A Conversão de Cornélio

Estudo 14/2021

Por, Thaisa Sanches Fernandes

Texto Para Leitura: Atos 10:1-48

Após narrar a conversão de Saulo, Lucas, o escritor de Atos, volta-se para Pedro, o Apóstolo que abriu, após receber uma orientação do Senhor, a porta da salvação aos gentios.

A eternidade não era apenas para os judeus, o povo escolhido de Deus, mas para toda humanidade. Entretanto, foi oportunizada primeiro para eles e depois para os gentios.

Tanto é que em seu Evangelho, João nos revela que Jesus veio para os seus, mas eles não O receberam. Porém, a todos quanto O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus. (João 1:11-13).

E Cornélio e sua família representam essa extensão da salvação de Deus para toda humanidade, inclusive a mim e a você.

Quem era Cornélio?

Cornélio era um centurião romano de destaque em Cesaréia.

Centurião era o líder de uma centúria, a qual era composta por cem soldados. Eles eram a espinha dorsal do exército romano.

Ele era devoto e temente a Deus, bem como orava constantemente, e dava esmolas generosas aos mais necessitados.

Além disso, Cornélio era um chefe de família exemplar, porque comunicou sua fé no Único Deus a toda sua família (que também temia ao Senhor), apesar de viver num país politeísta.

Mesmo sendo bem sucedido profissionalmente, de crer no Deus Unigênito e Verdadeiro, aquele centurião não era salvo, porque não conhecia a Jesus. Dessa forma, estava destinado à morte eterna.

À exemplo de Cornélio, inúmeras pessoas boas, mas que não conhecem a Cristo, passam pelas nossas vidas e, como cristãos, é nossa responsabilidade apresentar-lhes Jesus, pregando-lhes O Evangelho, para que elas possam ser salvas. Porque sem Ele, todas estão eternamente condenadas.

A Importância das Boas Obras

Tiago nos pergunta: De que adianta dizermos que temos fé, se não a demonstramos por meio das nossas ações? Como veem, a fé por si mesma, a menos que produza boas obras, está morta. Mas, alguém pode argumentar: uns tem fé, outros tem obra. Mostre-me sua fé sem obras e eu, pelas minhas obras, lhe mostrarei a minha fé. (…) A fé sem obras é inútil. (Tiago 2:14-20).

Uma vez que recebemos Jesus como o Senhor das nossas vidas, temos que nos submeter, como servos, ao seu senhorio. E, servos trabalham, servem.

Dessa forma, fomos salvos para servirmos no Reino do nosso Senhor. Fomos salvos para a práticas das boas obras. Na verdade, elas evidenciam, são frutos da nossa fé em Cristo. E sem elas, a nossa fé está morta, como nos ensinou Tiago.

Portanto, o nosso trabalho no Reino de Deus, as nossas boas obras são de extrema importância porque testificam a nossa vivificação pelo Espírito de Deus.

Além disso, por meio deles nós agradamos ao Senhor e, um dia, seremos recompensados com galardões por tudo que tivermos feito.

Jesus afirmou que “se alguém der mesmo que seja apenas um copo de água fria a um destes pequeninos, porque ele é meu discípulo, não perderá a sua recompensa”. (Mateus 10:42).

Ele afirmou que “tudo que fizermos a um dos seus pequeninos irmãos, a Ele mesmo teremos feito”. (Mateus 25:35-45 – Ler Versículos).

No Livro de Apocalipse, o Senhor nos revela que “Ele vem sem demora!” E, com Ele, vem o nosso galardão – prêmio que receberemos segundo as nossas obras. (Apocalipse 22:12).

Elas são tão importantes para Deus que Ele não apenas as recebe, mas também as guardam em sua memória!

Isso significa que o Senhor vê tudo o que temos o que temos feito, e também todas as nossas negligências. Nada passa desapercebido aos seus olhos!!!

Apesar das nossas obras agradarem a Deus e nos produzirem galardões na eternidade, elas não são capazes de nos salvar.

A nossa vida devocional, os nossos jejuns e leituras bíblicas, apesar de constituírem disciplinas fundamentais na nossa fé, também não são suficientes para nos garantir a eternidade.

Isso tanto é verdade que Deus recebeu as orações e esmolas de Cornélio, se agradou delas, guardando, inclusive, em sua memória, no entanto, ele continuava perdido, destinado ao inferno.

A ÚNICA maneira pela qual o homem pode ser salvo é por sua em Jesus Cristo.

É necessário crer, no coração, que Jesus é o Filho de Deus que se encarnou para morrer na cruz em nosso lugar, para perdão dos nossos pecados. Mas, que, ao terceiro dia, ressuscitou e, hoje, está vivo reinando ao lado do Pai.

E, depois desse entendimento, confessar, com a boca, que Jesus Cristo é o Senhor.

Por essa razão foi necessário o encontro entre Cornélio e Pedro, oportunidade em que as Boas Novas pode ser anunciada ao centurião e a sua família, que creram.  

Ao analisarmos o livro de Atos, vemos Pedro pregando o Evangelho aos judeus, aos samaritanos e aos gentios que, a seu exemplo, sejamos homens e mulheres que anunciam a Verdade por onde andamos!

A Visão de Pedro

Como supramencionado, apesar de evidenciar a vivacidade da nossa, as nossas boas obras não são capazes de nos salvar. Por isso, foi necessário que Cornélio e Pedro se encontrassem para que as Boas Novas pudessem ser anunciadas e aquele tivesse a oportunidade de crer.

Ocorre que Pedro era judeu e o centurião, gentio e, pela lei, eles não podiam se misturar, nem mesmo comerem juntos.

Deus fez isso para que os israelitas não se contaminassem com a cultura pagã.

Por isso, para que aquele encontro acontecesse e a salvação se tornasse possível para Cornélio, o Senhor deu uma visão a Pedro, na qual Ele ordenava que ele matasse e comesse toda espécie de animais que lhe havia sido apresentada em um lençol.

O Apóstolo, apesar de reconhecer a voz de Deus (pois o chamou de Senhor), se negou a come-los, por medo de se tornar impuro.

Diante daquela negativa, o Senhor repreende Pedro: “não chame de impuro o que Deus purificou”.   

Estava aberta a porta para a salvação dos gentios.

A eternidade não era apenas para os judeus, o povo escolhido de Deus, mas para toda humanidade. Entretanto, ela foi oportunizada primeiro para eles e depois para os gentios.

Tanto é que em seu Evangelho, João nos revela que Jesus veio para os seus, mas eles não O receberam. Porém, a todos quanto O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus. (João 1:11-13).

E Cornélio e sua família representam essa extensão da salvação de Deus para toda humanidade, inclusive a mim e a você.

Deus não faz acepção de pessoas sua vontade é que todos sejam salvos: brancos e negros, feios e bonitos, ricos e pobres, empresários e carpinteiros; enfim povos de todas as nações, tribos e línguas. (Apocalipse 7:9).

As Escrituras nos revelam que Ele amou o mundo de tal maneira que Deus seu Único Filho para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha vida eterna”. (João 3:16).

Por isso, nós não podemos ser preconceituosos. Devemos pregar o Evangelho de Cristo a toda criatura, independente de quem seja ela e do que ela tenha feito.

Jesus não pregou a alguns, mas a uma multidão que ia ao seu encontro. Ele não discriminava pessoas, pelo contrário, ele as amava e se compadecia delas, misturando-se com pecadores, prostitutas e leprosos.

A seu exemplo, nós devemos fazer o mesmo, anunciando as Boas Novas!!

Pureza X Impureza

Para que Pedro fosse até a casa de Cornélio anunciar-lhe o Evangelho, Deus precisou dar-lhe uma visão, isso porque o centurião era gentio e o Apóstolo, judeu e, pela lei mosaica, eles não podiam se misturar: “vós bem sabeis que não é lícito a um judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros; mas Deus mostrou-me que a nenhum homem chame imundo ou impuro“. 

Quando Israel peregrina no deserto, após ter sido liberto da escravidão do Egito, Deus apareceu a Moisés, no monte Sinai, e lhe entregou as tábuas da lei.

Elas eram divididas em leis civis, cerimoniais e morais, as quais foram resumidas nos 10 mandamentos.

As leis civis regulavam as relações do povo de Israel. Eram como se fossem a nossa Constituição Federal, que estabelece os princípios e alicerces fundamentais da nossa nação. Por exemplo, no Brasil a pena de morte só é admitida em caso de guerra declarada.

As leis cerimoniais estabeleciam a maneira pela qual o povo poderia se achegar a Deus, a partir da oferta de sacrifícios de animais e holocaustos; regulamentavam os trabalhos no tabernáculo e/ou templo do Senhor e; além disso, impunha a restrição de alguns tipos de alimentos – eles não podiam comer a carne de nenhum animal que não ruminasse e não tivesse o casco fendido e dividido em duas unhas, dentre eles estavam os porcos e camelos, por exemplo. Das criaturas marinhas, não podiam comer a carne de nenhum animal que não tivesse escama e barbatana, dentre eles se inclui os camarões. Para saber mais leia Levítico 11.

Por fim, as leis morais se relacionavam com a santidade dos hebreus; isto é, elas revelavam o que era pecado aos olhos de Deus. Por exemplo, devemos adorar, exclusivamente, ao Senhor, esse é o primeiro mandamento. Só Ele é o nosso Deus e apenas a Ele devemos prestar culto, porque a idolatria é pecado.

Essas leis foram estabelecidas no Antigo Testamento e apontavam para vinda do Messias. Por exemplo, a lei de Moisés determinava aos hebreus que guardassem os sábados, Jesus, porém, afirma que Ele é o nosso sábado, o nosso descanso, e, somente através Dele, entraremos no descanso eterno. Nesse sentido, a lei foi abolida.

Além disso, não precisamos mais oferecer sacrifícios de animais ao Senhor, porque Jesus se fez sacrifício por nós, a fim de que os nossos pecados fossem perdoados. Ele é o Cordeiro de Deus que, de uma vez por todas, tirou os pecados do mundo. Esse sacrifício foi necessário e suficiente e nada lhe pode ser acrescentado.

No que tange as restrições alimentares, Jesus também as aboliu quando afirmou que o que entre pela boca não torna o homem impuro, mas o que sai de sua boca, isto o torna impuro. (Mateus 15:11). 

A partir dessa interpretação, muitos afirmam que para nós não há mais lei, porque Jesus a aboliu. No entanto, essa não é uma realidade.

Cristo representa uma mudança de sacerdócio e com ele há também uma mudança de lei.

A lei foi dada para Moisés e Deus estabeleceu Arão como sendo o Sumo Sacerdote, aquele que intermediava o relacionamento entre o Senhor e o seu povo.

No Novo Testamento, Cristo é o nosso Sumo Sacerdote, o ÚNICO intermediário entre nós e o nosso Deus. Quando Ele se encarnou, cumpriu toda lei da Antiga Aliança e, com a mudança de sacerdócio (de Arão para Jesus, pela ordem de Melquisedeque) estabeleceu novas leis.

Isso nos revela que não vivemos numa anarquia, em que cada um faz o que parece justo aos seus olhos. Mas, debaixo das novas leis estabelecidas pelo próprio Deus, por meio de Jesus.

Essa nova lei, ao contrário do que muitos pensam, foi “piorada” pelo Filho de Deus. Se antes era pecado adulterar; agora, quem olhar para um homem ou mulher com intenção impura, já adulterou em seu coração. Se antes era pecado matar; agora, qualquer que odeia a seu irmão é homicida. Se antes a circuncisão era do prepúcio, agora é do coração.

O Apóstolo Paulo nos ensina que a função da lei é nos tornar conscientes do pecado (Romanos 3:20), entretanto ela não é capaz de nos justificar, o que só é possível através do sacrifício de Jesus.

Portanto, olhemos para Cristo, o autor e consumador da nossa fé, e vivamos em santificação e obediência às Escrituras, como Ele viveu. 

Gentios Ouvem as Boas Novas

Ao chegar na casa de Cornélio, Pedro reconhece que Deus não mostra nenhum favoritismo. Pelo contrário, em todas as nações ele aceita aqueles que o temem e fazem o que é certo.

A partir desse reconhecimento, ele expõe o Evangelho de Cristo aos gentios, representados por Cornélio e sua família.

Israel era inimiga de Deus, por causa de seus pecados, mas Ele a enviou uma mensagem de paz, de reconciliação por intermédio de Cristo, que se encarnou para nos trazer paz com Deus.

Como homem, Jesus foi ungido pelo Espírito Santo e revestido de poder para realizar todo tipo de milagres e maravilhas, provando a todos que Deus estava com ele.

Certa ocasião um cego de nascença, após ter sido curado por Jesus, reconheceu essa verdade: “desde que o mundo é mundo, ninguém conseguiu abrir os olhos de um cego de nascença. Se este homem não viesse de Deus não conseguiria fazê-lo”.

Mas, os israelitas não creram Nele e O mataram, pendurando-O numa cruz, onde sofreu dor e humilhação.

Ao terceiro dia, porém, Jesus ressuscitou e Pedro e os demais discípulos foram suas testemunhas.

Agora, todo aquele que Nele crê recebe o perdão dos pecados e tem paz com Deus, mediante seu nome, porque foi Ele quem entregou sua vida em favor da nossa.

De acordo com as Escrituras, enquanto o Apóstolo expunha as Boas Novas, o Espírito Santo foi derramado sobre os gentios, os quais começaram a falar em línguas estranhas e a exaltar a Deus.

Na sequência, todos foram batizados.

O batismo dos gentios com o Espírito de Deus evidencia que tanto Cornélio, quanto sua família haviam crido na obra redentora de Cristo e a recebido sobre as suas vidas; afinal, somente depois que cremos em Jesus é que o Espírito passa a habitar em nós.

Depois de crermos, o próximo passo é que sejamos batizados, e foi isso o que aconteceu com aquele centurião e seus familiares.

O batismo é uma confissão pública da nossa . Por meio dele declaramos à congregação que cremos no senhorio de Cristo, nos arrependemos dos nossos pecados, morremos para a nossa carnalidade, juntamente com Jesus; e nos tornamos novas criaturas em Deus, as quais se santificam e obedecem à sua Palavra.  

Pedro ficou alguns dias com aquelas pessoas depois daqueles fatos, certamente para discipulá-los e consolidá-los na fé cristã.

A exemplo daqueles gentios, nós precisamos, continuamente, aprofundar nossas raízes na nossa fé e na Palavra de Deus, a fim de que não sejamos enganados e nem levados por todo vento de doutrina, bem como para que possamos compartilhá-la aos ímpios que vivem no nosso meio.

Evangelização é Papel da Igreja

Cornélio era homem de oração que temia a Deus. Certa tarde, quando estava orando, teve uma visão: um anjo veio em sua direção e lhe afirmou que tanto suas esmolas, quanto suas orações tinham chegado a Deus. Então, era necessário que ele se encontrasse com Pedro, a fim de que este lhe expusesse as Boas Novas (porque só somos salvos por intermédio de Jesus).

A partir desse relato aprendemos que a evangelização das nações é função da Igreja do Senhor.

O anjo já estava com Cornélio, seria muito mais fácil, rápido e sobrenatural se ele expusesse as Boas Novas de Cristo. Mas, não o fez, porque esse não é o seu ministério.

Pregar o Evangelho é papel da Igreja de Cristo. Todos nós que somos salvos recebemos um chamado de Jesus: ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. (Mateus 28:19-20)

O Apóstolo Paulo, em suas últimas palavras, orientou Timóteo a pregar a Palavra de Deus em qualquer ocasião, a tempo e a fora tempo, ainda que em detrimento próprio, para que, assim como ele, o jovem cumprisse o chamado que recaia sobre a sua vida e, ao final, quando se encontrasse com Cristo, recebesse Dele suas recompensas.

Como discípulos de Jesus, esse mesmo chamado recai sobre as nossas vidas, por isso devemos evangelizar, a tempo e fora de tempo, para que não sejamos cobrados pelas nossas negligências e também recebamos das mãos do nosso Senhor os nossos galardões eternos.

Conclusão

Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Único Filho para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha vida eterna. (João 3:16). Isso significa que a vontade do Senhor é que nenhuma de suas criaturas se percam, mas que todos sejam feitos seus filhos e herdeiros, participantes da glória de Jesus.

Assim, para que o desejo do nosso Pai seja cumprido, devemos anunciar a Cristo a todas as criaturas, sem qualquer preconceito e discriminação.  

Vamos Pensar Um Pouco
  1. Depois de ter sido salvo, você compreende a importância das boas obras? O que você tem feito pra Deus?
  2. Como se deu sua conversão? Alguém te evangelizou anunciando as Boas Novas para você?
  3. Você se considera legalista?
  4. Você entende o chamado de Deus pra sua vida de ir e fazer discípulos? Você o tem cumprido?

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4 comentários sobre “A Conversão de Cornélio

  1. Muito completo este estudo!!
    Parabéns pelo conteúdo simples e bem exposto.. bem enraizado na Palavra o que facilitou a compreensão.. Deus continue abençoando sua vida!!

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