O Discípulo Traidor
Texto Para Leitura: João 13:21-35

Estudo 25/2021

Por, Marcos Valério Fernandes

Introdução

O Evangelho de João deixa bem claro que nenhum detalhe, do que enfrentou Jesus, lhe pegou de surpresa.

Jesus sabia muito bem que Judas iria traí-lo.

Todos os evangelhos narram que Jesus indicou que Judas estava para traí-lo, antes que ele o fizesse (Mateus 26. 21-23; Marcos 14.18-20; Lucas 22.21-22).

Muito embora para nós seja Judas um discípulo enigmático, Jesus sempre o conheceu muito bem. Jesus sempre soube do seu caráter, de suas intenções, mas mesmo assim, o Mestre nunca o desprezou ou o rejeitou, mas o amou até o fim.

Tornar-se um dos doze discípulos de Jesus foi um alto privilégio e Judas foi contado entre eles.

Como discípulo de Jesus, Judas caminhou com Jesus por mais de três anos e ouviu Jesus pregar as suas encantadoras mensagens ao povo, assim como recebeu as importantes instruções particulares ministradas apenas ao grupo de doze; viu os milagres que Jesus realizou, cada um deles e assim, contemplou Jesus andando por sobre o mar, ressuscitando mortos, curando a multidão. Que privilégio!

Judas foi escolhido dentre os demais para ser o responsável pelas finanças do grupo, como um tesoureiro. Jesus lhe confiou a bolsa, o dinheiro (vs. 29).

Entretanto, Judas escolheu trair a Jesus, entregando-o às autoridades judaicas que estavam ávidas por lhe tirar a vida.

Nesse estudo, nos propomos a visualizar a vida e atitudes de Judas, o discípulo traidor.

AQUELE QUE COME NO MEU PRATO

Jesus permitiu que Judas tivesse uma proximidade muito íntima, a ponto dele comer do que estava no prato do Mestre (João 13.18, 26).

Jesus dividia com Judas da sua própria comida, o que comprova o quanto Jesus o amava.

A dor de alguém ser traído por uma pessoa muito próxima é sempre muito mais acentuada do que se a traição vier a ocorrer por alguém estranho, não é mesmo?

Jesus foi traído por um discípulo a quem considerava como um amigo.

Judas traiu a Jesus, não apenas, de forma oculta, vendendo a informação de onde Jesus poderia ser encontrado isolado e longe da multidão, como também, presencialmente, liderou um grupo armado que executou a prisão de Jesus (Marcos 14.43-46).

Como era noite e a escuridão dificultava o reconhecimento de quem era Jesus, Judas identificou a Jesus com um beijo, o “beijo da traição” (Mateus 26.48,49).

Como ocorreu com Jesus, talvez a traição por parte de uma pessoa amiga possa ocorrer conosco também. Alguém muito próximo venha a quebrar o elo da confiança que nele depositamos. Como agir nessa situação?

Quando Judas lhe beijou, Jesus respondeu: “amigo, para que vieste?” (Mateus 26.50).

O CARÁTER DE JUDAS ISCARIOTES

Talvez pensemos: como Judas de um momento para o outro resolveu trair a Jesus?

Judas nunca foi um discípulo inocente, que tropeçou por acaso.

Ele sempre foi ganancioso e desonesto.

João 12.4-6 narra que Judas quando viu o perfume sendo derramado sobre Jesus, logo avaliou em trezentos denários aquilo que considerava um desperdício.

O mesmo texto diz que Judas era ladrão e tirava do que era depositado na bolsa que guardava o dinheiro utilizado pelo grupo de discípulos.

Não foi por uma ideologia que Judas traiu a Jesus, mas foi por dinheiro: trinta moedas de prata (Mateus 26.14-15).

Se Judas estava decepcionado com o Mestre, ele poderia ter simplesmente se afastado, como outras pessoas fizeram anteriormente.

O objetivo de Judas em seguir a Jesus era o financeiro. Possivelmente ele esperava que Jesus se tornasse o rei de Israel e ele tivesse um alto cargo.

Judas provavelmente, nesse momento final do ministério de Jesus, entendeu melhor do que os demais discípulos, o propósito espiritual da missão de Jesus e tenha chegado a conclusão de que estava perdendo tempo. Vender a Jesus seria uma forma de obter o que considerava um bom lucro.

Diferentemente dos demais discípulos, Judas nunca se converteu a Jesus. Seu coração estava aberto para que satanás pudesse entrar facilmente, como de fato ocorreu (vs. 27).

Jesus lavou os pés de Judas, lhe serviu a Ceia e o avisou da traição, mas mesmo assim ele continuou com o seu propósito. Não se arrependeu.

Judas teve escolha, mas por amor ao dinheiro e influência do diabo ele decidiu trair a Jesus.

Judas havia combinado com os principais sacerdotes a traição de Jesus e buscava uma boa ocasião para fazê-lo.

Isso indica que houve um lapso de alguns dias entre o pacto de trair Jesus e a execução desse ato. Ele teve muito tempo para pensar e refletir sobre o que iria fazer. Não foi um ato impensado do momento, foi uma decisão estabelecida em seu coração.

Após a morte de Jesus, a atitude de Judas não demonstra arrependimento, mas remorso.

O remorso é o peso na consciência em razão do erro praticado e o medo de enfrentar as suas consequências.

Judas preferiu o suicídio ao arrependimento, o que demonstra a dureza de seu coração.

O NOVO MANDAMENTO

Nos versículos 34 e 35 Jesus fala sobre o novo mandamento, o mandamento do amor.

Judas perdeu essa lição.

Jesus deixa claro que a marca do discípulo é a prática do amor de uns para com os outros (vs. 35).

Jesus estabelece também a intensidade desse amor ao dizer que deve acontecer, “assim como eu vos amei”.

O exemplo de Jesus deve ser seguido por todos aqueles que se tornam seus discípulos.

É importante observar que Jesus amou muito mais aos seus discípulos e a nós também, do que amou a si mesmo, pois Ele foi até a cruz e deu a sua vida, por amor.

I João 3.16 diz: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos”.

O padrão do discipulado de Jesus é bem alto, mas também é transformador.

Pelo que se observa nos textos sagrados, Judas nunca compreendeu o amor de Cristo.

Talvez, Judas nunca tenha entendido que Jesus tocava as pessoas para curar, dedicava tanto tempo para atender aos pobres e necessitados, por uma simples razão: o amor.

Judas certamente achava que tudo o que Jesus fazia era para ganhar a simpatia do povo e chegar ao poder, ou seja, se tornar rei de Israel. Essa atitude é costumeira dos políticos até os dias de hoje.

Todavia, o propósito de Jesus não era político, mas o de amar as pessoas e ir a cruz para poder salvar o pecador.

Ser discípulo de Jesus é o aprendizado do amor. “Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (I João 4.8).

AINDA HOJE JESUS CONTINUA SENDO TRAIDO?

Uma pergunta inquietante fica em tudo isso: se Jesus conhecia o coração de Judas, porque o escolheu para ser discípulo?

Jesus não errou nas escolhas. Ele orou uma noite inteira antes de escolher seus discípulos.

Desde o início Jesus sabia que seria traído por um amigo. Isso estava profetizado nas Escrituras Sagradas (Salmo 41.9) e este texto foi até citado por Jesus durante a instituição da Ceia.

Jesus também sabia da necessidade de sua morte e de sua ressurreição. Tudo estava no plano de Deus.

Entretanto, Judas não precisa ser o traidor, poderia ter sido outra pessoa. Ele fez a sua própria escolha, deixando a maldade crescer em seu coração, muito embora tenha ouvido muitas vezes Jesus falar sobre o amor e o perdão.

Muitos ainda continuam traindo a Jesus. É possível trair a Jesus, trocando-o por alguma coisa.

Quantos que antes se diziam cristãos, posteriormente passaram a defender outras religiões ou simplesmente a criticar e opor ao cristianismo.

Precisamos pensar e refletir em nossas atitudes, pois assim como Judas traiu, Pedro negou, outros discípulos o abandonaram, poderá ocorrer conosco atitudes semelhantes em relação a Jesus.

VAMOS PENSAR UM POUCO

Você já foi traído por alguém muito íntimo? Como se sentiu?

Em sua opinião, se Judas ao invés de buscar o suicídio tivesse procurado Jesus e se arrependido, qual teria sido a atitude de Jesus?

Com relação ao novo mandamento, esse assunto tem sido realmente vivenciado pelos cristãos ou precisamos melhorar sua prática?

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