Estudo 06/2021
Por, Thaisa Fernandes
Texto Para Leitura: Atos 4:32-38 e Atos 5:1-10
O Compartilhar de Bens
A Igreja Primitiva experimentou a intervenção do poder de Deus que, com frequência, realizava milagres e maravilhas em seu meio, a fim de que o número de pessoas salvas se acrescesse.
No estudo de hoje notamos que aqueles novos convertidos se rendiam verdadeiramente a Cristo, de corpo, alma, espírito e “bolso”, de modo que as Escrituras afirmam que “entre eles não havia necessitados”.
Depois que se convertiam, aqueles irmãos viviam unidos e compartilhavam tudo o que tinham. Eles já não se consideravam mais proprietários de seus bens; os vendiam e depositavam o dinheiro aos pés dos Apóstolos para que eles dessem aos mais carentes. Dessa forma, não havia necessitados entre eles.
Quando nos convertemos verdadeiramente nos rendemos integralmente ao senhorio de Cristo.
Há mudanças nas nossas vestimentas, no nosso caráter, na nossa índole e até no nosso bolso.
Passamos a entender que não possuímos nada, somos apenas mordomos do Senhor, isto é, Ele nos abençoa com bens materiais para que nós os administremos da melhor maneira possível.
É claro que essa melhor maneira não é exclusivamente o nosso deleite. Mas, principalmente para abençoarmos aqueles que precisam.
A nossa casa não deve ser apenas a nossa habitação. Pelo contrário, ela precisa servir a Deus também: fazemos isso hospedando um irmão ou quando a cedemos para realização de cultos, células, discipulados, e etc.
O nosso carro deve servir ao Reino: podemos dar carona aos nossos irmãos para irem ao templo, ao médico, dentre outras coisas.
Por fim, também devemos usar o nosso dinheiro para glorificar ao Senhor, por meio das nossas primícias, dízimos, ofertas e doações.
O Altruísmo de Barnabé
José, posteriormente chamado Barnabé, foi um grande exemplo de altruísmo (benevolência) da Igreja Primitiva. Verdadeiramente, ele se converteu ao senhorio de Jesus de corpo, alma, espírito e bolso.
De acordo com o texto, ele vendeu um campo que possuía e entregou o dinheiro aos apóstolos.
Notamos que Barnabé era um investidor do Reino de Deus.
Primeiro, cheio de compaixão, vendo às necessidades de seus irmãos, ele ofertou sua propriedade para a obra do Senhor.
Posteriormente, o vemos investindo na vida de pessoas. A começar na vida de Saulo. Enquanto a maior parte dos discípulos de Jesus tinham medo dele, Barnabé o recomendou e testificou da sua conversão (Atos 9:27).
Entendemos também que ele discipulou o maior dos Apóstolos na Antioquia por um ano (Atos 11:26), onde foram chamados cristãos pela primeira vez. Isso porque, nos primeiros trabalhos e viagens aos quais eram enviados iam BARNABÉ e Saulo (Atos 11:30 e Atos 13:2). Ou seja, Barnabé era o líder e Saulo seu auxiliar.
Depois, o vemos investir na vida de João Marcos, seu sobrinho (Atos 15:37). Barnabé queria levá-los às cidades onde ele e Saulo haviam pregado o Evangelho, mas esse não permitiu, porque o jovem os havia abandonado na Panfília.
Assim como Barnabé acreditou em Saulo, também o fez com João Marcos e, para investir nesse mistério, separou-se de Paulo, que seguiu viagem com Silas.
Barnabé era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé (Atos 11:24) e a demonstrava através de suas obras, não ficando inerte frente às necessidades do reino.
Só somos salvos por intermédio de Jesus, que morreu no nosso lugar. Não podemos acrescer nada ao seu sacrifício. Isto é, ou o recebemos e somos salvos; ou o rejeitamos e somos condenados.
No entanto, somos salvos para as boas obras. Ou seja, assim como Barnabé, não podemos ficar alheios às necessidades do Reino de Deus. Pelo contrário, precisamos estar atentos a todas as “faltas” e supri-las (com bens materiais, serviços e tempo) conforme as nossas possibilidades.
Tiago nos ensina muito bem a respeito disso: “de que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, senão tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo? Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada dia e um de vocês lhe disser: vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se”, sem, porém, lhe dar nada, de que adianta isso? Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta. Mas, alguém dirá: você tem fé; eu tenho obras. Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras”. (Tiago 2:14-18)
A Inveja de Ananias e Safira
O desprendimento de Barnabé gerou gratidão e a admiração de muitas pessoas. Entretanto, em outras despertou a inveja.
É normal nos inspirarmos em grandes homens e mulheres de Deus, quando nos convertemos, a fim de aprendermos com eles e aplicar nas nossas vidas experiências (boas e ruins) que muitos deles compartilham conosco.
Porém, essa inspiração deve ser fruto apenas de uma admiração que temos. Não podemos, em hipótese alguma, adorar a essas pessoas, porque elas estão olhando pra Jesus; e nós, em primeiro lugar, devemos estar com os nossos olhos fixos Nele também.
Ademais, não podemos invejar essas pessoas, como fizeram Ananias e Safira.
Certamente, eles admiravam Barnabé e estavam se inspirando nele. Mas, em algum momento, aquele casal permitiu que satanás entrasse em seus corações e aquela admiração se transformou em inveja.
Eles desejaram receber para si a mesma “glória que Barnabé havia recebido por sua conduta”, então tramaram um plano maligno para atingirem seu objetivo.
Barnabé se desfez de sua propriedade por amor ao Senhor e aos seus irmãos, ele não visava a fama e a própria honra da sua atitude. Ele entendeu que suprir as necessidades alheias era muito mais importante do que manter suas terras.
Ananias e Safira, por sua vez, desejaram os aplausos as pessoas e copiaram o altruísmo de Barnabé.
A atitude desses três irmãos foi a mesma: ambos venderam suas terras e entregaram seus valores aos Apóstolos para suprimento das pessoas carentes.
Contudo, Barnabé agiu por amor. Ananias e Safira por inveja e egoísmo.
Na nossa jornada de fé é necessário, sempre, estarmos vigiando os nossos corações e percebendo a nossa real intenção em tudo que fizermos. Deus só recebe os nossos sacrifícios e ofertas, se feitos por amor.
Uma “boa obra” realizada com intenções erradas atrai o julgamento do Senhor contra as nossas vidas. Portanto, é fundamental que sondemos os nossos corações e verifiquemos nossas reais motivações.
Caso encontremos invejas e egoísmos nelas, precisamos nos arrepender e confessá-los a Deus, que nos perdoa de todo e qualquer pecado praticado.
Mesmo quando as nossas intenções são boas e verdadeiras, quando recebermos os aplausos das pessoas por nossas boas obras, precisamos, imediatamente, transferi-los ao Senhor. Primeiro, porque Ele não divide sua glória com ninguém. Segundo para que o nosso coração não se ensoberbeça.
O Engano e a Condenação de Ananias e Safira
Como não estavam motivados pelo amor, Ananias e Safira não queriam doar o dinheiro da propriedade que venderam, mas decidiram fazê-lo, para alcançarem o reconhecimento das pessoas.
Para tanto, conluiaram entre si: entregariam parte do dinheiro aos Apóstolos com aquela finalidade e reteriam o restante.
A atitude daquele casal não teria sido condenada por Deus se sua intenção não fosse maligna. Isto é, eles podiam ter ofertado parte do dinheiro e retido outra parte.
No entanto, como estavam tentando enganar as pessoas e aos Apóstolos, Deus os condenou, porque por detrás da hipocrisia de Ananias e Safira estava a atividade sutil de satanás, o pai da mentira.
Depois que entregamos as nossas vidas a Jesus, o pecado passa a ser um acidente nas nossas vidas e sempre que praticado deve ser confessado e abandonado, para que alcancemos misericórdia.
A transgressão de Ananias e Safira não se tratou de acidente, ela foi premeditada; eles traçaram um plano de engano, com o qual o Espírito Santo não compactua, por isso eles foram revelados no meio de todos.
Pedro foi claro com Ananias afirmando que ele não estava mentindo a homens, mas ao próprio Deus, que sonda os nossos corações. Sua iniquidade foi, então, revelada, julgada e condenada.
Podemos pecar em oculto. Todavia, no tempo certo, as nossas transgressões serão desmascaradas e nos condenará.
A Palavra de Deus nos ensina que não há nada oculto que não venha a ser revelado, e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz. (Lucas 8:17).
Isso significa que o nosso pecado nos encontrará e nos levará a morte, como o fez com Ananias, a menos que nos arrependamos.
Depois de ter sua transgressão exposta a toda congregação, Ananias morreu.
Safira, sem saber da morte do seu marido, teve a oportunidade de se arrepender, retratando-se. Porém, insistiu na sua mentira e sofreu a mesma condenação de Ananias.
O nosso pecado nos levará à morte (eterna) a não ser que os confessemos e os abandonemos.
O Temor a Deus
Depois da morte daquele casal, como consequência do seu pecado, um grande temor se apoderou de toda a Igreja e de todos que soubera desse acontecimento.
Essa é a finalidade do juízo de Deus: reconhecermos que Ele é amor, mas também é Santo e Justo, simultaneamente, por isso, nunca vai encobrir as nossas iniquidades.
Dessa forma, o arrependimento deve ser uma prática diária nas nossas vidas, para que não venhamos a ser condenados por causa dos nossos pecados.
Conclusão
Uma vez que nos convertemos a Jesus, precisamos pedir para que o Espírito Santo controle as nossas vidas e nos encha com o seu amor, de modo que façamos tudo para glorificá-Lo, como Barnabé; livres de egoísmos e invejas que atraem juízos e condenações de Deus sobre as nossas vidas.
Vamos Pensar Um Pouco
- Você se considera um bom mordomo de Deus?
- Você, assim como Barnabé, investe na vida das pessoas e na obra do Senhor (tempo, serviços e bens)?
- Você tem se inspirado primeiro em Jesus ou em outros homens?