“Até quando este povo me tratará com desprezo? Será que nunca confiarão em mim, mesmo depois de todos os sinais que eu realizei entre eles? Eu os deserdarei e os destruirei com uma praga. Então, farei de você um povo ainda maior e mais poderoso que eles” (Números 14:11-12) (…)
“O Senhor respondeu: “Eu o perdoei, conforme você pediu. No entanto, juro pela glória do Senhor, que enche toda a terra, que nenhum dos que viram a minha glória e os sinais milagrosos que realizei no Egito e no deserto e me puseram a prova e me desobedeceram dez vezes – nenhum deles chegará a ver a terra que prometi com juramento aos seus antepassados. Ninguém que me tratou com desprezo a verá”. (Números 14:20-23) (…)
“Disse mais o Senhor (…) Até quando esta comunidade ímpia se queixará contra mim? Tenho ouvido as queixas desses israelitas murmuradores. Diga-lhe: Juro pelo meu nome, declara o Senhor, que farei a vocês tudo que me pediram: cairão neste deserto os cadáveres de todos vocês, de vinte anos para cima (…) Nenhum de vocês entrará na terra que, com mão levantada, jurei dar-lhes para sua habitação, exceto Calebe (…) e Josué”.( Números 14:26-30)
Segundo as Escrituras Sagradas, Deus se revelou a Abraão e lhe prometeu uma descendência numerosa, apesar da esterilidade de sua esposa, Sara, bem como uma terra farta.
O pai da fé creu no Senhor e, deixando sua casa e toda sua família (exceto sua mulher e seu sobrinho Ló), partiu. Quando ele já era sem vigor e contava com 100 anos de idade, Deus cumpriu sua promessa e Isaque nasceu.
Com oito dias, o Senhor pediu que Abraão circuncidasse o menino, representando sua inclusão na aliança que eles haviam feito. E ele o fez.
Isaque já era adulto quando o Soberano lhe fez as mesmas promessas que havia feito a seu pai: “por enquanto, fique morando neste lugar, e eu estarei com você e o abençoarei. Darei aos seus descendentes todas estas terras e assim cumprirei o juramento q eu fiz a Abraão, o seu pai. Farei com que os seus descendentes sejam tão numerosos quanto as estrelas do céu e lhes darei todas estas terras. Por meio dos seus descendentes eu abençoarei todas as nações do mundo, pois Abraão me obedeceu e cumpriu as minhas ordens, os meus mandamentos, as minhas leis e os meus ensinamentos. Assim, Isaque ficou morando em Gerar”. (Gênesis 26:1-6).
Ele teve dois filhos Esaú e Jacó, o qual foi escolhido para integrar a aliança de Deus e dar origem à nação de Israel, por meio das doze tribos, cada uma representada por um dos seus filhos.
Eles haviam se tornado numerosos, conforme as promessas do Senhor, e habitavam a terra de Canaã.
Ocorre que uma fome assolou toda a terra e Jacó enviou seus filhos (exceto Benjamin) ao Egito para comprarem comida, porque, graças ao plano de José (filho de Israel, que havia sido vendido como escravo muitos anos antes pelos próprios irmãos) lá havia mantimentos.
Após longa reconciliação entre José e seus irmãos, todos da família de Jacó foram morar no Egito, onde permaneceram por anos.
José morreu. O faraó que o havia nomeado governador morreu também e o seu sucessor não conhecia os feitos do filho de Israel em suas terras e, preocupado com a multiplicação dos seus descendentes, os escravizou, forçando-os, com crueldade, a trabalhar pesado.
Grande era o sofrimento daqueles hebreus que gemiam sob o peso da escravidão a que foram submetidos, pois os egípcios eram muito cruéis em suas exigências.
Clamaram, então, por socorro e o Senhor ouviu os seus gemidos e se lembrou da aliança que havia feito com seus pais (Abraão, Isaque e Jacó – ascendentes), e interviu a favor deles separando Moisés para libertá-los.
O êxodo dos israelitas não foi nada fácil, porque faraó não permitia a partida deles. Foram necessárias dez pragas até que, finalmente, após a morte de todos os primogênitos dos egípcios, ele expulsou os hebreus de suas terras.
O povo de Deus viu o sobrenatural acontecer como ninguém mais: muitas daquelas pragas não os atingiram, como a morte dos primogênitos e, com isso, Ele revelou a distinção que faz entre seus servos.
Na fuga dos egípcios (que os perseguiram após a expulsão, arrependidos) atravessaram o Mar Vermelho a pé enxuto.
No deserto rumo à terra da promessa o próprio Deus estava com eles, durante o dia, como uma coluna de nuvem, que os protegia do sol escaldante; durante a noite, como uma coluna de fogo, a qual os aquecia e os guardava de animais silvestre. Ademais, Ele os guiava mostrando-lhes o caminho à Canaã.
Além disso, o Senhor lhes proveu pão, que caia do céu (maná), todos os dias, bem como saciou a sede deles fazendo água brotar da rocha. Suas roupas não envelheceram durante os quarenta anos em que eles permaneceram no deserto.
Apesar de tudo isso, a Bíblia nos revela que, o tempo todo, diante de qualquer adversidade, eles murmuravam contra o Senhor, bem como manifestavam a vontade de regressarem ao Egito, onde sofriam com a escravidão.
“Antes fossemos mortos pela mão de Yahweh na terra do Egito, quando estávamos sentados próximos às panelas de carne e podíamos comer pão com fartura! Evidentemente, nos trouxestes a este deserto para fazer toda esta multidão morrer de fome”.
“Por que nos fizeste subir do Egito, para nos matar de sede a nós, a nossos filhos e a nossos animais?”
“Quem dera tivéssemos todos perecido quando nossos irmãos tombaram mortos diante de Yahweh”.
E, não foi “só” isso, eles também se corromperam com deuses pagãos, tornando-se uma nação idólatra, inclusive, esculpiram um bezerro de ouro para adorarem e a ele atribuíram a tremenda libertação que viveram do Egito. Uma verdadeira blasfêmia!
Desde o princípio, o plano do Soberano era levá-los de volta à Canaã, a terra da promessa. Esse trajeto (Egito a Canaã) era de, aproximadamente, 425 km.
Considerando que eles eram mais de 600 mil homens, fora mulheres e crianças e que possuíam muitos animais, estudiosos afirmam que era possível chegar ao destino final em até um mês (ou menos).
Entretanto, por juízo de Deus, eles ficaram quarenta anos no deserto até que toda aquela geração idólatra e murmuradora (exceto Josué e Calebe), que não creu, apesar de experimentarem os maiores milagres e maravilhas do Senhor, morresse.
“Disse mais o Senhor (…) Até quando esta comunidade ímpia se queixará contra mim? Tenho ouvido as queixas desses israelitas murmuradores. Diga-lhe: Juro pelo meu nome, declara o Senhor, que farei a vocês tudo que me pediram: cairão neste deserto os cadáveres de todos vocês, de vinte anos para cima (…) Nenhum de vocês entrará na terra que, com mão levantada, jurei dar-lhes para sua habitação, exceto Calebe (…) e Josué. Mas, quanto aos seus filhos, sobre os quais vocês disseram que seriam tomados como despojo de guerra, eu os farei entrar para desfrutarem a terra que vocês rejeitaram. Os cadáveres de vocês, porém, cairão neste deserto. Durante quarenta anos vocês sofrerão a consequência dos seus pecados e experimentarão a minha rejeição.” (Números 14:26-34)
À semelhança dos israelitas, todos nós recebemos promessas de Deus, seja por intermédio de sua Palavra escrita, que Ele nos deixou, ou através de declarações pessoais do seu Espírito aos nossos corações.
Ocorre que, a exemplo dos hebreus, há entre a promessa e a vitória um processo, o qual chamaremos aqui de deserto.
O deserto, em primeiro lugar, é onde Deus tira o Egito (mundo – pecado) dos nossos corações.
Libertar-nos da escravidão não é o suficiente, é necessário arrancar-nos o coração escravo, os desejos iníquos e a vontade de regresso. É necessário retirar o Egito dos nossos corações.
Ao longo das nossas vidas nos enchemos de muitas coisas, tanto lícitas, quanto pecaminosas, as quais atrapalham o nosso relacionamento com o Senhor.
A Bíblia é clara ao nos revelar que as nossas transgressões causam separação entre nós e o nosso Deus. Dessa forma, para recebermos as promessas que Ele tem para nós, precisamos romper, de uma vez por todas, com o pecado, nos santificando diariamente e nos permitindo ser purificados pelo Espírito de Deus.
Contudo, coisas lícitas também podem nos afastar de Jesus, quando invertemos as nossas prioridades. Por exemplo, se negligenciamos o nosso tempo com Deus para assistimos séries e/ou filme, estamos deixando o mais importante de lado para nos envolvermos com o que deveria ser secundário.
Portanto, nesse tempo temos que permitir o trabalhar do Espírito Santo em nós, para que o “Egito” e seus prazeres sejam arrancados dos nossos corações para sempre, a fim de que não sejamos tentados a desejar voltar, como os israelitas.
O deserto, em segundo lugar, é onde somos moldados por Deus.
O homem foi criado pelo Senhor para ser a sua imagem e semelhança, de modo que havia um padrão de santidade e obediência a ser seguido.
Quando, no Éden, Adão comeu do fruto da árvore proibida, ele desobedeceu ao seu Criador e sua imagem foi desconstruída, de modo que ele passou a reproduzir seres pecaminosos, por isso foi expulso daquele jardim, onde a iniquidade não tem vez.
Apesar das escolhas erradas de Adão, o padrão de Deus não mudou. Ele continua sendo santo e se nós O quisermos ver, bem como receber suas bençãos, devemos nos santificar também.
À vista disso, Ele permite os desertos nas nossas vidas para nos moldar, ou seja, para nos dar Sua forma novamente. Por isso, somos confrontados no nosso caráter e na nossa personalidade.
Somos constrangidos a pedir perdão, mesmo convictos das nossas razões; a amar aos nossos inimigos; a nos sujeitarmos aos nossos irmãos, considerando-os superiores a nós mesmos; enfim, a nos esvaziarmos de nós para nos enchermos do Senhor.
Por fim, o deserto é onde nós somos provados.
O livro de Deuteronômio afirma que Deus guiou os israelitas no deserto por quarenta anos, a fim de prová-los, para saber o que estava no coração deles, se guardariam os Seus mandamentos ou não. (Deuteronômio 8:2).
E, é nessa etapa do processo que nós podemos ser aprovados ou reprovados.
Seremos reprovados, se formos, como os hebreus, povos de dura cerviz, que não se submetem aos processos, não se permitem ser transformados no deserto e nem são gratos às provisões e às maravilhas que Deus opera nesse período. Mas, estão sempre murmurando contra Ele e desejando retornar ao Egito.
Quando estamos no deserto e murmuramos…
Quando estamos no deserto e temos medo…
Quando estamos no deserto e nos ansiamos…
Quando estamos no deserto e questionamos… “será que foi Deus quem falou comigo? Será que, de fato, estou cumprindo a vontade de Deus? Será que vai dar certo?”
Quando temos esses pensamentos no deserto nos igualamos àqueles hebreus. Colocamos a Palavra do Senhor a prova. Duvidamos do seu caráter e poder e, ainda que de outra maneira afirmamos que seria melhor ter ficado no Egito.
A Bíblia nos revela que aquela geração que o Senhor libertou com mãos fortes da escravidão morreu no deserto, sem receber a terra prometida e suas bençãos, por causa das suas murmurações.
E, se nós não nos permitirmos ser transformados nos nossos processos, nos nossos desertos também morreremos ali, sem experimentarmos as maravilhas da terra prometida.
No entanto, se, nos permitirmos ser moldados nas nossas tribulações; confiarmos em Deus, apesar das circunstâncias, como fizeram Josué e Calebe; e O adorarmos em meio as nossas lutas, pisaremos em Canaã e desfrutaremos de suas bençãos.
Se, fielmente, obedecermos à Palavra do Senhor, nosso Deus, tendo o zelo de seguir todos os seus mandamentos, seremos exaltados sobre todas as nações da terra.
Nós precisamos entender que o processo nunca será maior do que a promessa.
Se estamos sendo bombardeados de setas malignas, se as lutas estão muito difíceis e o deserto muito árido, podemos confiar que as bençãos serão muito maiores.
Ninguém sofreu mais do que Jesus. Ele foi humilhado, rejeitado, traído por seus amigos, injustamente condenado, crucificado e morto por pessoas que Ele havia curado, cuidado, amado e salvado. Mas, depois de tanta dor, ninguém foi ou será mais exaltado do que Ele, que ressuscitou, ao terceiro dia, e está vivo reinando ao lado de Deus.
Dessa mesma forma sofremos agora, a fim de ressuscitarmos com Cristo e sermos participantes de sua glória.
Renunciamos agora para recebermos uma recompensa muito maior depois, aqui e na eternidade, porque os processos nunca são maiores do que as promessas.
Finalmente, Eclesiastes nos ensina que tudo tem o seu tempo determinado, e há um tempo determinado para todo propósito debaixo do céu.
Há um tempo determinado para o Senhor cumprir as suas promessas nas nossas vidas e ele depende muitos mais de nós do que Dele.
Quando nos submetemos aos processos de Deus, aprendermos no deserto e nos permitimos ser moldados conforme a Sua vontade, logo entramos na terra prometida.
Todavia, se lutamos e murmuramos contra o Senhor, endurecemos os nossos corações e não nos quebrantamos diante Dele, permanecemos no deserto por quarenta anos.
Os israelitas podiam ter chegado a Canaã em trinta dias (ou menos), de acordo com estudiosos, mas depois de quarenta anos de peregrinação, morreram sem vê-la, por causa de suas resistências.
Nós precisamos olhar para esse povo e, ao invés de nos comportarmos como a maioria deles, devemos tomar Josué, Calebe como exemplo, os quais fixaram seus olhos na terra que herdariam e não permitiram que as circunstâncias interferissem em sua fé, que permaneceu inabalável, porque estava fundamentada no caráter de Deus que é absolutamente confiável.
Portanto, meus irmãos, creiam e permaneçam firmes e fieis porque quanto maior a luta, maior a vitória!