A Terceira Viagem Missionária – Parte A

Estudo 09/2022

Por, Pr. Marcos Valerio Fernandes

Texto Para Leitura: Atos 19:1-41
Intrudução

Iniciamos com esta lição o estudo da terceira viagem missionária do apóstolo Paulo.

O estudo anterior terminou com a referência de que Apolo, um eloquente pregador vindo de Alexandria, tinha chegado a Éfeso e se juntado a Priscila e Aquila na pregação do evangelho.

Posteriormente, Apolo resolveu sair de Éfeso e ir para a região da Acaia, havendo chegado à cidade de Corinto.

O capítulo 19 de Atos enfoca que estando Apolo em Corinto, Paulo dirige os seus esforços missionários na cidade de Éfeso.

Éfeso ficava na região da Asia Menor, atual Turquia, era uma cidade colonizada pelos gregos e construída por volta do século X a.C.

Nos dias do apóstolo Paulo, Éfeso era uma importante cidade portuária, com uma população aproximada de 250.000 habitantes, tornando-se grande centro comercial e religioso da época.

Nela estava instalado o Templo da deusa Diana, o maior templo existente na época, considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. Vários outros edifícios monumentais também foram construídos na cidade, como a Biblioteca de Celso e um teatro capaz de abrigar cerca de 25.000 espectadores. Nesse teatro ocorreu um episódio envolvendo o apóstolo Paulo.

Nessa importante cidade, Paulo chegou para dar continuidade a uma grande obra missionária, que impactou a cidade e toda a região.

Não apenas a cidade era importante, como nela foi fundada e estabelecida uma importante Igreja, a qual, posteriormente, iria receber uma mensagem direta do próprio Senhor Jesus Cristo, registrada no livro de Apocalipse (Ap 2.1), bem como uma epístola escrita pelo apóstolo Paulo, conhecida como Carta aos Efésios.

Nesta lição nos propomos a conhecer um pouco desse trabalho apostólico, buscando aguçar a nossa fé e nos incentivar a participar na implantação do Reino de Deus.   

Os Primeiros Discípulos

Vs. 1 – “…Paulo tendo passado pelas regiões mais altas, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos…”.

Paulo já havia passado por Éfeso em sua segunda viagem missionária (Atos 18.19), pregado em uma sinagoga e prometendo voltar em outra ocasião, se Deus permitisse.

Agora, tendo chegado novamente na cidade, encontrou uns doze homens que eram discípulos, isto é, criam em Jesus, mas eles tinham pouco conhecimento da fé cristã.

Paulo lhes perguntou se haviam recebido o Espírito Santo quando creram, mas a resposta foi de que nem mesmo sabiam da existência do Espírito Santo. Então Paulo fez a segunda pergunta buscando saber como eles tinham sido batizados, descobrindo que o foram no batismo de João.

Vemos que esse grupo de discípulos tinha crido e estavam servindo a Jesus, mas era carente de receber o ensino da fé cristã. Certamente, esses discípulos não tinham tido um contato pessoal com outros cristãos mais maduros e permaneciam desconhecendo pontos importantes do evangelho.

Diante desse fato, Paulo lhes explicou que o batismo realizado por João Batista era um ato que proclamava o arrependimento e apontava a vinda de Jesus.

Uma vez esclarecidos, os discípulos foram batizados no nome de Jesus e impondo-lhes Paulo as mãos, foram cheios do Espírito Santo e falaram em línguas e profetizaram.

Percebemos nesse episódio a importância do ensino e de um acompanhamento bem próximo, das pessoas que creem em Jesus, pois todos precisam aprender os caminhos da fé cristã.

Muito embora o batismo praticado por João Batista tenha sido muito importante, chamando o povo ao arrependimento e apontando a vinda do messias, não supria a necessidade de se receber o batismo cristão, que é um ato de confissão do novo nascimento através de Jesus Cristo.

A importância do batismo é enfatizada em todo o texto bíblico neotestamentário, inclusive nas próprias palavras do Senhor Jesus, registradas em Marcos 16.16 -” Quem crer e for batizado será salvo…”.

Além da ênfase no batismo, observamos a preocupação de Paulo em que os discípulos recebessem o Espírito Santo, razão pela qual, impôs sobre eles as suas mãos, resultando em uma maravilhosa experiência de falarem em outras línguas e de profetizarem.

Esse texto deixa bem claro, que há uma diferenciação entre crer, ser batizado nas águas e receber o Espírito Santo, visto que esses atos foram distintos na vida daqueles discípulos.

Isso nos deve motivar a buscar uma experiência maior com o Espírito Santo, em ser cheio e transbordante dos dons espirituais, da mesma maneira que aqueles discípulos puderam receber.

Ensinando na Escola de Tirano

Vs. 9 – “…passando a discorrer diariamente na escola de Tirano”.

Como era de seu costume, Paulo durante três meses esteve pregando na sinagoga judaica de Éfeso, todavia, os judeus se mostraram resistentes ao evangelho.

Estando os judeus a se mostrarem incrédulos, Paulo se voltou mais especificamente na evangelização dos gentios.

Nesse mister, Deus oportunizou a Paulo ocupar um espaço muito privilegiado que era a escola de Tirano, local onde pode permanecer durante dois anos, ensinando e tendo acesso aos habitantes de toda a Ásia que passavam por aquele conhecido lugar.

Certamente milhares de pessoas ouviram a pregação de Paulo, sendo que Éfeso era um corredor por toda a Ásia, de maneira que pessoas de toda o continente passavam por aquela cidade, que se tornara um ponto estratégico para a evangelização dos povos.

É importante observar que a cidade de Éfeso era um centro religioso na época, cultuando a deusa Diana, também conhecida como Artemis, entre os romanos. Paulo estava em um local muito difícil para implantar o evangelho de Jesus, pois a pregação gerava um impacto contracultural e contra religioso.

A escola de Tirano foi um lugar estratégico para que Paulo pudesse ensinar as verdades cristãs, obtendo um excelente resultando em conversões de vidas, razão pela qual, o apóstolo permaneceu um tempo mais extenso na cidade.

Paulo não realizou um confronto direto com o culto a Diana, pelo contrário, foi plantando diariamente a semente do evangelho no coração dos efésios e conforme Jesus entrava em cada coração, a idolatria saia.

Grandes Milagres

Vs. 11 – “E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários”.

Na evangelização de Éfeso, Deus usou Paulo na realização de milagres extraordinários, com curas e libertação de pessoas.

Vemos pelo texto bíblico que a procura das pessoas pela cura e libertação era intensa, de maneira que levavam até os lenços e aventais do uso pessoal de Paulo, diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas e os espíritos malignos se retiraram.

Certamente, não tinha como Paulo atender pessoalmente todas as pessoas, razão pela qual esse expediente de levar lenços e aventais se tornou uma prática eficaz de se obter o milagre em favor dos necessitados.

Talvez questionemos: porque isso funcionava? A resposta está no fato de que o mundo espiritual é bem complexo. Os lenços e aventais era de uso pessoal do apóstolo, o que nos leva a entender que esses tecidos estavam permeados da ‘unção’ que permanecia da vida de Paulo, resultando em curas e libertações das pessoas que com eles tinha o contato.

Entretanto, precisamos entender que Deus permitiu essa prática como maneira de se estender o ministério evangelístico que estava acontecendo e levar uma multidão de pessoas a crerem em Jesus.

Por outro lado, não devemos aceitar, como ocorre em alguns lugares, o uso essa prática para dele fazer um meio de comércio e arrecadação de dinheiro, induzindo pessoas a crerem em objetos místicos, sob a alegação de que trará a cura ou a libertação. Isso não é bíblico e não está autorizado pelo texto, que apenas traz o relato do que Deus fez através de Paulo.

Judeus Exorcistas

Vs. 13 – “E alguns judeus, exorcistas ambulantes, tentaram invocar o nome do Senhor Jesus sobre possessos de espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus, a quem Paulo prega”.

É interessante observar que o ministério de Paulo despertou o interesse de pessoas não cristãs em copiar seus feitos, certamente em busca de atração pessoal.

O texto bíblico nos fala de alguns judeus exorcistas ambulantes, sete irmãos, filhos de Ceva, os quais tentaram expulsar espíritos malignos, usando a autoridade do nome de Jesus a quem Paulo pregava, todavia, não obtiveram sucesso, inclusive, foram subjugados pela pessoa que estava possessa, que lhes rasgou as roupas e lhes feriu.

A resposta dos espíritos malignos foi “conheço a Jesus e sei quem é Paulo; mas vós, quem sóis?”

A autoridade espiritual foi concedida àqueles que são de Jesus e possuem seus nomes escritos no Livro da Vida, ou seja, como disse Jesus, seus nomes estão arrolados no céu.

Aqueles judeus exorcistas talvez achassem que o nome de Jesus era uma porção mágica ou um amuleto. Não tinham entendido que Paulo expulsa demônios porque tinha autoridade espiritual.

Entretanto, o insucesso daqueles judeus tornou-se conhecido na cidade, de maneira que houve ainda um maior temor sobre os seus habitantes, que reconheceram a autoridade espiritual de Paulo e o nome de Jesus era engrandecido.

A Queima de Livros de Artes Mágicas

Vs. 19 – “Também muitos dos que haviam praticado artes mágicas, reunindo os seus livros, os queimaram diante de todos”.

O resultado da perseverança e propagação do evangelho por parte de Paulo, trouxe um número expressivo de conversões a Jesus Cristo.

Muitas pessoas ao crerem vinham a público declarar a sua fé em Jesus, confessando seus pecados e suas próprias obras erradas.

Da mesma maneira acontecia um rompimento com as práticas pagãs. Os novos cristãos renunciavam seus vínculos com as artes mágicas, fazendo a queima de livros que ensina essas práticas.

Precisamos nos recordar que Éfeso era o centro religioso de adoração a Diana, por isso, quase todos os habitantes praticavam esses rituais e faziam objetos desse culto idólatra.

Houve um ato público onde realizaram a queima desses objetos, os quais possuíam um valor muito considerável, estimado em 50.000 denários, que corresponde a 137 anos de trabalho de uma pessoa, ou tomando-se por base o salário mínimo brasileiro, corresponde atualmente a mais de 2 milhões de reais.

Podemos aprender com isso, que aqueles novos cristãos verdadeiramente romperam com o paganismo, queimando o que lhes prendia ao passado.

É interessante observar que embora esses livros de artes mágicas fossem de alto valor, os novos cristãos não os venderam, mas os destruíram, pois o que não serve para nós não deve ser comercializado para outras pessoas. Além disso, era preciso quebrar o vínculo espiritual que havia.

Atualmente, muitas pessoas ao se converterem a Jesus, também possuem objetos, livros, roupas e outras coisas que pertenceram ao esoterismo, a feitiçaria e ao culto pagão ou idólatra, sendo de suma importância que, sob cobertura de oração, faça a queima desses pertences, pois é uma maneira de se livrar dos espíritos malignos que estão ligados a essas práticas.

O Tumulto no Teatro de Éfeso

Vs. 29 – “Foi a cidade tomada de confusão, e todos, à uma, arremeteram para o teatro, arrebatando os macedônios Gaio e Aristarco, companheiros de Paulo”.

Esse episódio vem nos evidenciar o excepcional resultado obtido pela evangelização em Éfeso.

O número expressivo de conversões atingiu o comércio religioso da cidade, de maneira que Demétrio, um ouvires, fabricante de nichos de Diana, juntando-se com outros da mesma profissão, provocou um tumulto na cidade, alegando que a pregação de Paulo estava colocando seus negócios em perigo e descrédito.

Interessante que na visão de Demétrio, o próprio culto a deusa Diana corria o risco de ser estimado em nada.

O movimento provocado pelos ouvires da cidade, acabou reunindo uma grande multidão de pessoas que cheias de furor, se reuniram no teatro e começaram a gritar “grande é a Diana dos efésios”, o que durou por quase duas horas.

A intervenção do escrivão da cidade, acabou por apaziguar o furor da multidão que depois se dissipou, entretanto, restou comprovado que a evangelização promovida pelo apóstolo Paulo tinha impactado a cidade de tal modo, que os pilares da religião pagã estavam se abalados.

Vamos Pensar um Pouco
  1. – Você já queimou os vínculos que te prendia ao passado (ídolos, livros, roupas usadas em rituais, objetos de feitiçaria, amuletos, patuás, simpatias, etc.)?
  2. – Na sua opinião, porque os judeus exorcistas levaram uma surra do endemoninhado?
  3. – O que mais te chamou a atenção nesse estudo? Compartilhe com os demais.
  4. – O que você entende por ‘unção” e “autoridade espiritual”?
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