Estudo 40/2022
Por, Pastor Marcos Valerio Fernandes
Texto Para Leitura: Evangelho de Marcos 8:22-33
Introdução
Temos visto nos estudos anteriores que Jesus esteve realizando o seu ministério na região norte do país. Viajou por regiões habitadas principalmente por pessoas gentias, passando pela região siro-fenícia e voltando em seguida ao Mar da Galileia, pelo trajeto que passava por Decápolis.
Depois de realizar o segundo milagre da multiplicação de pães e peixes, em região gentia, Jesus voltou para o território habitado por judeus, indo para Dalmanuta e depois para Betsaida.
Em Betsaída Jesus realizou a cura de um cego, indo depois para o extremo norte do país, chegando as aldeias de Cesareia de Felipe.
Havia em Israel duas cidades chamadas de Cesareia. Uma delas ficava a beira do Mar Mediterrâneo e era chamada de Cesareia Marítima. Foi construída por Herodes, o grande, e era uma cidade portuária.
Cesareia de Filipe ficava no extremo norte do país, nas Colinas do Golã, próximo ao Monte Hermon, nascente do rio Jordão. Recebera esse nome em homenagem ao imperador romano.
Era um local de forte paganismo, com adoração ao “deus pan”, a quem eram realizados muitos sacrifícios humanos.
Foi nessa região que Pedro surpreendeu a todos com uma importante confissão de fé a respeito de Jesus. Ele confessou: “o Senhor é o Cristo”.
Conhecendo o contexto geográfico desses acontecimentos, queremos neste estudo extrair algumas lições importantes para o nosso crescimento espiritual.
A Cura De Um Cego
Vs. 22 – “Então chegaram a Betsaida. E lhe trouxeram um cego e pediram a Jesus que tocasse nele”.
Betsaida ficava a beira do Mar da Galileia. Jesus esteve nessa cidade por diversas vezes e realizou muitas curas.
Voltando Jesus novamente a Betsaida, o evangelho de Marcos descreve a cura de um cego, dizendo que Jesus o levou para fora da aldeia, para lhe ministrar de forma particular.
A cura se deu em duas etapas. No primeiro momento, Jesus cuspiu nos olhos do cego e lhe impôs as mãos, o que proporcionou a recuperação da visão àquele homem de maneira parcial.
Ao ser indagado sobre o que estava vendo, o homem respondeu que via pessoas, mas elas se pareciam como arvores que andavam.
Percebemos que aquele homem não era cego de nascença, pois ele sabia distinguir pessoas, arvores, o que nos induz a compreender que ele ficara cego por algum tipo de enfermidade ou talvez algum acidente que sofrera.
Como não houve a cura total, Jesus novamente impôs as mãos sobre os olhos dele e o homem passou a ver claramente, distinguindo tudo de modo perfeito.
É possível que o problema de cegueira tenha atingido não apenas os olhos, mas também outras partes ligadas ao cérebro, por isso, foi necessário que Jesus lhe ministrasse a cura até alcançar o resultado completo.
Sabemos que os olhos captam as imagens as quais são processadas pelo cérebro humano e no caso da cura desse homem, mesmo após os olhos serem restabelecidos, não ocorria uma visão perfeita, pois ele estava vendo pessoas como se fossem árvores.
A intervenção de Jesus, levou o homem a experimentar a cura completa, voltando a ver perfeitamente.
Aprendemos com esse milagre, que Jesus pode restabelecer a visão perfeita do ser humano.
Assim como aquele homem estava cego e foi curado, Jesus também pode curar a visão espiritual do homem pecador.
Há muitas pessoas que são cegas espiritualmente e por isso não conseguem ver a sua necessidade de salvação. A Bíblia diz que o deus deste século cegou os entendimentos das pessoas descrentes para que não consigam ver a Glória de Deus (2Coríntios 4.4).
Todavia, há também, pessoas que possuem uma visão espiritual distorcida, não conseguindo compreender ou enxergar as verdades espirituais como realmente são, ficando muito aquém do centro da vontade de Deus para as suas vidas.
O propósito de Deus é que todos possam ver perfeitamente na dimensão espiritual.
Quem Dizem Que Eu Sou?
Vs. 27 – Então Jesus e os seus discípulos foram para as aldeias de Cesareia de Filipe. No caminho perguntou-lhes: –Quem os outros dizem que eu sou?”
Diante do questionamento de Jesus, os discípulos passaram a lhe dizer que algumas pessoas pensavam que ele era João Batista e outras, que era Elias, e ainda outros pensavam que era um dos profetas do Antigo Testamento.
Observamos que muito embora essas pessoas tivessem um alto conceito a respeito de Jesus, elas tinham uma visão distorcida da verdadeira realidade.
Criam, equivocadamente, na manifestação sobrenatural de Deus trazendo de volta algum dos profetas do passado, mas não tinham conseguido enxergar o caráter messiânico de Jesus.
Ainda hoje, muitas pessoas que dizem crer em Jesus, não compreendem a sua divindade e não aceitam o seu ministério como o Salvador.
Outros ainda, não conseguem entender o senhorio de Jesus. Creem nEle como o Salvador, mas não o aceitam como o Senhor de suas vidas.
O povo em geral, tinham um conceito limitado a respeito de Jesus. Diante dessa resposta, Jesus se voltou aos seus discípulos e lhes perguntou: “E vocês, que dizem que eu sou?”
Pedro sempre foi o porta-voz do grupo. Acredito que entre os discípulos já houvesse uma discussão sobre esse tema. Eles buscavam respostas para tudo o que estavam vivendo, mas talvez ainda não tivesse chegado a um consenso sobre essa questão.
Pedro tomando a palavra, fez uma das mais brilhantes declarações de fé: “—O Senhor é o Cristo”.
Para Pedro e talvez outros discípulos já não haviam mais dúvidas. Jesus era o Cristo, o Messias prometido e enviado por Deus.
Eles tinham presenciado o suficiente e tinham plena certeza. Estavam convictos quanto a isso.
Jesus tinha esperado o tempo suficiente para que essa convicção estivesse no coração deles e isso era sumamente importante, pois chegara o momento de lhes trazer novas revelações.
Eles agora tinham uma visão ampliada, mas ainda não perfeita, do ministério de Jesus.
A pergunta de Jesus continua a ressoar por milhares de anos. Quem é Jesus para você?
A Missão De Jesus Como O Cristo
Vs. 31 – “Então Jesus começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do Homem sofresse muitas coisas, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, fosse morto e que, depois de três dias, ressuscitasse.”
Sem que os discípulos tivessem uma forte convicção do caráter messiânico de Jesus, não poderiam receber uma revelação maior do seu ministério.
Eles tinham contemplado o Poder de Deus na vida de Jesus, manifestado através de muitas curas e grandes milagres, chegando a crer que Jesus é o Cristo que tanto esperavam.
Entretanto, uma revelação mais profunda do plano de Deus irá colocá-los em estado de choque.
Jesus falou sobre a necessidade de sua rejeição, sofrimento, morte e ressurreição, expondo-lhes claramente a sua entrega ao sacrifício que seria consumado na cruz.
Jesus desejava que os seus discípulos estivessem preparados para o que viria pela frente. Entretanto, nesse ponto, a visão dos discípulos continuava distorcida.
Muito embora Jesus os tenha alertado por algumas vezes quanto a sua morte, os discípulos não estavam preparados para os acontecimentos que ocorreriam em Jerusalém.
Quando Jesus foi preso e levado a cruz, os discípulos ficaram estarrecidos e abalados, não conseguindo enxergar que depois de três dias, Jesus também iria ressuscitar, como os havia alertado nessa ocasião.
Perceba que Jesus disse que “era necessário” que o Filho do Homem sofresse muitas coisas. Filho do Homem era o título messiânico que Jesus atribuiu a si mesmo. Ir a cruz não era uma opção, mas uma necessidade.
Sabemos que a morte na cruz foi a maneira como Deus lidou com o pecado humano, propiciando a expiação através do sangue derramado de seu Filho.
O ministério messiânico de Jesus, compreendia trazer ao povo judeu a manifestação da presença do próprio Deus em seu meio, através dos ensinos, das curas e milagres, culminando com o sacrifício expiatório dos pecados deles, para lhes restaurar a comunhão espiritual.
A profundidade da obra redentora de Jesus não foi compreendida nesse primeiro momento, nem mesmo pelos discípulos, os quais somente conseguiram entende-la, após a sua ressurreição.
Com a manifestação ressurreta de Jesus e o derramar do Espírito Santo sobre a igreja, a visão espiritual da obra redentora de Cristo tornou-se plena, passando a ser pregada a todos.
Talvez nos perguntemos, como os discípulos não conseguiram compreender as palavras de Jesus, se foram tão claras?
Muitas vezes a mesma coisa também acontece conosco. As palavras de Jesus concernentes a sua volta e estabelecimento do seu reino, parecem como irreal para tantas pessoas. A maioria dos cristãos vive como se Cristo nunca fosse voltar.
Jesus Repreendeu Pedro
Vs. 33 – “Mas Jesus, voltando-se e vendo os seus discípulos, repreendeu Pedro e disse: –Saia da minha frente, Satanás! Porque você não leva em consideração as coisas de Deus, e sim as dos homens.”
Tendo Pedro ouvido Jesus predizer sobre a sua morte e ressurreição, chamou-lhe à parte e começou a repreendê-lo quanto a isso? Pedro dizia: –Que Deus não permita, Senhor! Isso de modo nenhum irá lhe acontecer (Mateus 16.22).
Aparentemente, Pedro estava aconselhando a Jesus a não se submeter a esse tipo de sofrimento. Para Pedro, aquilo não seria de Deus.
Entretanto, Jesus percebeu que era uma investida de Satanás na mente de Pedro, com o propósito de colocar dúvidas quanto a finalidade do sacrifício de Jesus.
Por essa razão, Jesus repreendeu Pedro na frente dos demais discípulos e expulsou o ataque maligno, dirigindo-se ao próprio Satanás para que se afastasse.
Pedro tinha sido alvo de um ataque maligno em sua mente. Ele se deixou levar por sentimentos humanos e por pensamentos opostos a vontade de Deus.
O ataque maligno na mente de Pedro era sutil, mas tinha um propósito muito claro de minar a sua fé e a dos demais discípulos e ainda, dissuadir Jesus a cumprir o propósito de Deus.
Quantos ataques malignos ocorrem diariamente nas mentes dos cristãos. Satanás sempre se utilizou dessa arma para afastar os crentes de seguir nos propósitos de Deus em suas vidas.
O pensamento de Pedro era aparentemente lógico e correto, mas estava oposto ao plano de Deus em trazer a salvação para a humanidade.
Os pensamentos de Deus são mais altos do que os nossos pensamentos. Muitas coisas que acontecem no mundo, não podem ser compreendidas pelos olhos da razão, mas apenas pelos olhos da fé, tendo a certeza que Deus sabe o que faz.
VAMOS PENSAR UM POUCO
- Como você entende, o fato de os discípulos não conseguirem compreender quando Jesus predisse que iria sofrer o martírio e a rejeição dos judeus? Por que era tão difícil deles aceitarem que isso iria acontecer?
- Você concorda que existem pessoas cegas espiritualmente e que outras possuem uma visão espiritual distorcida? Cite exemplos de como isso acontece?
- Como você descreve a missão de Cristo na terra?