A cura do paralítico de Cafarnaum é relatada pelos evangelistas Marcos, no capítulo 2 e Lucas, no capítulo 4, a partir do versículo 18.
Aparentemente, esse milagre aconteceu no início do ministério de Jesus.
De acordo com as Escrituras, depois de passar 40 dias no deserto, sendo tentado por satanás, Jesus voltou para a região da Judeia, onde anunciou as Boas Novas, chamou seus primeiros discípulos, curou enfermos e libertou os cativos.
Dentre as maravilhas realizadas naquela região, o Filho de Deus curou um homem leproso, mas pediu para que ele mantivesse o sigilo do ocorrido e apenas apresentasse seu sacrifício ao sacerdote.
Ocorre que tão logo ele saiu da presença de Jesus, tornou o fato público e, brevemente, a notícia se espalhou.
Depois disso, Jesus já não podia mais entrar publicamente em nenhuma cidade, porque multidões se aglomeravam ao seu redor.
Operado tais milagres na Judeia, Ele voltou para Cafarnaum, onde ficava sua “base missionária” – alguns dizem que era sua casa, outros que era a casa de Pedro.
Espalhou-se a notícia de que Jesus estava em casa e, logo, muita gente se reuniu ali, de modo que não havia lugar nem junto a porta. Havia povos da Galileia, da Judeia, de Jerusalém e, inclusive, fariseus e mestres da lei.
Cientes de que o Filho de Deus estava em casa, quatro homens decidiram levar um amigo em comum, paralítico, à Sua presença, na esperança de que Ele pudesse curá-lo. Cada um pegou em uma ponta da maca do paralítico e partiram.
Ocorre que a multidão que se encontrava na casa de Jesus não os permitiu entrar. Então, eles subiram no telhado, removeram parte da cobertura da casa e, pela abertura no teto, abaixaram a cama onde o paralítico se encontrava bem na frente do Filho do Homem.
Impressionado com a fé daqueles homens, Jesus olhou fixamente ao paralítico e declarou:
“Filho, seus pecados estão perdoados”.
Os fariseus e mestres da lei presentes ficaram indignados com a declaração de Jesus, afinal “quem pode perdoar pecados, a não ser Deus?”. Aquilo era uma verdadeira blasfêmia.
Eles se incomodaram, porém não disseram nada publicamente.
Jesus, no entanto, é onisciente, sonda os nossos corações, conhece os nossos pensamentos e, sabendo do incomodo daqueles religiosos, os confrontou:
“O que é mais fácil dizer ao paralítico: os seus pecados estão perdoados ou levante-te, pega sua cama e anda? Mas, para que vocês saibam que o Filho do Homem tem autoridade na terra para perdoar pecados; disse ao paralítico: levanta-te, pega tua cama e cá para casa”.
Imediatamente, o paralítico se levantou, na frente de todos, pegou sua cama e foi para casa glorificando ao Senhor, que o havia perdoado e curado.
A Bíblia não nos dá muitas informações a respeito daquele paralítico. Sabemos apenas que ele era paralítico; não deveria ser tão novo, pois era pesado, foram necessários 4 homens para carregá-lo e que ele tinha bons amigos.
Apesar dessas poucas informações, nós podemos imaginar quão difícil deveria ser para ele viver acamado, sem poder andar, depender de terceiros para as necessidades mais básicas, tais como ir ao banheiro, tomar banho e se alimentar.
Se essa condição já é muito difícil nos dias atuais, com todo tipo possível de inclusão, que dirá há 2 mil anos.
Apesar de todas as adversidades daquele homem, ele tinha algo que é fundamental para a vida de qualquer pessoa, ele tinha amigos verdadeiros.
A Bíblia nos revela que aqueles homens tentaram entrar na casa onde Jesus estava pela porta, da forma tradicional, contudo foram impedidos pela multidão.
Não sabemos ao certo quantas pessoas tinham lá, mas eram inúmeras e nenhuma delas se compadeceu daquele homem.
Todos estavam diante do Filho de Deus para buscarem a própria cura, libertação, o próprio milagre e ninguém olhou para a dor, o sofrimento e a dificuldade do paralítico. Ninguém, entre uma multidão, permitiu que ele passasse.
Se o paralítico dependesse apenas daquelas pessoas, talvez, ele não teria sido curado.
Muitas vezes, nós somos como a multidão. Conhecemos ao Senhor e nos achegamos diante Dele para clamarmos por nós mesmos – pela nossa vida, casa, marido, filhos, trabalho, dificuldades e nos esquecemos de pessoas que estão sofrendo, talvez, até mais do que nós.
Nos esquecemos de um amigo doente, de um cunhado desempregado, de um parente internado, de uma tia enlutada, de pessoas que não conhecem a Cristo e, diariamente, estão indo para o inferno, sem que intercedamos por elas.
Como cristãos verdadeiros, não podemos nos comportar dessa maneira, porque se hoje conhecemos o Caminho de nos achegarmos a Deus (Jesus) é porque alguém não desistiu de nós e orou, intercedeu, jejuou e nos convidou.
Alguém deixou de orar pelos próprios problemas e clamou pela nossa salvação.
Apesar daquela multidão, dura de coração, o paralítico tinha amigos verdadeiros, os quais estavam dispostos a lutar não apenas com ele, mas por ele.
Não sabemos há quanto tempo aquele homem estava enfermo, mas talvez já estivesse cansado e desistido de lutar. Talvez, estivesse sem esperança, porque já tinha buscado a cura em tantos lugares, sem sucesso.
Os amigos do paralítico, no entanto, criam na única esperança verdadeira: Jesus. Pegaram a cama dele e o carregaram até a presença do Filho de Deus.
Imagino que no percurso eles foram contando tudo quanto Jesus estava fazendo, se lembrando das curas, das libertações, dos milagres e, com isso, se fortaleciam.
Nós precisamos ter esse tipo de amigos; mas, devemos ser também. O nosso problema é que só queremos receber e nunca nos dar para alguém.
Certamente, aqueles homens tinham suas próprias adversidades e também precisavam de um milagre de Jesus. Eles poderiam ter se comportado como a multidão. Quão mais rápido e fácil eles teriam chegado perto do Filho de Deus se não tivessem levado o paralítico com eles?
Porém, eles decidiram não abandonar um amigo e lutaram por ele, sem medir esforços.
Eles deram força ao cansado; esperança ao desesperançoso e vida ao quem estava esperando a morte (eterna).
Subir em um telhado não á fácil, carregando outra pessoa então, parece impossível. Mas, aqueles homens conseguiram subir ao telhado e colocaram o paralítico na frente do Filho de Deus.
Ao se deparar com a situação, o próprio Jesus se impressionou com a fé daqueles homens e, imediatamente, perdoou e curou o paralítico.
Percebemos, ao examinar as Escrituras, que a maioria dos milagres realizados pelo Filho de Deus foram impulsionados e outros até condicionados à fé das pessoas.
Por isso, nós precisamos crer, não apenas por nós mesmo, mas por nossos amigos, a exemplo daqueles 4 homens; porque, não raras vezes, o desânimo e o cansaço abalam a nossa fé e nos deixam paralisados.
Nesses tempos, precisamos de amigos que nos carreguem no colo, suba os telhados e nos leve à frente de Jesus; fazendo tudo por nós… e como é difícil encontrarmos pessoas assim, que se importam.
O problema é que quando encontramos, não as cultivamos. Pelo contrário, preferimos as amizades que nos convidam para festas, baladas, bebedeiras, fofocas e desprezamos aquelas que querem nos levar aos cultos e reuniões de oração; que querem nos aproximar de Cristo.
Entretanto, quando ficamos acamados pelas dificuldades, como o paralítico, os “amigos legais” desaparecem e não temos ninguém que nos carregue.
Diante de tudo isso, devemos repensar nas nossas amizades, em quem colocamos dentro das nossas casas, abrimos a nossa intimidade, contamos os nossos segredos, quem são essas pessoas?
Os nossos amigos tem nos aproximado de Jesus para sermos perdoados, libertos e curados ou eles nos afastam de Cristo?
Ademais, precisamos, ainda, de amigos que celebrem as nossas vitórias.
Aquele paralítico voltou para sua casa glorificando ao Senhor pela benção recebida e todos que estavam na casa O louvaram pelo milagre, inclusive os 4 amigos.
Acredito que mais difícil do que encontrarmos bons amigos que estão conosco nas nossas dificuldades, é termos pessoas que se alegram conosco nas nossas vitórias e conquistas.
Muitos, por inveja, se entristecem quando somos abençoados por crerem que são mais merecedores do que nós.
Lembro-me de quando passei na OAB, ainda no início do 5º ano da faculdade, uma “amiga” (dessas de perto mesmo), chorou pela minha vitória, não de alegria, mas de tristeza. Ela sequer tinha prestado a prova, mas foi incapaz de celebrar minha conquista.
Apenas os amigos verdadeiros tem essa capacidade de chorarem as nossas lágrimas e celebrarem as nossas vitórias, por isso precisamos valorizá-los e honrá-los.
Minha oração é para que primeiro, sejamos esse amigo e, então, teremos vários deles ao nosso lado.