O Julgamento de Jesus

Estudo 31/2021

Por, Pr. Marcos Valério Fernandes

Texto para Leitura: João 18:28-40 e 19:1-16
Introdução

Todos os evangelistas registraram o episódio do julgamento de Jesus. Textos paralelos são encontrados em Mateus 27.1,2-11-26, Marcos 15.1-15 e Lucas 23.1-24.

O julgamento de Jesus se dividiu entre duas etapas.

Na primeira, ele foi julgado pelas autoridades judaicas e, na segunda etapa, sendo levado até as autoridades romanas, por quem foi julgado e condenado à morte.

Após ser preso, na noite de quinta-feira, Jesus foi imediatamente levado até a casa do sumo sacerdote, sendo primeiro interrogado por Anás e depois por Caifás, permanecendo o restante da noite em uma prisão no mesmo local.

Conforme a narrativa do evangelista Lucas (Lucas 22.66), logo de manhã, na sexta-feira, o Sinédrio (órgão religioso máximo do judaísmo e composto pelo sumo sacerdote, anciãos, principais sacerdotes e escribas) estava reunido para prosseguir com o julgamento.

Eles estavam ávidos por condenar Jesus. Forjaram testemunhas falsas para depor contra ele (Marcos 14.57). Estavam em comum acordo em levar Jesus a morte, mas não tinham essa autoridade para fazê-lo. Somente o governador romano poderia condenar alguém a morte. 

Com esse propósito, levaram imediatamente Jesus até o governador Pôncio Pilatos, na fortaleza Antonia, onde ficava o Pretório (tribunal) oferecendo acusações contra Jesus com a finalidade de obter um veredito que o levasse a pena máxima.

Neste estudo, iremos analisar alguns pontos importantes desse julgamento realizado pelo governador romano, utilizando como referência as perguntas e frases pronunciadas pelo julgador.

QUE ACUSAÇÃO VOCÊS TRAZEM CONTRA ESTE HOMEM?

Vs. 29 – “Então Pilatos saiu para falar com eles e perguntou: Que acusação vocês trazem contra este homem?”

O texto bíblico esclarece que os líderes religiosos e os demais judeus não entraram no pretório para não se contaminar, porque desejavam comer a páscoa.

Segundo o costume judaico, o judeu ficaria impuro se entrasse em residência ou local pertencente a gentio.

Como eles iriam comer a páscoa no final da tarde, não poderiam estar impuros, por essa razão o governador romano saiu do interior da fortaleza e o julgamento de Jesus aconteceu num local externo.

Importante essa observação, porque ela estabelece que Jesus morreu no dia da celebração da páscoa judaica.

Como parte introdutória do julgamento, Pilatos pergunta qual a acusação que os judeus tinham contra Jesus?

Os judeus apresentam uma acusação genérica, dizendo apenas que Jesus era um malfeitor (vs. 30).

A pergunta que Pilatos faz a Jesus em seguida, indica que logo depois, os judeus trouxeram uma acusação mais específica, acusando-o de fazer-se rei dos judeus (vs. 33).

Essa acusação tinha o seguinte objetivo: se Jesus se fazia rei, logo, era rebelde e opositor de Roma, o que ensejaria a fúria do império contra ele.

Pilatos perguntou-lhe: Você é o rei dos judeus? (vs.33). Jesus respondeu: o meu reino não é desse mundo (vs.36). O reino de Jesus é espiritual e não terreno.

A resposta de Jesus dissipava toda a acusação que havia sido lançada contra ele, visto que de sua parte não havia nenhuma oposição declarada contra Roma.

Os textos bíblicos demonstram que não havia uma acusação séria contra Jesus. Ele estava sendo acusado por inveja e Pilatos disso sabia.

O que ocorreu naquele dia, ainda continua acontecendo. Quantas acusações as pessoas fazem contra Deus nos dias atuais?

Sem razão, as pessoas atribuem culpa a Deus por tudo o que acontece de ruim, quando deveriam olhar para os seus próprios erros e escolhas erradas.

A humanidade julga a Deus todos os dias e o condena, mas erram constantemente e esperam que Deus não as condene pelos seus erros cometidos.

O QUE É A VERDADE?

Vs. 38 – “Pilatos perguntou: o que é a verdade?”

Jesus explicou a sua missão. Ele havia nascido e vindo ao mundo para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a sua voz.

A isso, Pilatos perguntou: o que é a verdade?

A narrativa do episódio é muito suscita e o evangelista João não descreve a resposta de Jesus, mas Pilatos fica muito admirado com as respostas e com a maneira como Jesus se comporta diante do julgamento e da iminente sentença que o levaria à morte.

Entretanto, a pergunta de Pilatos continua a ressoar, o que é a verdade?

Pilatos estava diante de tantas mentiras trazidas pelos judeus. Ele sabia que o seu Tribunal e o julgamento que presidia tornava-se naquele momento uma farsa. Entretanto, diante de Pilatos estava a própria Verdade: Jesus Cristo.

Ainda hoje, uma grande parte do mundo continua sem conhecer a verdade.

Jesus continua sendo a (única) verdade que liberta o homem das garras do pecado e de satanás (o pai da mentira).

Não adiante perguntar o que é a verdade se não reconhecer e receber a Jesus como a verdade que transforma e liberta.

EU NÃO ACHO NELE CRIME ALGUM

Vs. 38 – “… Pilatos voltou aos judeus e lhes disse: Eu não acho nele crime algum.”

Por três vezes Pilatos declarou a inocência de Jesus (João 18.38; 19.4,6).

Depois que um juiz declara que o réu é inocente, não cabe mais a ele pronunciar outro tipo de sentença.

No julgamento de Jesus, Pilatos reconheceu que Jesus era inocente por três vezes, de maneira que a sentença de morte foi totalmente ilegal.

O evangelista Lucas traz um relato também muito importante (Lucas 23.6-11). Pilatos sabendo que Jesus era da Galileia, região governada pelo Rei Herodes e que este estava em Jerusalém, por uma questão de competência territorial, Pilatos suspendeu o seu julgamento e enviou Jesus para ser julgado por Herodes.

Após breve interrogatório com Jesus, Herodes o devolveu a Pilatos, o que significa que Herodes não encontrou nele nenhum delito passível de punição.

Entretanto, não poderia ter sido diferente. O julgamento serviu para provar a perfeição da vítima do sacrifício expiatório.

Jesus era o sacrifício perfeito. O cordeiro imaculado de Deus. Sem defeito e pecado, ele se ofereceu a Deus, assumindo o pecado de toda a humanidade.

VOCÊS QUEREM QUE EU SOLTE O REI DOS JUDEUS?

Vs. 39 – “…vocês querem que eu solte o rei dos judeus?”

Havia um costume que era consagrado naqueles dias. Por ocasião da Páscoa era concedido um indulto (perdão) para um dos presos.

Pilatos querendo soltar a Jesus, numa manobra para se livrar da sua responsabilidade de julgar, lhes propõe uma escolha entre Jesus e Barrabás.

Barrabás era um preso conhecido. Havia sido aprisionado em razão de uma revolta na cidade, por assalto e homicídio que cometera.

No caso de Barrabás, em razão dos seus crimes cometidos, a crucificação era a única penalidade esperada.

A multidão incitada pelos líderes religiosos escolheu a Barrabás. Era inexplicável aquela escolha.

Jesus havia compartilhado o amor, curado os enfermos, ensinado a multidão a conhecer e experimentar a verdadeira vida, enquanto Barrabás, tinha assaltado e matado.

Barrabás foi solto e Jesus foi crucificado. O culpado foi absolvido e o inocente foi condenado. O justo morreu e o injusto viveu.

Isso é muito significativo, pois o mesmo aconteceu conosco.

Jesus foi condenado e morreu em nosso lugar. Éramos nós quem deveria morrer na cruz, mas Jesus suportou o nosso castigo.

Barrabás é símbolo de todos os pecadores que foram salvos pela morte de Jesus.

I Pedro 3.18 – “Pois também Cristo padeceu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir vocês a Deus…”

O nome Barrabás (bar = filho + abas = pai) significa “filho do pai”.

O seu nome apenas passou a ter verdadeiro significado porque Jesus, o Filho de Deus, o substituiu na cruz. Assim, também é conosco, nos tornamos filhos do Pai Celestial, quando recebemos a salvação através de Jesus.

EIS AQUI O REI DE VOCÊS

Vs. 14 – “…E Pilatos disse aos judeus: Eis aqui o rei de vocês.”

Pilatos reconheceu que Jesus era inocente, queria soltá-lo, mas sucumbiu diante dos gritos e da forte pressão da multidão que buscava a condenação de Jesus.

Ao invés de realizar a justiça, preferiu agradar a multidão. Lavou as mãos, como um símbolo de que não tinha a responsabilidade pela decisão. Entretanto, o lavar das mãos não retirou dele a culpa pelo maior erro judiciário da história da humanidade.

A multidão rejeitou a Jesus, gritando fora! Fora! Crucifique-o”.

Devo crucificar o rei de vocês, perguntou Pilatos. A resposta da multidão foi não temos rei, senão Cesar!

Então Pilatos entregou Jesus para ser crucificado e eles o levaram.

Israel como nação rejeitou formalmente a Jesus como o Messias. João 1.11 diz: “veio para o que era seu, e os seus não o receberam”.

A rejeição de Israel, abriu a oportunidade para que os gentios possam receber o Messias. João 1.12 – “mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome”.

Importante lembrar a história. Aproximadamente quarenta anos depois da crucificação de Jesus, no ano 70 D.C., o imperador romano (Cesar) invadiu Israel com o seu exército e destruiu totalmente a cidade de Jerusalém, matando mais de um milhão de judeus em Israel.

Todos os dias, centenas de judeus foram crucificados pelo general Tito. Jerusalém foi saqueada, o templo destruído e queimado.

A escolha errada dos judeus teve um final muito triste para aquela geração. Escolheram Cesar por rei e por Cesar foram destruídos.

Hoje também, rejeitar a Cristo leva a perdição e morte eterna.

Assim como Pilatos apresentou Jesus ao povo: “eis aqui o rei de vocês”, o Salvador continua sendo apresentado a todos. Qual tem sido a nossa decisão em relação a ele?

CONCLUSÃO

– O único ponto positivo do julgamento de Jesus foi o de demonstrar a sua inocência, comprovando que ele é o cordeiro santo de Deus que deu a sua vida por nós.

– Durante a páscoa judaica, como sacrifício a Deus, Jesus tomou os nossos pecados sobre si, para que fossemos livres da nossa condenação.

– Deus se assentou no banco dos réus e a humanidade o julgou culpado. Sem piedade o condenou a morte, mesmo sem ter cometido nenhum delito.

– Poderá a humanidade esperar que Deus a tenha por inocente?

VAMOS PENSAR UM POUCO
  1. – Quem teve a maior culpa pela condenação de Jesus: Pilatos ou os judeus?
  2. – Na sua opinião, qual o impacto que Barrabás teve quando se viu livre, sabendo que um inocente morrera em seu lugar?
  3. – Assim como Barrabás, qual o nosso sentimento sabendo que um inocente morreu em nosso lugar?
  4. – Qual a maior lição que você aprendeu neste estudo?
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