A Caminho de Roma

Estudo 14/2022

Por, Thaisa Sanches Fernandes

Texto Para Leitura: Atos dos Apóstolos – Capítulos 27 e 28
Introdução

Finalmente, chegamos ao fim do Livro de Atos dos Apóstolos.

Depois de ter anunciado o Evangelho para as mais altas autoridades de Jerusalém e de Cesareia, Paulo, antevendo uma emboscada contra sua vida tramada pelos os judeus e pelo governador Festo, por motivos políticos, apelou para o Imperador de Roma, César.

Por ser cidadão romano, o Apóstolo tinha o direito de recorrer para a autoridade suprema da época, o imperador, por isso, a partir de então, nem Festo, nem o rei Agripa II tinham competência para julgar as acusações lançadas contra ele, mas tão-somente César.

Não da maneira sonhada, Paulo, finalmente, iria para Roma, concluindo, assim, a jornada que Deus o havia determinado.

De Cesareia à Ilha de Malta

Quando ficou decidido que o Apóstolo partiria para Roma, ele e alguns outros presos foram entregues a um centurião chamado Júlio, que pertencia ao Regimento Imperial.

Um total de 276 pessoas embarcaram em um navio que se destinava para alguns lugares da província da Ásia.

Depois de fazerem a primeira parada, eles passaram a enfrentar ventos contrários até que, com muita dificuldade, conseguiram chegar a um lugar chamado Bons Portos, perto da cidade de Laseia.

O inverno já se aproximava e, agora, a navegação havia se tornado perigosa, motivo pelo qual Paulo advertiu a tripulação a não prosseguir viagem, mas esperar a passada daquela estação em Bons Portos.

“Senhores, vejo que a nossa viagem será desastrosa e acarretará grande prejuízo para o navio, para carga e também para a nossa vida”.

No entanto, o centurião preferiu dar ouvidos ao piloto, ao dono da embarcação e à maioria, seguindo viagem até Fenice, onde passariam o inverno.

Não demorou muito, desencadeou-se da ilha um vento e uma tempestade muito fortes que arrastou o navio. Sem poderem resistir, cessaram as manobras e deixaram a embarcação à deriva.

Como as fortes chuvas não cessavam, eles tiveram que lançar fora do navio a sua carga e até suas armações, do contrário naufragariam.

Apesar das tentativas daqueles homens para salvarem o navio, a tempestade não deu trégua, continuou a castigá-los, então eles perderam as esperanças de salvamento: todos morreriam.

Percebendo a falta de fé da tripulação, inclusive de Lucas que acompanhava Paulo, o Apóstolo se levantou para encorajá-los:

“Tenham coragem, pois nenhum de vocês perderá a vida, apenas o navio será destruído. Ontem à noite apareceu-me um anjo do Deus a quem pertenço e a quem adoro, dizendo-me: Paulo, não tenha medo. É preciso que você compareça perante César. Deus, por sua graça, deu-lhe a vida de todos que estão navegando com você”.

No décimo quinto dia, ao amanhecer, eles viram uma praia para onde decidiram conduzir o navio, mas ele encalhou em um banco de areia e a popa foi quebrada pela violência das ondas.

Os soldados resolveram matar os presos para impedirem a fuga de alguns deles, o centurião, porém, queria poupar a vida de Paulo e os impediu de executar o plano. Ele ordenou que todos que soubessem nadar se lançassem ao mar em direção a terra e, os outros, deveriam se salvar em tábuas ou pedaços do navio.

Dessa forma, todos chegaram salvos em terra, cumprindo a palavra do Senhor.

Aplicação

O foco do ministério de Paulo era Roma. Por inúmeras vezes ele quis ir para a capital do império, mas fora impedido pelo Espírito Santo.

Após fundar várias Igrejas em suas diversas viagens missionárias, finalmente, o Senhor envia o Apóstolo à Roma para testemunhar lá o Evangelho da Salvação.

Ele não foi como sonhou livre, juntamente com uma grande comitiva de outros discípulos; mas como prisioneiro, acorrentado, junto de vários condenados. Ainda assim, quando chegou, deu graças e se sentiu encorajado.

Além disso, sua viagem não foi de primeira classe. Pelo contrário, ele e Lucas quase morreram para chegarem ao seu destino final.

Com isso percebemos que, não é porque estamos vivendo no centro da vontade de Deus que estaremos livres das tempestades, lutas e adversidades. Mas, precisamos confiar que, apesar das circunstâncias desfavoráveis, Ele continua conosco.

Essas lutas que enfrentamos podem ser permissões do Senhor nas nossas vidas, para nos provar, saber se iremos desistir, abandonar o barco no primeiro vendaval.

Mas, elas podem ser confrontos de satanás, o inimigo das nossas almas, querendo nos parar e nos impedir de vivermos o melhor que Deus tem para nós.

Se o Apóstolo tivesse desistido, talvez muitos judeus e gentios romanos que se renderam a Cristo não teriam sido salvos e nós não teríamos muitas de suas cartas, as quais foram escritas das prisões que enfrentou ao longo do seu ministério.

Se nós desistirmos, não viveremos os sonhos que o Senhor nos planejou, os quais são muito maiores e melhores do que pedimos ou pensamos. Estaremos abrindo mão das suas bençãos para nós.

Além disso, verificamos que o comandante perdeu o controle do navio durante a tempestade, e ele ficou à deriva; porém, ainda assim, não naufragou, porque Deus continuava no controle.

O Senhor tinha um propósito naquela viagem que era levar Paulo a Roma, a fim de que Ele testemunhasse Cristo na capital do Império e nada e nem ninguém Lhe podia impedir.

O Reverendo Hernandes Dias Lopes citando Matthew Henry relata que “assim como a fúria dos mais poderosos inimigos, assim também o mais violento mar não pode prevalecer contra as testemunhas de Deus até que tenham dado seu testemunho. Enquanto Deus tiver uma tarefa para eles fazerem, suas vidas deverão ser prolongadas”.

Quando vivemos no centro da vontade de Deus, as ondas turbulentas do mar podem até nos balançar, nos fazer perder o controle e nos deixar à deriva das nossas próprias vidas.

No entanto, absolutamente nada foge do controle do Senhor, com uma palavra Ele repreende o mar e o faz acalmar, por isso podemos crer e descansar no Criador e Sustentador das nossas vidas.

Os Prejuízos pela Desobediência

Apesar de todos terem se salvado ao final, eles tiveram muitos prejuízos materiais por não terem dado ouvidos ao alerta de Paulo.

O Apóstolo bem sabia que o inverno não era época para se navegar e advertiu o centurião, o qual preferiu dar ouvidos ao comandante, ao dono do navio e à maioria da tripulação.

Ao contrário do que essas pessoas fizeram, nas nossas dificuldades nós devemos primeiro, buscarmos respostas no Senhor, que é onisciente e tem o melhor para as nossas vidas e, depois, nos orientarmos e pedirmos confirmações para homens que andam com Deus, os quais creem da mesma forma que nós. Só assim evitaremos danos e prejuízos desnecessários.

Os ímpios nos aconselharão a mudarmos para o emprego que paga melhor; a nos divorciamos na primeira dificuldade conjugal; a não perdoarmos os nossos familiares e nos afastarmos deles; a mudarmos de Igreja; enfim.

Mas, o Espírito de Deus nos conduzirá para o centro da Sua vontade que é boa, perfeita e agradável.

Quando ouvimos ao Senhor e O obedecemos podemos confiar que, após a tempestade, encontraremos terra seca e nos salvaremos, porque Ele é fiel à sua Palavra e se compromete com ela até o fim.

Todavia, quando ignoramos a voz de Deus e fazemos as nossas próprias escolhas, O desobedecendo, Ele não tem compromisso com o nosso final e chegamos ao fundo do poço sem qualquer esperança de salvação, como aconteceu com todos (exceto Paulo) os que estavam naquele navio.

Por isso, diante das tempestades que enfrentamos nas nossas vidas, devemos buscar a orientação do Senhor e obedecê-la, ainda que custe os nossos sonhos e planos.

O Apóstolo Paulo na Ilha de Malta

Ao chegarem na ilha de Malta, após se salvarem do naufrágio do navio, Paulo e toda a tripulação foram bem recebidos pela população local.

No intuito de ajudar, o Apóstolo havia juntado alguns gravetos para alimentar o fogo da fogueira que os aquecia, mas ao colocá-los lá foi mordido por uma víbora, que se prendeu à mão dele.

Quando os habitantes da ilha viram a cobra agarrada à mão de Paulo, disseram (uns aos outros) que, certamente, ele era um assassino, o qual havia sobrevivido à fúria do mar, mas não escaparia da justiça da serpente.

Ocorre que o Apóstolo não sofreu nenhum mal com a picada da víbora. Todos esperavam que ele caísse morto de repente, mas isso não aconteceu.  Com isso, ele passou de assassino a “deus”.

Durantes os três meses que passou em Malta, Paulo curou os enfermos, manifestando o poder de Deus, e pregou o Evangelho.

Passado o inverno, embarcou em outro navio a fim de seguir viagem.

A passagem do Apóstolo naquela ilha não estava nos planos de ninguém, visto que fora consequência da desobediência do centurião ao alerta do homem de Deus.

Ainda assim, notamos a manifestação da misericórdia do Senhor sobre todos os tripulantes do navio, visto que nenhum se perdeu; e sobre os habitantes da ilha, que tiveram a oportunidade de conhecer Jesus.

Nos três meses que Paulo ficou em Malta, todos que estavam lá puderam experimentar do poder de Deus através dos milagres e curas que ele manifestou, bem como conhecer a Salvação.

Muitas vezes, somos levados a lugares/circunstâncias que não gostaríamos, as quais não planejamos, entretanto, em todas elas, devemos demonstrar Jesus aqueles que estão ao nosso redor, talvez seja a única oportunidade que eles terão. E, muito provavelmente, o Senhor estará usando as nossas vidas para manifestar Sua misericórdia sobre a vida deles, como fez naquela ilha.

Precisamos nos atentar também para o fato de que, muitas vezes, pregando o Evangelho, fazendo a obra de Deus, seremos atacados por víboras e serpentes, as quais querem nos matar.  Mas, nós não precisamos temer, porque o Senhor é a nossa proteção.

Ele pode não evitar as picadas, mas impede que o seu veneno nos mate.

Jesus nos assegurou que, no cumprimento do ide, da anunciação do Evangelho à toda criatura, sinais nos acompanhariam:

“Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados”. (Marcos 16:17-18).

Por isso, não temos motivos para temer, o Senhor nos reveste de autoridade, poder para fazermos a sua obra e, enquanto a cumprimos, Ele nos protege dos revides de satanás.

A Chegada de Paulo em Roma

Como mencionado, apesar de não ter chegado de primeira classe, mas como um prisioneiro acorrentado, Paulo se alegrou ao chegar em Roma e encontrar alguns irmãos ali.

Lá, apesar de prisioneiro, ele recebeu permissão para morar por conta própria, sob custódia de um soldado. Apesar disso, tinha total ele tinha total liberdade para receber as pessoas e ensinar o Evangelho.

Precisamos nos lembrar que, nessa época, os romanos não se opunham e nem perseguiam os cristãos. Todos os ataques que os discípulos e mártires enfrentaram vieram dos judeus, eles eram seus maiores opositores.

As perseguições de Roma se iniciaram depois de um incêndio que Nero, o Imperador, causou em uma das regiões mais populosas e antigas da região e culpou os cristãos, então eles viveram o verdadeiro martírio.

Depois de instalado, Paulo convocou os líderes judeus com o intuito de se defender das acusações dos judeus de Jerusalém e de Cesareia, todavia, eles não haviam recebido nenhuma carta formal contra o Apóstolo. Ainda assim, quiseram ouvi-lo para entenderem mais sobre o cristianismo, ao que chamaram de seita.

Paulo passou um dia todo explicando e testemunhando acerca do Reino de Deus àqueles judeus, procurando convencê-los a respeito de Jesus, com base na Lei de Moisés e nos Profetas, mas apenas alguns creram.

Então, como de costume, o Apóstolo decidiu anunciar o Evangelho aos gentios: ele pregava o Reino de Deus e ensinava a respeito do Senhor Jesus Cristo abertamente, sem nenhum impedimento e assim o foi por dois anos, até que soltaram Paulo.

Estudiosos afirmam que ao ser posto em liberdade, o Apóstolo dos gentios fez sua quarta viagem missionária, a qual não é descrita nas Escrituras, possivelmente, à Espanha.

Anos depois, após o incêndio supramencionado, causado pelo imperador Nero, Paulo foi novamente preso, lançado numa masmorra romana, de onde só saiu para ser morto no ano de 67 d.C.

O Apóstolo Paulo cumpriu tudo quanto o Senhor havia determinado a seu respeito, por amor a Jesus. Ele não se apegou a nada que esse mundo pode nos oferecer, nem mesmo a sua própria vida, mas, o tempo todo, manteve seus olhos fixos no Filho de Deus, vivendo por e para Ele.

Assim, ao final, pode declarar: “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Agora, me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda”. (2 Timóteo 4:7-8).

O Livro de Atos dos Apóstolos

De acordo com o Reverendo Hernandes Dias Lopes, o propósito de Lucas no livro de Atos dos Apóstolos é o mostrar como o Evangelho, anunciado inicialmente por iletrados pescadores judeus, saiu de Jerusalém e, em trinta anos, conquistou Roma, a capital do Império e permanece até os dias atuais, dois mil anos depois.

Podemos perceber que, diferentemente dos demais livros, Atos se encerra abruptamente no capítulo 28 e cremos que seu escritor o fez dessa maneira propositalmente, já que a história da Igreja não terminou.

Ela vem, há dois mil anos, sendo escrita e hoje nós podemos fazer parte desses novos capítulos que, brevemente, serão concluídos com o nosso arrebatamento. Aleluia!

Vamos Pensar um Pouco

  1. O que mais te marcou nesse estudo do Livro de Atos dos Apóstolos?
  2. Se você pudesse escolher uma palavra para definir o Apóstolo Paulo, qual seria?
  3. Como você está escrevendo o seu capítulo de Atos, a história da Igreja?
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