A Igreja Avança em Territórios Gentios

Estudo 01/2022

Por, Pastor Marcos Valerio Fernandes

Texto Para Leitura: Atos 11:1-30
Introdução

Com este estudo estamos retornando com as reuniões de nossas micro células familiares. Esperamos que neste ano possamos aprender um pouco mais, crescendo no conhecimento e na graça de nosso Senhor Jesus Cristo.

Reúna com sua família e busque diligentemente e com perseverança estudar a Palavra de Deus.

No ano anterior paramos no capítulo 10 do livro de Atos, que narra a conversão do centurião romano Cornélio e de sua família. Naquele texto, o apóstolo Pedro esteve na casa de Cornélio, um gentio que morava na cidade de Cesareia e a ele anunciou o evangelho de Jesus.

Logo após ouvirem o evangelho, o Espírito Santo caiu sobre todos eles, isto é, sobre Cornélio e todos os que com ele estavam em sua casa, os quais passaram a falar em línguas, engrandecendo a Deus.

Pedro não teve dúvidas. Se sobre os gentios Deus estava derramando o Espírito Santo, estes também deveriam ser batizados e assim o fez.

No estudo de hoje veremos que a atitude de Pedro teve repercussão na Igreja em Jerusalém, sendo que por outro lado, Deus também estava direcionando outros grupos para levarem o evangelho para regiões, fora do território de Israel, passando assim à evangelização dos gentios por diversas partes.

O Senhor Jesus havia deixado claro que a mensagem de salvação deveria ser levada aos moradores de Jerusalém, de toda a Judeia, Samaria e até aos confins da terra (Atos 1.8). Entretanto, quebrar a barreira cultural que estava introduzida no coração dos Judeus em relação aos gentios, foi tarefa que delongou alguns anos de espera.

Deus falou com Pedro através da visão do lençol com animais imundos (capítulo 10) e permitiu que a perseguição (capítulo 8) servisse de motivação para que os discípulos se espalhassem por territórios estrangeiros, onde compartilharam da mensagem do evangelho aos gentios e esses se converteram.

Vejamos alguns pontos importantes nesse período de transição.

A Atitude de Pedro Repercute na Igreja em Jerusalém

Vs. 2-3 – “Quando Pedro subiu a Jerusalém, os que eram da circuncisão o arguiram, dizendo: Entraste em casa de homens incircuncisos e comeste com eles”.

A notícia de que Pedro tinha estado e permanecido alguns dias na casa de Cornélio, chegou até aos ouvidos de líderes que estavam em Jerusalém, os quais pediram explicações para Pedro de sua atitude.

Não era fácil para os judeus aceitarem o convívio com os gentios, principalmente em razão da dieta alimentar. Como havia dito o próprio Pedro, não era permitido pelos costumes judaicos, um judeu entrar na casa de um gentio (Atos 10.28).

Deus estava quebrando essa barreira, entre judeus e gentios, pois para Deus não há acepção de pessoas.

Pedro explicou a visão celestial do lençol cheio de animais imundos e a ordem para matar e comer, bem como a sua recusa em comer coisa imunda e a voz que dizia: ao que Deus purificou não consideres imundo.

A explicação de Pedro fundamenta-se na sua visão, na visão de Cornélio e no derramar do Espírito Santo sobre os gentios, confirmando que Deus estava se movendo em favor da conversão dos gentios.

Pedro conclui sua explicação dizendo que ele não poderia resistir ao que Deus estava realizando (vs. 17) e com essa explicação, aqueles que se opunham à sua atitude se apaziguaram e glorificaram a Deus.

Importante observar, que a barreira existente entre judeus e gentios era quase intransponível naqueles dias e estava arraigada no coração de todos os judeus. Entretanto, o cristianismo veio para quebrar essa separação.

A Perseguição em Jerusalém Dispersa os Discípulos Por Outras Regiões

Vs. 19 – “Então, os que foram dispersos por causa da tribulação que sobreveio a Estevão se espalharam até a Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus”.

Com o apedrejamento de Estevão, houve uma certa perseguição aos discípulos que estavam em Jerusalém, razão pela qual muitos para fugirem desse momento de tribulação, se mudaram para outros locais fora do território de Israel.

Fenícia, Chipre e Antioquia, eram regiões estrangeiras que ficavam em regiões ao norte de Israel.

Entretanto, observamos que os discípulos continuavam pregando o evangelho apenas aos judeus que moravam nesses locais.

Essa atitude estava presa no exclusivismo judeus quanto a religião. Eles criam que a salvação era apenas dos judeus.

O fato dos discípulos estarem se dispersando por países estrangeiros, no entanto, vai contribuir para que o evangelho passe a ser pregado também aos gentios.

Deus transformou algo ruim que acontecia aos discípulos (perseguição), em uma maneira de alcançar outras vidas para o reino de Deus. Isso nos mostra que Deus sempre está trabalhando, transformando o mal em bênçãos para as nossas vidas. Leia Romanos 8.28

A Igreja de Antioquia

Vs. 20 – “Alguns deles, porém, que eram da Chipre e de Cirene e que foram até Antioquia, falavam também aos gregos, anunciando-lhes o evangelho do Senhor Jesus”.

A cidade de Antioquia ficava na Síria e naqueles dias era considerada a terceira maior cidade do mundo, com aproximadamente meio milhão de habitantes.

Nessa cidade, Deus irá estabelecer não apenas uma grande igreja, mas também, uma igreja missionária, de onde partirão para missões os apóstolos Barnabé e Saulo, acompanhados por Marcos e Silas.

O texto nos descreve que havendo os gregos que residiam em Antioquia ouvido o evangelho, creram e se converteram ao Senhor.

Houve um número expressivo de conversões, pois a formação dessa igreja tornou-se notícia em Jerusalém, de onde foi enviado Barnabé, pessoa da mais alta confiança dos apóstolos, para acompanhar o que estava acontecendo.

Com a chegada de Barnabé, o crescimento da igreja em Antioquia se tornou ainda maior e muita gente se uniram ao Senhor.

A igreja de Antioquia se tornou um grande exemplo de compromisso com a obra de evangelização do reino de Deus, tanto na própria cidade, como até os confins da terra.

Barnabé e Saulo, Uma Dupla Dinâmica

Vs. 25-26 – “E partiu Barnabé para Tarso à procura de Saulo; tendo-o encontrado, levou-o para Antioquia”.

Barnabé era um homem muito bom, cheio do Espírito Santo e de fé. Sua presença em Antioquia trouxe firmeza espiritual para os novos convertidos.

Ele tinha um ministério de exortação, trazendo consolo, força e graça ao coração de todos.

Barnabé também era uma pessoa de visão. Ele sabia que aquela igreja poderia crescer muito mais, com o trabalho de uma equipe. Acreditando nisso foi buscar Saulo, na cidade de Tarso.

Saulo tinha se convertido há algum tempo antes, mas estava em Tarso, sua cidade natal, onde se refugiara para não ser morto pelos judeus. Seu ministério ainda não tinha começado de fato.

Barnabé era um dos poucos líderes que acreditavam no potencial de Saulo e certo de que ele era a pessoa indicada para auxiliá-lo em Antioquia, foi busca-lo e o trouxe para juntos pastorearem aquela igreja.

Por um ano Barnabé e Saulo ensinaram, naquela cidade, numerosa multidão e nos próximos capítulos do livro de Atos estudaremos o impacto de suas vidas e ministérios para a propagação do evangelho.

Chamados Cristãos

Vs. 26 – “…Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos”.

Em Antioquia os discípulos passaram pela primeira vez a serem chamados de cristãos.

Cristão significa “pequeno Cristo”.

É muito singular esse nome atribuído aos discípulos, pois certamente o testemunho que eles transmitiam através de suas vidas, evidenciava que cada um deles se tornara um pouco do que é Jesus.

Ser cristão é ser parecido com Cristo e era isso que as pessoas viam nos discípulos de Jesus.

Com o tempo, o nome cristão passou a ser utilizado a todos os seguidores do cristianismo, mas fica para nós um questionamento: será que todos são dignos em serem chamados de cristãos?

Precisamos entender que ser “um pequeno cristo” (cristão) exige uma identidade com Jesus. Não basta apenas pertencer a um seguimento religioso, torna-se necessário ter uma mudança de atitude, caráter e modo de viver, espelhando a própria vida do Senhor Jesus.

Na cidade de Antioquia, o nome cristão foi criado como um “apelido” atribuído aos seguidores de Jesus, pois era isso que neles viam os que estavam do lado de fora da igreja.

Quem a si mesmo atribui esse nome, precisa fazer jus a ele!

O Ministério Profético de Ágabo

Vs. 27-28 – “Naqueles dias, desceram alguns profetas de Jerusalém para Antioquia, e, apresentando-se um deles, chamado Ágabo, dava a entender, pelo Espírito, que estava para vir grande fome por todo o mundo, a qual sobreveio nos dias de Cláudio”.

O ministério profético estava em evidência naqueles dias. Alguns deles foram de Jerusalém para Antioquia. Ágabo era um desses profetas.

A ligação entre as igrejas de Jerusalém e Antioquia se fortalecia, pois eram as duas maiores igrejas nesse período.

O texto narra que Deus usou o profeta Ágabo para profetizar sobre uma fome que viria a todo o mundo, a qual sobreveio nos dias de Cláudio.

Cláudio foi o quarto imperador romano, nos anos de 41 a 54 d.C.

Podemos observar que a profecia de Ágabo se cumpriu nos anos seguintes.

Se a igreja de Jerusalém servia a igreja de Antioquia enviando líderes para a ela ministrarem, por sua vez, a igreja de Antioquia retribuiu, resolvendo socorrer os irmãos que moravam na Judeia (Jerusalém) e assim o fizeram enviando socorro financeiro a eles.

O texto busca evidenciar a importância do ministério profético, pois através dele os cristãos de Antioquia tiveram tempo para se preparar e enviar socorro para os irmãos que viviam na Judeia.

Observamos também, outro ponto muito importante nesse fato. A prontidão dos cristãos em se socorrerem no momento da dificuldade, demonstrando o amor existentes entre eles.

O cristianismo quebrava barreiras culturais. Judeus ministravam a palavra aos gentios e estes socorriam os judeus.

Como pregava o apóstolo Paulo: “no qual (em Jesus) não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos” (Colossenses 3.11).

Vamos Pensar um Pouco
  1. Deus permitiu que a perseguição fosse um instrumento importante para dispersar discípulos por todos os lados e assim levar o evangelho até aos gentios. Você acha que hoje Deus permite que determinadas circunstâncias adversas sirva para despertar a Igreja a cumprir a ordem de evangelizar até os confins da terra? Comente o que você entende.
  2. Em Antioquia os seguidores de Jesus foram chamados de “cristãos”. Nos dias atuais, qual apelido seria atribuído aos seguidores de Jesus?
  3. Você entende que o trabalho em equipe continua sendo uma estratégia de crescimento da Igreja? O que podemos fazer nesse sentido?

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