Jejum

Estudo 22/2022

Por, Pr. Marcos Valerio Fernandes

Texto Para Leitura: Evangelho de Marcos 2:18-20
Introdução

Neste episódio do evangelho, Jesus foi questionado acerca do jejum, visto que naqueles dias os discípulos de João Batista e os fariseus estavam realizando um tempo de jejum, enquanto Jesus e seus discípulos não jejuavam.

Era um jejum coletivo que sempre ocorria em determinadas épocas do ano.

Interessante que a pergunta veio direcionada pelos discípulos de João Batista, conforme esclarece o texto de Mateus 9.14, o que evidencia que não era uma crítica, mas uma dúvida.

Jesus respondeu a essa pergunta fazendo uma comparação, utilizando como figuras os convidados para o casamento e o noivo. Ele disse que enquanto o noivo estivesse presente, os convidados para o casamento não deveriam jejuar. Todavia, quando o noivo você tirado, os convidados para o casamento jejuariam.

Nessa ilustração, o noivo é o próprio Jesus e os convidados para o casamento, são os discípulos. Como Jesus estava presente não era tempo de jejum, mas chegaria o tempo em que jejuariam.

O nosso propósito neste estudo é de analisar a importância do jejum, buscando sua base bíblica e sua aplicação em nossas vidas.

Exemplos Bíblicos De Jejum
  1. O jejum de Moisés – Êxodo 34.28 – “E, ali, esteve com o Senhor quarenta dias e quarenta noites; não comeu pão, nem bebeu água; e escreveu nas tábuas as palavras da aliança, as dez palavras”.

Moises subiu o Monte Sinai para receber a lei de Deus e esteve na presença do Senhor pelo período de 40 dias, nos quais jejuou. Findo esse período, sabemos que em razão do povo de Deus haver construído o bezerro de ouro, Moises quebrou as tabuas da lei. Por isso, Moises esteve novamente no monte na presença de Deus. Foram mais 40 dias de jejum, conforme o texto de Deuteronômio 9.9,18.

Esses dois períodos de 40 dias de jejum ocorreram de maneira sobrenatural, porque Moises não comeu pão e não bebeu água, o que é impossível de ser realizado de forma natural. A falta de água em clima desértico, por poucos dias, é suficiente para que a pessoa venha a morrer. No caso do jejum de Moises, ele estava frente a frente com Deus, o que justifica a possibilidade dessa dependência total Deus, sem que as necessidades humanas tivessem que serem satisfeitas.

2. O jejum de Elias – I Reis 19.8 – “levantou-se, pois, comeu e bebeu; e, com a força daquela comida, caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus”.

Ele caminhou por 40 dias e noites em direção ao Monte Horebe (mesmo Monte Sinai), sustentado por uma comida que havia lhe sido servida por um anjo de Deus. Ele havia comido um pão cozido sobre pedras em brasa e bebido de uma botija de água que o anjo lhe trouxera.

3. O jejum de Neemias – Neemias 1.4 – “Tendo eu ouvido estas palavras, assentei-me, e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus”.

Diante das tristes notícias a respeito da destruída cidade de Jerusalém, Neemias que se encontrava na Babilônia, tem um tempo de oração e jejum, intercedendo a Deus, antes de comparecer perante o rei persa Artaxerxes e obter autorização para reconstruir os muros de Jerusalém.

4. O jejum de Ester – Ester 4.16 – “Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais, nem bebais por três dias, nem de noite nem de dia; eu e as minhas servas também jejuaremos. Depois, irei ter com o rei, ainda que é contra a lei; se perecer, pereci”.

Havia um decreto do rei autorizando a exterminação do povo judeu em todos os lugares do império. A única pessoa que poderia interceder perante o rei, era Ester, a rainha. Todavia, só o fato de comparecer perante o rei, sem ser chamada, implicava em arriscar a vida. Quanto mais para obter o favor do rei era necessária uma intervenção divina. Diante dessa circunstância de vida ou morte, Ester e todo o povo judeu jejuaram por 03 dias e noites.

5. O jejum de Daniel – Daniel 10.2-3 – “Naqueles dias, eu, Daniel, pranteei durante três semanas. Manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com óleo algum, até que passaram as três semanas inteiras”.

Daniel era um homem de muita oração e jejum. Nesse texto é narrado um desses jejuns, que consistiu em um período de três semanas (21 dias), de busca por revelações de Deus.

6. O jejum de Jesus – Mateus 4.2 – “E, depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome”.

Semelhantemente a Moises e Elias, Jesus teve um período de jejum que durou 40 dias e noites. Entretanto, o jejum de Jesus foi realizado de maneira natural, pois o texto não diz que ele se absteve de água, apenas de alimentos. Não teve sede, teve fome. O jejum realizado por Jesus foi preparatório para o início de seu ministério, logo após o seu batismo e ser cheio do Espírito Santo.

7. O jejum na Igreja de Antioquia – Atos 13.2 – “E, servindo eles no Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado”.

Enquanto os líderes da Igreja estavam em oração e jejum, eles ouviram o Espírito Santo lhes falar sobre uma obra missionária a ser realizada.

O Que Jesus Ensinou Sobre O Jejum

Jesus não apenas jejuou, mas também incentivou o jejum. Em Mateus 6.16-18 falando sobre o jejum, ele disse “quando jejuardes”, o que indica que o jejum deveria ser praticado pelos discípulos e era algo certo que teriam que jejuar.

O que Jesus condenou foi a prática do jejum como um ritual formal e sem vida espiritual, como o que era realizado em seus dias, quando as pessoas com a intenção de se mostrarem publicamente religiosos, desfiguravam os cabelos e o rosto, deixando-o sem lavar e aplicando cinzas sobre a cabeça. Como Jesus disse, essa prática somente traz o reconhecimento humano.

Enquanto Jesus estava presente com os discípulos não havia a necessidade em que eles jejuassem, mas chegaria o tempo em que os discípulos necessitariam jejuar e Jesus esperava que eles o fizessem e da maneira correta.

Jesus ensinou que o jejum é um tempo de relacionamento com Deus, enquanto aquele que jejua mantem sua vida de forma normal diante dos homens. Os discípulos deveriam enquanto jejuarem, se lavar e ungir o rosto, significando que deveriam manter a rotina de suas vidas de maneira normal, enquanto buscavam o relacionamento mais profundo com Deus.

O jejum não é uma maneira de ostentar aos homens a sua religiosidade, mas uma maneira de se humilhar e buscar a Deus com todas as nossas forças, quebrantando o nosso coração, enquanto nos abstemos da alimentação necessária para o corpo, como forma de se entregar totalmente a Deus.

Jesus já havia condenado a oração com o fito de exibição, como era feita por alguns religiosos, ensinando que a oração era um momento íntimo de comunhão com Deus.

O jejum deve ser acompanhado de oração, de maneira que ambas as práticas devem serem realizadas com o único propósito de se obter uma intima comunhão com o Pai Celestial, de maneira que somos fortalecidos na fé e na graça de Deus.

Tipos De Jejum

Conforme pudemos observar nos vários relatos bíblicos de jejum, que cada servo de Deus teve uma experiência diferente com o jejum. Disso podemos extrair que não há uma regra específica para o jejum. Vamos exemplificar alguns dos vários tipos de jejuns:

a) – jejum completo – consiste em se abster de todos os alimentos e líquidos durante um certo período. Moises e Elias ficaram por 40 dias em jejum completo, mas isso só foi possível pelo sobrenatural de Deus. Ester e o povo judeu fizeram esse jejum por 3 dias.

Algumas pessoas fazem o jejum completo por um, dois ou mais dias e outros por algumas horas.

O jejum completo é indicado por pequenos períodos e desde que a pessoa tenha boa saúde.

A Lei mosaica exigia o jejum completo, no dia da expiação, isso é, um dia (24 horas) por ano.

Muitas pessoas escolhem fazer o jejum completo durante o dia, se alimentando durante a noite.

b) – jejum parcial – consiste em se abster de alimentos, sem incluir no jejum os líquidos. Alguns ingerem apenas água e outros, em jejuns mais prolongados, tomam chás ou sucos e outros tipos de líquidos para se manterem hidratados.

c) – jejum de Daniel – o profeta realizou um jejum durante 21 dias, se abstendo de coisas desejais, como os manjares e vinhos, além dos perfumes. Esse jejum buscava se abster de todos os tipos de alimentos e bebidas que davam prazer. O propósito era se manter humilde diante da presença de Deus. A prática de Daniel tem inspirado pessoas a se absterem de carnes, bebidas, doces, sorvetes e demais alimentos que geram prazer, mantendo apenas a alimentação mais simples e a água.

d) – jejum específico – consiste em se abster de alguns tipos de alimentos durante certo período. Os alimentos escolhidos devem ser aqueles que mais gostamos. Isso deve ser feito com o intuito de se quebrantar diante de Deus. Todas as vezes que sentimos a falta daqueles alimentos, mortificamos a nossa vontade física, com o propósito de agradar a Deus.

Como E Quando Jejuar

Importante esclarecer que o jejum não deve ser confundido com regime alimentar. Regime alimentar não é jejum bíblico. Não se jejua com o objetivo de perda de peso.

Além disso, o jejum não se trata de um sacrifício para agradar a Deus. O sacrifício que era necessário Jesus já fez de uma vez por todas na cruz. Esse sacrifício foi completo e é suficiente diante de Deus, de maneira que nenhum sacrifício que fizermos irá melhorar ou piorar a nossa situação diante dEle.

O jejum também não deve ser realizado como um ritual ou como mera formalidade religiosa.

Também é preciso ter em mente que não é uma maneira de se realizar uma barganha com Deus e assim obter um favor. Alguns talvez pensem que pelo fato de ter jejuado agora merecem uma benção de Deus. Não deve ser esse o objetivo do período de jejum.

O jejum deve ter um propósito específico, principalmente com relação a vida espiritual e sempre deve ser acompanhado da oração. Jejum e oração são indissociáveis. Precisam andarem juntos.

Inicie e termine o seu jejum com um período de oração. Enquanto você jejua, tire períodos para ler a Bíblia, louvar e orar. Procure ouvir Deus falar com você e para isso, se aquiete na presença Dele, pois enquanto você fala, Ele ouve e para você ouvi-lo é preciso parar de falar.

Se você precisa trabalhar ou dar continuidade às suas atividades normais, não tem problema, mas faça isso mantendo-se em comunhão com Deus e tire períodos para estar a sós com o Senhor.

Talvez você se pergunte: quando devo jejuar? A resposta depende de cada um, mas o jejum deve fazer parte de nossa prática de vida cristã.

Jesus jejuou antes de iniciar o seu ministério. Entendemos que o exercício do ministério cristão deve ser regado por períodos de jejum e oração, com o propósito de crescer na comunhão com Deus e assim ser cheio do Espírito Santo, ouvindo o direcionamento de Deus, recebendo maior capacitação ministerial, sendo conduzidos pela graça do Senhor.

Ester e Neemias jejuaram em períodos de crises e de perigos de morte. Quando estivermos vivenciando tempos de crises ou enfrentando sérios problemas, devemos realizar períodos de orações e jejuns, buscando obter em Deus respostas e livramentos, humilhando-se diante dEle e reconhecendo a nossa fraqueza diante da situação.

Daniel jejuou em busca da revelação de Deus. A comunhão com Deus nos traz a revelação de seus mistérios, maior compreensão de sua vontade e crescimento espiritual.

Moises jejuou em favor de seu povo. Ele foi um intercessor e sua oração foi ouvida por Deus e Israel não foi destruído quando quebrou a aliança. Intercessores precisam jejuar enquanto oram.

A liderança da Igreja em Antioquia jejuava e orava e Deus falou com eles direcionando para uma grande obra missionária que abalou o mundo antigo. Líderes precisam se reunir e jejuar e orar juntos pela igreja e pelo crescimento da obra de Deus.

Quando jejuamos mortificamos o nosso corpo e vivificamos o nosso espírito. Se temos alguma prática de pecado que não temos conseguido vencer, como por exemplo: vícios, devemos jejuar e orar pela nossa libertação. O jejum é extremamente importante para vencer situações assim.

A Bíblia fala de Ana, filha de Fanuel, uma viúva de 84 anos de idade, que permanecia no templo em Jerusalém, adorando o Senhor, noite e dia, em jejuns e oração. Essa mulher era uma adoradora, seu propósito era conhecer o Senhor e estar na presença dEle. Que coisa linda, ela apenas desejava estar na presença de Deus e o Senhor concedeu-lhe o privilégio de ver Jesus com os seus próprios olhos (Lucas 2.36-38).

Todo o tempo, é tempo de jejuar e orar. Devemos buscar a Deus sempre!

Por fim, importante enfatizar que o jejum, associado a oração, traz grandes resultados!

Vamos Pensar Um Pouco
  1. – Quando você pensa em jejuar, qual a maior dificuldade que você enfrenta?
  2. – Você tem tido experiências pessoais com Deus através do jejum? Gostaria de compartilhar?
  3. – Qual tipo de jejum que você consegue fazer melhor?
  4. – Qual tipo de jejum você considera mais difícil?
  5. – Como o jejum tem te ajudado na vida cristã?

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