A Caminho de Jerusalém

Estudo 11/2022

Por, Thaisa Sanches Fernandes

Texto Para Leitura: Atos dos Apóstolos Capítulos 21 e 22
Introdução

Estamos estudando a última viagem missionária de Paulo. Depois e implantar uma igreja e passar um tempo na importante cidade de Éfeso, o Apóstolo decidiu voltar a Jerusalém, visitando algumas cidades por ele evangelizadas. E depois, pregar o Evangelho de Jesus em Roma.

Apesar de não buscar os holofotes e nem a fama, o Espírito o alertava que provas e cadeias eram o que lhe esperava. Ainda assim, Paulo decidiu seguir em frente firme no propósito que Deus o havia designado.

Examinando as últimas páginas desse livro, notamos que o discurso de Paulo em Mileto, estudado no capítulo 20, foi o fim da sua obra missionária. A partir de então, o Apóstolo dos gentios foi preso em Jerusalém e depois morto, encerrando, assim, a sua carreira!

De Mileto a Tiro

Após uma triste despedida em Mileto, Paulo desembarcou em Tiro, onde se encontrou com alguns discípulos e, com eles, permaneceu por 7 dias.

Aqueles irmãos, pelo Espírito de Deus, recomendaram que o Apóstolo não seguisse a Jerusalém, porém, em vão. Encerrado aquele tempo, Paulo continuou a sua viagem.

Notamos que os discípulos de Tiro não expressaram ao Apóstolo simplesmente um desejo dos seus corações, mas lhe fizeram um alerta pelo Espírito de Deus. Estaria, então, Paulo desobedecendo a Deus ao prosseguir sua viagem?

Na verdade, não. A palavra recebida por intermédio daqueles irmãos lhe corroborava o que o Senhor já lhe havia ministrado ao seu coração anteriormente.

No capítulo 20, versículos 22-23, o Apóstolo declara que “compelido pelo Espírito, estou indo a Jerusalém, sem saber o que me acontecerá ali. Só sei que, em todas as cidades, o Espírito Santo me avisa que que prisões e sofrimentos me esperam”.

Ou seja, Paulo sabia que, para obedecer e cumprir todo o propósito que Deus tinha para sua vida, ele haveria de padecer. Ele não foi enganado, ludibriado, mas apesar das consequências, as quais sofreu na própria pele, por amor a Cristo.

Sobre isso, ele declarou: “não me importo, nem considero minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão somente terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do Evangelho da graça de Deus”. (At. 20:24). 

Paulo entendia que viver, simplesmente por viver, pra/por ele mesmo não fazia sentido algum, por isso, mesmo podendo desistir da jornada, já que estava advertido de todo sofrimento que enfrentaria se continuasse, ele prosseguiu com seu seus olhos fixos em Jesus, crendo que viver é Cristo e o morrer é lucro.

Se quisermos viver no centro da vontade de Deus, precisamos entender que provações e renúncias fazem parte do processo.

Nenhum dos discípulos teve uma jornada fácil, inundada de prosperidade, fama, sucesso, aplausos e paz. Jesus não teve um ministério assim. Pelo contrário, todos deixaram TUDO para segui-Lo. Todos enfrentaram perseguições, humilhações, açoites, prisões e até a morte a fim de completarem a carreira.

Portanto, nas nossas vidas não será diferente. Teremos que renunciar, que deixar, que sofrer para vivermos no centro da vontade de Deus e cumprirmos o propósito para o qual Ele nos escolheu, sem olharmos para trás, sob pena de sermos julgados indignos do seu Reino. (Lucas 9:62).

De Tiro a Cesareia

Paulo ficou vários dias em Cesareia na casa de Filipe, o evangelista.

Nesse período, Ágabo foi ao seu encontro com uma palavra do Senhor ao Apóstolo:

“Ele tomou o cinto de Paulo e, amarrando as suas próprias mãos e pés, disse: assim diz o Espírito: desta maneira os judeus amarrarão o dono deste cinto em Jerusalém e o entregarão aos gentios”.

Quando os discípulos daquela cidade ouviram essas palavras, pediram para que o Apóstolo não fosse a Jerusalém, ele, porém, declarou:

“Porque vocês estão chorando e partindo o meu coração? Estou pronto não apenas para ser amarrado, mas também para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus”.

Mais uma vez, o Espírito de Deus usou a vida de outra pessoa para advertir Paulo a respeito das coisas que lhe aguardavam, cumprindo o que Jesus havia dito a Ananias quando da sua conversão: “ este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel, pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome”. (Atos 9:15-16).

O Apóstolo teve inúmeras oportunidades de desistir do propósito de Deus para salvar sua vida, todavia ele não permitiu que os sofrimentos presentes interferissem no seu alvo, que era obedecer ao Senhor a qualquer preço.

Ele não mudou seu objetivo por causa das circunstâncias, mas perseverou apesar delas.

Muitas vezes na nossa jornada seremos provados com desertos, tribulações, dores e sofrimentos, a fim de revelarmos o nosso posicionamento. Se, na situação de risco, iremos desistir dos planos de Deus para salvarmos a nossa vida; ou, se a exemplo de Paulo, prosseguiremos ao alvo custe o que custar.

No que tange às palavras recebidas por Paulo, já entendemos que elas, na verdade, eram confirmações do próprio Senhor a respeito de coisas que Ele mesmo já o havia ministrado. Mas, e no que tange às nossas vidas?

Nós cremos na atualidade dos dons espirituais. Cremos que, ainda hoje, Deus usa pessoas para falar conosco. Contudo, precisamos ter muito cuidado quando recebemos uma palavra profética, pois ela pode ser, na verdade, uma “profetada”.

Não podemos tomar decisões, nem nos movermos por elas. Deus usou homens para confirmar algo que Ele mesmo já havia ministrado ao coração de Paulo e, normalmente, é assim que as profecias devem ser usadas nas nossas vidas, como confirmações de palavras que o Senhor vem nos falando.

Ademais, devemos, sempre, provar o profeta; isto é, verificar se, de fato, o que ele fala vem de Deus ou não.

Essa prova ocorre primeiro, confrontando a sua mensagem com as Escrituras, porque o Senhor não age contra a sua Palavra. Assim, se a profecia, em qualquer pormenor, se chocar com a Bíblia, NÃO é de Deus.

Em segundo lugar, com o tempo, se a palavra recebida se cumprir, ela era do Senhor para as nossas vidas. Se não, não passava da manifestação da carne de um (possível) servo de Deus.

Por isso, cuidado! Não busque profecias/revelações, quando o Senhor quer falar, ele usa um jumentinho, se necessário.

Por fim, muito melhor do que ouvir um profeta é ouvir a voz do Espírito Santo que fala a TODOS indistintamente. Assim, busque na fonte a resposta que você tanto precisa.

De Cesareia a Jerusalém

Paulo e sua comitiva foram recebidos com grande alegria pelos irmãos de Jerusalém, inclusive por Tiago, líder da Igreja, que o possibilitou testemunhar minuciosamente tudo quanto Deus havia feito entre os gentios através do seu ministério.

Após ouvirem ao Apóstolo, todos louvaram ao Senhor pelos milagres e maravilhas operados.

Apesar de tanta alegria, Tiago estava preocupado, porque sabia que as perseguições dos judeus contra Paulo não haviam terminado. Pelo contrário, boatos corriam de que ele ensinava os judeus a viverem entre os gentios, afastando-se da lei de Moisés, bem como lhes ensinando a não circuncidarem seus filhos, nem viverem conforme seus costumes.

Por isso, o líder da Igreja aconselhou o Apóstolo a se purificar, juntamente com seus auxiliares, por meio de um voto de nazireu, tentando, com isso, evitar dissabores desnecessários.

O Reverendo Hernandes Dias Lopes, citando F.F. Bruce afirma que um espírito verdadeiramente emancipado como o de Paulo não é escravizado pela própria emancipação.

O pedido de Tiago era para um bem maior, a paz entre os judeus e o Apóstolo recém chegado a cidade, bem como a demonstração de que ele continuava vivendo sob a obediência da lei, o que também era uma verdade, por isso, ele concordou, já que não se tratava de aspectos relacionados à salvação, mas tão-somente à purificação, que nunca é demais.

A exemplo de Paulo, precisamos aprender a abrirmos mão dos nossos direitos e crendices (que não envolvam fundamentos da nossa fé) para vivermos em paz com os nossos irmãos, para que nós não os escandalizemos.

O Evangelho é sobre dar a túnica e o manto; é sobre caminhar duas milhas; sobre não dar as costas; enfim é sobre oferecer a outra face. Assim, precisamos exigir menos os nossos direitos e focarmos mais nos nossos deveres.

A Prisão de Paulo

Apesar da disposição do Apóstolo em manter a paz, os judeus não se comportaram da mesma maneira, antes, ao vê-lo, agitaram a multidão e o agarraram proferindo falsas acusações contra ele, no intuito de matá-lo.

Arrastaram-no para fora do Templo, onde ele estava, porque não podiam tirar sua vida lá e tentaram contra ela, só não tiveram êxito, porque o comandante romano, Cláudio Lísias, chegou com suas tropas.

Ele prendeu Paulo, ordenando que fosse amarrado com duas correntes e o levou à fortaleza, para averiguar o que estava acontecendo, bem como para protegê-lo de uma multidão que o queria morto.

O comandante Cláudio, ao saber que o Apóstolo era judeu, lhe permitiu se defender perante a multidão que ficou em silêncio absoluto enquanto ele falava.

Tudo corrida bem, enquanto Paulo testemunhava quem ele era antes de conhecer Jesus, isto é, judeu de judeus, instruído rigorosamente por Gamaliel na lei, sendo zeloso a ela, perseguidor até a morte dos cristãos.

Porém, ao declarar que o Filho de Deus ressurreto havia se revelado a ele, instruindo-o a pregar aos gentios, ou seja, abrindo a salvação que, antes era para os judeus, a todas as pessoas; a multidão se rebelou novamente clamando pela morte de Paulo.

O Apóstolo foi levado à fortaleza para ser açoitado, pois era assim que os romanos obtinham confissões de seus prisioneiros, quando ele fez uso de suas prerrogativas de cidadão romano para não apanhar injustamente.

Os cidadãos romanos não podiam ser açoitados sem antes terem sido devidamente julgados, com direito de defesa, e condenados.

Ao saber da condição de Paulo, Cláudio ficou alarmado, os que iam interrogá-lo retiraram-se, imediatamente. A fim de resolver a situação, o comandante o libertou e ordenou que se reunissem os chefes dos sacerdotes e todo Sinédrio para que uma acusação formal fosse feita e o Apóstolo pudesse se defender.

No próximo estudo, abordaremos a defesa de Paulo diante do Sinédrio, bem como a conspiração feita pelos judeus para matá-lo.

Vamos Pensar um Pouco
  1. As palavras que Deus entregou ao Apóstolo Paulo, por meio dos seus servos, eram para lhe dar o direito de escolha (não ir a Jerusalém) ou para que ele fosse ciente do que lhe tinham preparado?
  2. Paulo agiu corretamente ao “ignorar” os conselhos dos seus amigos no sentido de não ir a Jerusalém?
  3. Você crê na atualidade dos dons espirituais, inclusive na palavra profética?
  4. Já recebeu uma “profetada”?
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