas Mãos?

Vs. 2 – “Chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga, e muitos, ouvindo-o, se maravilham, dizendo:  – De onde lhe vem tudo isso? Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos?”

A noticia dos milagres realizados por Jesus tinha chegado até Nazaré. Era algo inquestionável que maravilhas aconteciam através de suas mãos.

Entretanto, qual seria a fonte do poder para se realizar essas maravilhas? Essa era a questão.

O povo de Nazaré estava preso às lembranças da convivência simples que tiveram com Jesus por mais de vinte anos, de maneira que não conseguiam acreditar na possibilidade de estarem frente a frente com alguém enviado por Deus.

Havia um preconceito estabelecido no coração de cada um deles, que resultou em sentimento de dúvidas, incredulidade e rejeição ao Filho de Deus.

Não É Este O Carpinteiro?

Vs. 3 – “Não é este o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? As suas irmãs não vivem aqui entre nós? E escandalizavam-se por causa dele”.

Jesus não era apenas o filho do carpinteiro, ele mesmo havia exercido essa simples profissão.

Além disso, a família de Jesus vivia em Nazaré e todos conheciam a sua mãe e seus irmãos.

É interessante que os nomes dos irmãos de Jesus são relatados neste texto. Jesus tinha quatro irmãos e pelo menos duas irmãs. José possivelmente já fosse morto, pois não é citado.

O fato de conhecerem Jesus e a sua família, tornou-se uma barreira para os nazarenos reconhecer o ministério de Jesus.

O texto bíblico diz expressamente que eles se escandalizavam por causa dele. Isso significa que eles entenderam que os feitos de Jesus não eram verdadeiros e ficaram até revoltados, pois o texto de Lucas relata que expulsaram Jesus da cidade, levando-o até o alto do monte com o propósito de lança-lo do alto abaixo. Era uma forma de realizar o apedrejamento posterior.

De maneira sobrenatural Jesus se desvencilhou deles, evitando ser morto naquela ocasião.

O Profeta É Desprezado Em Sua Terra

Vs. 4 – “Jesus porém lhes disse: – Nenhum profeta é desprezado, a não ser na sua terra, entre os seus parentes e na sua casa.”

Havia um desprezo a Jesus pelo fato dele ter crescido no meio do povo de Nazaré. Ao invés de valorizá-lo como o filho mais ilustre, houve um desprezo acentuado exatamente pela proximidade que tiveram com Jesus e a sua família.

Entretanto, Jesus não era o primeiro profeta a ser desprezado pelos seus amigos e familiares. Outros também o foram. Jeremias é um bom exemplo disso, conforme encontramos na narrativa do texto de Jeremias 11.21 comparando com Jeremias 1.1 .

Os próprios familiares de Jesus, até então, também, não tinham aceito o seu ministério. Somente após a ressurreição de Jesus é que o reconheceram como o Messias.

Isso nos serve de alerta, pois Deus levanta líderes no meio da Igreja local, os quais precisam ser reconhecidos e valorizados em nosso meio. Muitos deles somente possuem reconhecimento ministerial quando vão para outros lugares.

Nazaré perdeu a oportunidade da visitação de Deus. Tiveram o privilégio de ter a presença de Jesus durante tanto tempo vivendo entre eles e quando viram Deus se manifestar através da vida dele, não conseguiram crer no que Deus estava realizando em seu meio.

É interessante que Jesus estava em franca popularidade em outros lugares e poderia ter desprezado a pequena cidade de Nazaré, entretanto, voltou para anunciar entre os seus amigos e parentes o que Deus tinha para a vida deles.

Não importa como a nossa mensagem será recebida pelos nossos amigos e familiares, mas devemos anunciar a cada um deles a experiência que temos com Jesus. Eles precisam ouvir de nós mesmos o quanto é valioso e importante ter Jesus em nosso coração.

Embora não tenham crido, Jesus não deixou o povo Nazaré sem a oportunidade de conhecer a visitação de Deus. Jesus se apresentou a eles como profeta e como o Messias.

Da mesma maneira, não devemos deixar de anunciar às pessoas mais próximas à nós, a mensagem do evangelho de Cristo.

A rejeição do povo de Nazaré, era um prenúncio da rejeição final, que seria manifestado a Jesus pela nação de Israel.

Jesus Se Admirou Da Incredulidade Dos Nazarenos

Vs. 6 – “E admirava-se da incredulidade deles.”

Jesus desejava realizar muitos milagres no meio do povo de Nazaré, entretanto, apenas curou algumas pessoas impondo suas mãos.

A incredulidade do povo daquela cidade impediu que milagres acontecesse em seu meio.

Isso não significa que Jesus não tivesse o poder de realizar muitos milagres, mesmo assim.

Entretanto, Jesus não iria manifestar seu poder no meio da incredulidade e da rejeição manifestada por aquele povo.

Aprendemos, que onde há incredulidade, não há manifestação do poder de Deus.

A incredulidade do povo de Nazaré foi tamanha, que Jesus ficou admirado. Não foi a manifestação de algumas pessoas incrédulas. Houve uma incredulidade geral e tão acentuada, que Jesus ficou admirado com aquela situação.

Como é terrível a incredulidade. Ela impede as bençãos de Deus e conduz as pessoas a morte espiritual e eterna, pois perdem a oportunidade de receber a salvação através de Jesus.

Precisamos sondar, diariamente, os nossos corações, para que nenhum tipo de incredulidade possa nele lançar suas raízes, endurecendo-o ou nos afastando da presença de Deus.

Quanta incredulidade temos visto nos dias atuais. Quantas rejeições há no meio da população em relação ao evangelho de Jesus. Infelizmente, a mesma atitude do povo de Nazaré continua sendo manifestada pelo mundo afora, razão pela qual, grande parte da população perde a oportunidade da salvação.

Entretanto, o evangelho continua sendo o mesmo e estabelece, como está escrito no texto de João 3.16, que todo aquele que nele crê, não irá perecer, mas terá a vida eterna.

VAMOS PENSAR UM POUCO
  1. Na sua opinião, por que era tão difícil para o povo de Nazaré acreditar em Jesus?
  2. Você entende que a incredulidade tende a crescer ou a diminuir entre as pessoas?
  3. Porque em um ambiente de incredulidade os milagres não acontecem?
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