Tiago escreveu no capítulo 2, a partir do versículo 14 de sua carta que não adianta termos fé se não a demonstramos em nossas ações…
“Como veem, a fé, por si mesma, a menos que produza boas obras, está morta. Mas, alguém pode argumentar: uns tem fé, outros tem obras. Mostre-me sua fé sem obras e eu, pelas minhas obras, lhe mostrarei a minha fé.
(…)
A fé sem obras é inútil.
As Escrituras nos comprovam as conclusões do irmão de Jesus, isso porque sempre que Deus chama uma pessoa; Ele se revela a ela, para que creia. Na sequência, a comissiona.
Ninguém é salvo apenas para ocupar os bancos da Igreja. Pelo contrário, todos somos salvos para prática de boas obras. (Efésios 2:10).
O Senhor se revelou para Moisés na sarça ardente e logo o comissionou para libertar os israelitas do Egito.
Jesus pediu o barco de Pedro emprestado usando-o para pregar para uma multidão. Na sequência, o proporcionou uma pesca milagrosa a fim de que ele O reconhecesse como Senhor. (Afasta-te de mim, pois sou pecador).
Então, o chamou para ser pescador de homens.
Mais tarde, o Cristo restaura Pedro e o comissiona a apascentar suas ovelhas.
O próprio Jesus se encarnou para cumprir o propósito eterno de Deus: morreu para salvação da humanidade.
Dessa forma, é essencial que entendamos que não fomos salvos para ocupar os bancos das Igrejas, mas para servir (trabalhar) no Reino de Deus.
Outro fato que comprova essa alegação esta no fato de que, antes de ser assunto ao céu, o Filho de Deus comissionou seus discípulos (o que nos inclui) a irem fazer discípulos de Cristo em todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Assim, se somos salvos temos a responsabilidade de fazermos discípulos para Jesus. Esse chamado é geral para todo crente.
No entanto, há uma questão que precisa ser muito bem entendida por nós: as nossas boas obras não são capazes de nos salvar, elas apenas evidenciam a nossa salvação!
Por muito tempo, algumas Igrejas ensinaram que alcançaríamos a eternidade através delas, então instituíram as indulgências; inventaram o purgatório e o “dízimo” dos mortos. Entretanto, isso é heresia!
Inclusive essa foi uma das razões pelas quais Lutero propôs, no século XVI, uma reforma da Igreja.
O Apóstolo Paulo nos revela no livro de Efésios 2:8 que somos salvos pela graça, por meio da fé em Jesus Cristo, e isso não vem de nós mesmo, mas é dom de Deus. Não vem de obras para que ninguém se glorie.
As nossas obras não passam de trapos de imundícias para o Senhor. É impossível alcançarmos o céu, a vida eterna através delas.
A ÚNICA Pessoa capaz de nos salvar é JESUS.
Quando cremos pessoalmente na sua obra redentora na cruz do calvário recebemos a salvação.
Ou seja, para herdarmos o céu, precisamos crer que Jesus é o Cristo enviado da parte de Deus para morrer no nosso lugar, pagando o preço dos nossos pecados no madeiro. Ele morreu para que nós pudéssemos viver (eternamente).
Ele deu sua vida em substituição da nossa. Porém, ao terceiro dia, Ele ressuscitou.
Somente o sangue de Jesus pode nos levar ao céu.
Contudo, como supramencionado, uma vez salvos não podemos ficar esperando a morte ou a volta de Jesus, porque fomos salvos para servir no Reino de Deus.
Porque, enquanto salvos, temos um chamado que recai sobre as nossas vidas. Um que é geral, ir e fazer discípulos das nações.
E um que é específico, personalizado a cada um de nós, do qual prestaremos contas quando estivermos diante de Jesus.
Assim, conhecê-lo é fundamental para que possamos desenvolvê-lo e multiplicá-lo, como espera que façamos o nosso Senhor.
No livro Movidos pela Eternidade, o autor John Bevere, exemplifica isso com uma história muito forte.
Após morrer, um contador se encontra com Jesus para receber Dele seus galardões.
Ele era um homem muito bem sucedido e havia utilizado todo seu conhecimento para organizar e estruturar muitas instituições eclesiásticas e filantrópicas. De acordo com ele, esses ministérios impactaram muitas pessoas e muitas almas foram ganhas para Deus.
Jesus, porém, lhe respondeu: eu te chamei, antes mesmo de você nascer, para ganhar multidões na Ásia para mim, dê-me um relato de onde elas estão. Se você tivesse me obedecido, colheria o fruto do seu galardão.
Isso nos revela que não seremos julgados pelo que fizemos para o Senhor, mas segundo o que fomos chamados para fazer.
Uns foram chamados para serem pastores; outros evangelistas; outros para serem adoradores; outros para diaconia; outros para servir no ministério infantil; outros para contribuírem; outros para estarem no governo; outros para assistirem aos mais necessitados; e assim por diante.
Os chamados são inúmeros, diversificados e individuais, porque o Senhor não trata conosco por atacado. Ele se revela de maneira diferente e pessoalmente a cada um de nós.
Por essa razão, é responsabilidade de cada crente buscar Nele o seu chamado específico, do contrário, não receberemos nossos galardões.
Como descobrir para que Deus nos chamou?
Em primeiro lugar, devemos orar e nos dispor, a exemplo de Isaías (eis-me aqui, Senhor, envia-me a mim), ainda que isso custe os nossos próprios sonhos.
Precisamos entender que essa oração não será realizada uma única vez nas nossas vidas. Antes, devemos orar e perseverar em oração até que o Senhor nos responda.
Ademais, as revelações de Deus para nós são progressivas. Ele não nos contará tudo de uma vez, até porque não teremos maturidade para entender.
Além disso, temos que ficar atentos à voz do Espírito Santo. É Ele quem fala aos nossos corações e ministrará tudo quanto o Senhor nos planejou, antes mesmo de nascermos.
Em segundo lugar, é imprescindível que esperemos. As promessas de Deus se cumprirão nas nossas vidas no tempo certo, por isso ter paciência é fundamental.
O Senhor havia revelado a José, quando ele ainda era bem jovem, que um dia ele teria uma posição de destaque. Seria o governador do Egito.
Ocorre que o cumprimento dessa promessa demorou muitos anos, e até ela se concretizar, ele foi submetido a processos nada fáceis – foi vendido por seus irmãos como escravo e depois foi preso.
No entanto, mesmo diante de todas essas dificuldades, ele permaneceu íntegro e fiel a Deus.
Davi foi ungido Rei de Israel aos 16 anos por Samuel. Contudo, só se apossou do cargo aos 30 anos.
Durante esse período, ele esperou pacientemente no Senhor, fugindo de Saul que queria matá-lo.
Em terceiro lugar, precisamos saber que o nosso chamado está relacionado com os talentos que recebemos de Deus. Ou seja, com aquilo que fazemos naturalmente, sem reclamarmos. Tem a ver com aquilo que move os nossos corações.
Por exemplo, líderes já apresentam suas características desde a infância, organizando e repartindo atribuições entre os demais.
Testemunho pessoal:
Já eu, amo escrever, faço isso com naturalidade, sem murmurar. Para tudo na vida faço uma lista ou crio uma anotação. Certamente, Deus me chamou para escrever para Ele.
Ocorre que eu nem sempre soube disso. Sou advogada e, por muitos anos, estudei para ser delegada de polícia. Apesar de todos os sinais contrários, eu insisti nessa área.
Com o passar do tempo e com uma certa maturidade da fé, coloquei diante de Deus minha vida profissional, já que, apesar de estudar tantos anos, eu não apenas era reprovada nas minhas provas, como também não enxergava melhora nos resultados, mesmo me dedicando integralmente aos estudos.
Então, o Senhor me fez sonhar certa noite. Eu estava no alto de um farol com três meninas, as quais eu discipulava (atividade que eu amo fazer). Nas minhas mãos estavam uma Bíblia e um vade-mécum (compilado de leis) que era como um filho pra mim, porque nele estavam todos meus resumos e anotações.
Dado momento, me foi dito que eu precisava fazer uma escolha: Bíblia ou vade-mécum. Já não era possível mais segurar os dois.
No meu sonho, eu segurei aquele compilado de leis e joguei a Palavra de Deus do alto daquele farol.
Acordei muito triste e decepcionada comigo mesma. Como eu pude ser capaz de fazer aquilo?
Para a glória de Deus aquilo não era apenas um sonho, mas uma resposta do Senhor pra minha vida.
Naquele momento, eu entendi o chamado do meu Pai. Não era possível conciliá-los, Ele me queria com exclusividade.
Fiz, então, a segunda oração mais difícil da minha vida: Senhor, tu és o que mais me importa. Eu não quero a aprovação em um concurso se isso custar a tua presença, o teu relacionamento comigo, a minha salvação. Eu rendo essas provas a ti. São tuas. Só quero viver o que o Senhor tem pra mim!
Desde então, a cada dia, descubro mais acerca do chamado de Deus para a minha vida.
Descoberto nosso talento, possivelmente, saberemos para que o Senhor nos chamou. Devemos, então, aperfeiçoá-lo.
Por exemplo, se eu tenho uma boa voz para cantar e gosto de fazer isso, é provável que tenha sido chamado para louvar a Deus.
Assim, devo estudar tudo quanto puder nessa área, para fazê-lo com excelência.
Em quarto lugar, temos que entender que não é porque reconhecemos o nosso chamado que caminharemos, sozinhos, com as nossas pernas.
Pelo contrário, devemos permanecer na Igreja local, mantendo-nos submissos e obedientes àquela liderança, bem como servindo àqueles irmãos com os nossos talentos.
Precisamos, em quinto lugar, abandonar os embaraços e romper com os pesos que nos impedem de vivermos plenamente a vontade do Senhor.
No meu caso, eram o desejo da estabilidade que um concurso me proporcionaria e a vontade de honrar minha mãe, que sonhava mais com aquele cargo do que eu.
E os seus pesos e embaraços quais são?
Por fim, é fundamental perseverarmos no nosso chamado até que ele se cumpra plenamente nas nossas vidas. Quando isso acontecer, devemos, então, começar a orar pelos nossos próximos passos.
O autor norte americano John Bevere relata que Deus o chamou para escrever um livro. Quando ele finalmente obedeceu, ninguém queria publicá-lo. Durante três (longos) anos ele ficou “esquecido”.
Mas, um dia, o Senhor se lembrou dele e, hoje, ele é um best seller internacional. Deus honrou o a obediência e o compromisso do seu servo.
A seu exemplo, nós não podemos desistir, mas persistir… até que se cumpra tudo quanto o Senhor tem para as nossas vidas!
Para encerrar, é importante que estejamos cientes que viver os planos de Deus custará os nossos sonhos, a nossa segurança, o nosso conforto, a nossa estabilidade; enfim, custará tudo quanto nos apoiarmos, porque nossa dependência deve ser exclusivamente Dele.
Se você não acredita, olhe para Jesus, o cumprimento do seu chamado lhe custou a vida. Por acaso somos melhores do que Ele?
Ainda que em detrimento próprio, realizar a vontade do nosso Pai vale a pena, porque além de agradá-Lo, nos garantirá recompensas eternas e imperecíveis.
Você recebeu um talento de Deus para cumprir o chamado que Ele tem para sua vida, o qual é anterior à sua existência, não o enterre. Pelo contrário, multiplique-o, a fim de que em tudo o nome do Senhor seja glorificado.
Prove o seu amor pelo Pai por meio do seu serviço, cumprindo o seu chamado. Não se permita ser substituído!.
Graça e paz. Texto maravilhoso e muito esclarecedor. Obrigada.
Glória a Deus!